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Capítulo 7

Minha mãe ficou assustada e rapidamente se sentou na cama, me abraçando enquanto me confortava:

- Oh, minha filha, o que aconteceu com você? Tenho certeza de que você foi maltratada pelo Carlos. Amanhã vou lá na casa dos Oliveira exigir uma explicação. Como ousam fazer mal à minha filha...

- Mãe, o Carlos não me maltratou, foi apenas minha emoção, você é tão boa comigo... - Eu abracei a cintura da minha mãe, engasgando com as palavras.

De fato, o Carlos não me maltratou, todas as coisas foram resultado da minha própria vontade e insistência.

Ele era um vilão sincero, e eu era uma admiradora bem tola.

Minha mãe acariciou suavemente minhas costas, suspirando profundamente. Eu era a sua única filha, ela era a pessoa que mais me entendia, como ela não saberia o quanto eu sofri nas mãos do Carlos?

Eu nunca fui uma pessoa chorona, então era impossível que eu chorasse sem ter guardado muitas mágoas no coração.

- E você ainda quer comer panquecas? - Ela me perguntou.

- Sim, estou morrendo de vontade de comer isso há muito tempo... - Eu enxuguei as lágrimas, levantei da cama e segui segurando a mão da minha mãe até a cozinha para comer a panqueca de frango desfiado com catupiry.

Meu pai provavelmente já estava dormindo, então só minha mãe e eu nos sentamos na sala de jantar conversando enquanto comíamos. A panqueca estava deliciosa, comi três de uma vez. Nos últimos anos, tenho comido muito pouco, então comer tanto de repente fez meu estômago inchar e quase vomitar.

Minha mãe batia de leve nas minhas costas:

- Por que comeu tanto? Você não vai conseguir dormir com o estômago tão cheio.

- Estava com muita fome. - Respondi, rindo de forma abobada.

A última vez em que comi com tanto prazer foi na minha formatura, quando eu e as três amigas saímos para comemorar. Depois da formatura, me casei com o Carlos e entrei na vida de uma esposa ressentida.

- Mesmo com fome, você devia comer devagar e parar quando estiver 80% satisfeita. - Aconselhou minha mãe, suavemente.

Eu segurei o braço dela e fiz manha:

- Mamãe, durma comigo hoje à noite. Me conte sobre seus cuidados com a saúde!

Minha mãe concordou imediatamente, sem hesitar.

No dia seguinte, acordei me sentindo incrivelmente relaxada. Comi bem e dormi bem em casa. Depois do café da manhã, fui para o hospital.

Giuseppe estava mexendo no celular. Sua perna não estava quebrada, mas o ferimento na pele era grave, precisou levar pontos e estava enfaixada com bandagens grossas, incapaz de se mover facilmente.

- Por que você veio? - Giuseppe ficou surpreso e um pouco envergonhado. - Na verdade, você não precisa se preocupar tanto comigo, nem precisa vir me ver com frequência.

Ah, mas isso não era possível. Eu sorri, gentil e afetuosa, e me virei para Montes, ordenando:

- Montes, traga tudo aqui.

Montes trouxe uma pilha de suplementos e os colocou ao lado da cama de Giuseppe.

Giuseppe olhou para toda a cena e ficou claramente surpreso e um pouco constrangido. Seu rosto revelou um pouco de embaraço:

- É apenas um ferimento superficial, não é tão sério assim.

- O corpo foi nos dado pelos pais, precisamos cuidar bem dele. Ferimentos superficiais também são ferimentos. - Eu me sentei ao lado da cama, sorrindo.

- Ah, por falar nisso, moça, ainda não sei o seu nome. - Giuseppe perguntou de repente.

- Me chamo Samantha, você pode me chamar de Samy também. - Respondi com tranquilidade, sem achar que esse apelido tinha algum problema.

Giuseppe assentiu com a cabeça:

- Ok, Samy.

Eu conversei animadamente com Giuseppe no quarto do hospital. O pensamento de um estudante universitário era sempre simples e ingênuo. Giuseppe estava no terceiro ano do curso de Engenharia Civil e estava nas férias de verão, ele era um bom aluno que trabalhava para pagar os estudos.

Ele falou sobre o futuro e mencionou sua adorável e bonita namorada. Seu sonho era conseguir um emprego estável depois de se formar e se casar com a garota que ele amava.

Eu dei uma risadinha, um pouco impertinente, e rapidamente me controlei.

Giuseppe me perguntou hesitante:

- Samy, por que você está rindo?

