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Capítulo 4 Filha adotiva

O carro acelerou repentinamente, e a voz de Lorenzo parecia envolta no barulho do vento lá fora:

- Você está com muita pressa?

O que queria dizer com ela estar com pressa?

Ela não precisava se livrar de ninguém para ficar com outra pessoa, e ninguém estava desperdiçando sua juventude esperando por ela.

Tatiana balançou a cabeça, dizendo com seriedade:

- Deve ser você quem está com pressa.

Um sorriso de canto surgiu nos lábios de Lorenzo, e a velocidade do carro gradualmente se estabilizou.

- Eu não estou com pressa. - Disse ele.

Tatiana decidiu ficar em silêncio.

Afinal, ela já havia assinado o acordo de divórcio, e esta noite ela encerraria sua relação com a família Garrote. Daqui em diante, ela não teria mais nenhum vínculo com essas pessoas.

Meia hora depois, o carro parou em frente à Mansão dos Garrote.

Ao longo desses anos, a família Garrote havia se fortalecido no cenário empresarial e se estabelecido nos círculos de elite. Eles tinham muitos apoiadores, e agora, no momento, os carros luxuosos dos visitantes ocupavam praticamente todos os espaços disponíveis na entrada.

Ela saiu do carro, o vento da noite quase a fez tremer de frio. Ao levantar os olhos, viu que o homem de terno de couro já estava indo em direção ao gramado onde estava montado o banquete na mansão. Tatiana teve que apressar seus passos enquanto segurava a saia.

Todos os convidados presentes voltaram seus olhares para Lorenzo.

Rosas estavam ao redor da bela mulher que tocava piano, e ao lado de um bolo de cinco andares, uma montanha de presentes se acumulava. As luzes, juntamente com os olhares das pessoas, seguiram os passos do príncipe em direção à princesa que estava tocando música.

Era como uma cena de novela coreana que fazia o coração das pessoas pulsar de amor.

Agora, se Tatiana se aproximasse, pareceria muito sem noção, então ela já havia diminuído seus passos desde bem longe, tentando se misturar à multidão que observava.

Mas antes que ela pudesse se esconder, Lorenzo parou de repente e se virou, olhando para ela.

Era como se o enredo de um drama estivesse chegando a uma parte emocionante e, de repente, surgisse um comercial.

No entanto, Lorenzo não percebeu nada de errado. Ele olhou para Tatiana, que estava parada na frente da multidão, e disse com as sobrancelhas franzidas:

- Venha aqui.

Todos os olhos dos convidados se voltaram para Tatiana.

As pessoas começaram a comentar, olhando para Tatiana com desprezo em seus olhares:

- Quem é ela? Parece familiar, mas não me lembro de ter visto antes.

- Como você pode se esquecer? É a bastarda da família Garrote, que foi abandonada pelos pais biológicos e trocada na maternidade. A família Garrote a criou como se fosse a irmã mais velha de Carolina. E o que ela fez? Assim que teve a chance, roubou o noivo da Carol. Que nojenta!

- Ah, agora que você disse isso, me lembrei dela. É aquela que o Sr. Borges mandou para o exterior no dia do casamento? Como ela teve coragem de voltar? Se fosse eu, já teria pulado de um prédio e me suicidado, estar viva é apenas uma vergonha. Que coisa azarenta!

Embora não fossem vozes altas, Tatiana, que estava próxima o suficiente, podia ouvir claramente.

Ela permaneceu firme, como se não pudesse ouvir aquelas palavras ofensivas, e não se aproximou de Lorenzo.

Carolina, que estava tocando piano, já havia se levantado assim que Lorenzo fez seu comentário. Ela caminhou elegantemente em direção a Tatiana e perguntou:

- Irmã, quando você voltou ao país? Por que não disse nada à família?

Todos rotularam Tatiana em seus pensamentos: Voltar ao país sem sequer dar um aviso aos pais adotivos? Que mal-educada e desrespeitosa!

Tatiana sorriu, respondendo:

- Voltei ontem à noite e falei com a tia Vitória de manhã. Talvez ela tenha pensado que você não ficaria feliz, então não te contou.

Desde que Carolina voltou, Tatiana mudou a forma como se referia aos pais adotivos da família Garrote. Ela não os chamava mais de pai e mãe, mas de tio e tia.

- Por que eu não ficaria feliz? Agora que você voltou, vou ter companhia, e minha mãe não vai ficar reclamando de mim o tempo todo. - Carolina fez manha para Tatiana.

Tatiana sentiu um calafrio percorrer seu corpo, mas manteve uma expressão firme enquanto pegava uma pequena caixa de presente de sua bolsa, dizendo:

- Feliz aniversário.

- Você ainda preparou um presente para mim, obrigada, irmã! - Carolina pegou o presente com entusiasmo e abraçou Tatiana.

Tatiana ficou completamente paralisada.

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