Eu esfreguei levemente a ponta do nariz e continuei gentil como uma brisa primaveril:

- Não é nada, só... Ao te ver, me lembrei dos meus dias de universidade, quando também tinha essas expectativas tão maravilhosas.

- De qual universidade você se formou, Samy? - Giuseppe perguntou curioso.

Olhei para ele profundamente e respondi:

- Universidade Federal de Cidade A.

Falando nisso, eu e Carlos somos veteranos de Celeste e Giuseppe na universidade.

Giuseppe ficou surpreso e animado:

- Samy, estudamos na mesma universidade, você é minha veterana!

Eu fingi estar feliz também:

- Sim, que coincidência, não é mesmo?

Na Cidade A, havia várias universidades, e a Universidade Federal de Cidade A estava entre as três melhores do país. As pessoas que conseguiam entrar aqui, mesmo que não tivessem uma boa situação familiar, pelo menos tinham uma mente afiada. Depois de se formarem, teriam um futuro promissor. Mesmo que não se tornassem ricos e poderosos, poderiam ter uma vida bem confortável.

Se Celeste não tivesse conhecido Carlos, o sonho de Giuseppe teria uma grande chance de se tornar realidade.

Então, Giuseppe e eu continuamos conversando sobre a Universidade Federal de Cidade A. Ele tinha muito a falar, e eu também. Enquanto ríamos e conversávamos, alguém entrou na sala com uma voz clara e agradável:

- Pepe, estou aqui para te ver!

Ao ouvir essa frase, ecoou em meus ouvidos o toque exclusivo do celular de Carlos na vida passada.

A voz era idêntica, o tom era o mesmo.

Eu virei a cabeça e vi Celeste usando um vestido de chiffon branco puro, com os cabelos negros soltos, as pontas naturalmente cacheadas, transmitindo uma aura pura com um toque de feminilidade, encantadora e bonita.

Eu não sentia inveja da sua beleza exterior, mas estar na melhor fase dos seus vinte anos, com toda a vitalidade jovem emanando do seu corpo, me fez sentir um pouco de amargura no coração.

Quando eu tinha vinte anos, já estava secretamente apaixonada por Carlos há três anos. Os melhores momentos da minha vida foram consumidos por esse amor não correspondido que, no fim, me matou.

Por que, na mesma idade, Celeste conseguiu conquistar o amor fervoroso de Carlos, enquanto eu me escondia nas páginas do meu diário teimando obsessivamente?

- Celeste! - Ao ver Celeste, Giuseppe ficou radiante, mas imediatamente sentiu um pouco de culpa. - Ah, se eu soubesse que você viria, não teria te contado, para não te preocupar.

Celeste segurava frutas compradas e caminhava graciosa como um pequeno cisne. Ela reclamou:

- Você é bobo ou o quê? Como pode se machucar e não me contar?

Eu me levantei e cedi minha única cadeira para Celeste.

Eu estava tranquila, porque a seguir terei que ceder Carlos para ela também. O que era apenas uma cadeira?

- Ah, moça da cafeteria, é você! - Celeste de repente me reconheceu e olhou para mim surpresa. - O que você está fazendo aqui?

Bem, porque eu atropelei o seu namoradinho.

Eu sorri constrangida, dizendo:

- Desculpe, eu acidentalmente bati o carro no Pepe. Vim aqui hoje para ver como ele está.

Celeste me olhou, depois olhou para Giuseppe, e surpreendentemente não me culpou, nem culpou Giuseppe. Em vez disso, ela sorriu:

- Que coincidência! Pepe, essa moça tem vindo na minha loja para tomar café com muita frequência ultimamente. Ela é muito legal, deve ter sido um acidente bater em você.

Sua compreensão me deixou sem palavras. Para outra pessoa, talvez tenha sido realmente um acidente, mas no meu caso foi diferente. Eu até escolhi o momento certo para esbarrar nele.

- Eu sei, tenho certeza de que ela não fez de propósito. Ela até me compensou com dinheiro extra, fiquei até envergonhado. - Contou Giuseppe, coçando a cabeça um pouco sem jeito.

- Não, não pode ser assim. É suficiente compensar somente o necessário. - Celeste imediatamente pegou o celular. - Moça, me dê o número do seu Pix, eu vou te devolver o dinheiro extra.

Talvez tenha sido essa atitude digna e indiferente ao dinheiro que atraiu Carlos, não foi?

Uma garota que não cobiçava dinheiro, tinha apenas pureza em seus olhos.

Que droga. Ela sempre conseguia transformar minhas roupas de grife em algo que não valia nada.

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