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Capítulo 9

Fiquei em silêncio enquanto Dixon continuava olhando para mim, esperando por uma resposta.

Corri para descer do ônibus assim que ele parou na próxima estação. Fiquei aliviada ao ver que ele não apareceu. Peguei um táxi de volta para onde estava para pegar meu carro e dirigi de volta para casa.

A vila extravagante parecia extremamente vazia. Sentei-me no sofá, incapaz de me concentrar em qualquer outra coisa além do que Dixon havia dito. "Eu ainda devo um casamento a ela."

Para ser honesta, Dixon realmente devia um casamento à Gwen.

Três anos atrás, Gwen desistiu de Dixon tanto quanto ele desistiu dela.

Mesmo se ela tivesse recusado os três milhões e insistido em ficar na Cidade de Wu ao lado de Dixon, ele teria terminado com ela.

Parecia que não havia certo ou errado no caso deles.

Ele deveria ter dado a ela um grande casamento três anos atrás.

Eu tinha acabado de ocupar o lugar dela e era hora de restaurar tudo de uma vez por todas.

Enquanto eu estava perdida em pensamentos, Summer Jacobs ligou.

Ela era minha amiga e Deus sabia que eu não tinha muitos amigos. Ela administrava uma casa de chá com temática de gatos na cidade de Wu. O espaço aconchegante e relaxante com gatos deambulando vagarosamente. No entanto, o negócio nunca foi bom. Não seria capaz de se sustentar sem meu apoio financeiro.

Segurei o telefone e disse: "Ei, o que houve?"

Ela parecia muito animada. "Lembras-te do salão de música ao lado da nossa casa de chá? Há um concerto de piano esta noite. Ouvi dizer que o músico é um grande artista que voltou dos EUA. Não és tu que gostas tanto de piano? Vem. Vamos lá esta noite."

"Eu só gostava de piano porque Dixon tocava."

O cartão do banco que deixei sobre a mesa chamou minha atenção. Pensando bem, foi uma enorme perda de tempo e energia tentar "comprar" o amor de estranhos na rua. Todo mundo me tratou como se eu fosse maluca. Além disso, eu tive o azar de ter me esbarrado com Dixon enquanto estava agindo como um caso perdido.

Eu não tinha mais nada para fazer com o dinheiro, então achei melhor dar para Summer. Afinal, a casa de chá poderia usar alguns fundos.

Decidi-me e disse: "Estarei aí em uma hora."

Arrumei o quarto para que ele ficasse organizado para que na minha volta o encontrasse pristino. Tirei minha maquiagem e mudei-me para um novo visual. Aliás, eu não tinha muito tempo para ficar bonita.

Finalmente, coloquei um casaco azul até o joelho e peguei um táxi para a casa de chá. Ainda estava nevando afora. Respirei fundo e exalei completamente, criando uma pequena nuvem de névoa no ar. Eu estava pronta para estar em e alto astral e foi mesmo assim que entrei na casa de chá.

Summer imediatamente largou sua xícara de chá e se aproximou de mim. Abraçou-me com força, como se não nos víssemos há anos, depois perguntou com um sorriso: "Como estas hoje em dia? Por que não vens mais tomar um chá?"

Eu menti, dizendo a ela que estava ocupado com o trabalho.

Ela me soltou sem suspeitar de nada. "Senta-te um pouco aqui. Vou pedir a alguém para fazer-te uma boa xícara de chá. Ainda há algumas coisas que eu tenho de tratar. Espera por mim."

Sentei-me em um assento agradável e tranquilo com um gatinho branco no colo. Olhei para os carros e pedestres na rua, todos parecendo exuberantes.

De repente, uma figura esguia chamou minha atenção.

Era a figura de um homem orgulhoso e solitário.

Por alguma razão desconhecida, fiquei chocada. Antes que eu percebesse, as lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Eu encarei avidamente aquela figura. Por um instante, senti que era aquela menina seguindo o homem com quem eu sonhava. A figura se parecia muito com ele, despertando todos os tipos de memórias.

Eu me levantei abruptamente. O gatinho se assustou e saiu a correr. Corri para fora e procurei-o freneticamente pela rua, mas o homem não estava em lugar nenhum. Ele havia desaparecido na multidão como se nunca tivesse existido.

Summer me seguiu com pressa e me viu chorando muito. Ela ficou perplexa e perguntou-me profundamente preocupada: "Carol, o que há de errado? Por que estas a chorar?"

"Era ele..."

"Foi um sentimento tão forte que eu tenho a certeza que não foi um engano."

A figura se sobrepôs àquele homem que viveu em minha memória e em meus sonhos.

" Será que era mesmo Dixon ?!"

"Poderia mesmo ter sido ele?"

Ninguém mais me fez sentir assim além de Dixon.

Quem mais poderia ter sido se eu estivesse realmente enganada?

Ocorreu-me que Cici havia mencionado um concerto antes ...

"Vai ser neste salão de música?"

"Será que isso significa que Dixon está aqui agora?"

Enxuguei minhas lágrimas e me virei para olhar para Summer. Fiquei surpresa ao vê-la chorando também. Eu perguntei: "Summer, porque choras?"

"Carol, porque é que sempre pareces tao triste?"

Ela abraçou-me e continuou soluçando. "Já te vi a chorar tantas vezes. Nem sei por quê. Tu te casaste com o homem que amas há três anos."

Ela estava a se referir ao Dixon.

Eu não tive a chance de contar a ela sobre meu divórcio ainda.

Fechei meus olhos e forcei um sorriso no rosto. "Talvez a neve estivesse fria demais para os meus olhos."

Voltamos para a casa de chá. Encontrei o gatinho branco que estava assustado e o abracei suavemente em meus braços. "Desculpe, eu não queria te assustar."

"Miau." O gatinho esfregou suavemente a cabeça no meu braço, muito doce e fofo. Eu finalmente fui capaz de sorrir genuinamente. "Bom gatinho."

Fiquei na casa de chá até o anoitecer. Infelizmente, Summer estava atrapalhada com outras coisas e não pôde me acompanhar ao show.

Ela me deu os ingressos e saiu correndo para tratar de alguns assuntos pendentes.

Deixei o cartão do banco ao lado de seu laptop e fui sozinha para o salão de música ao lado.

O salão de música já estava lotado. Consegui encontrar meu lugar depois de alguma luta. O jovem casal sentado ao meu lado estava cochichando um com o outro, parecendo meigos e muito apaixonados.

Ouvi a rapariga dizer: "Quando é que vais te casar comigo?"

O rapaz respondeu: "Quando crescermos."

Eu me virei-me discretamente para poder vê-los. Eles pareciam ter cerca de 15 anos.

Dizia-se que o amor naquela idade significava tudo no mundo e seria inesquecível para o resto da vida. Foi exatamente a história da minha amiga Summer.

Ela se apaixonou por alguém na mesma idade. Aquele moço não tinha nada para oferecer a ela, nem uma casa nem dinheiro. No entanto, ela estava profundamente apaixonada e sacrificou muito para estar com ele.

Ela não se importou nem um pouco. Disse-me muitas vezes até, que ele a amava mais do que tudo no mundo. Ela sabia com toda a certeza que ninguém mais ama-la como ele a amava.

Suas palavras ecoaram em minha mente até hoje. "Ele pode parecer ... um pouco desacanhado, mas se o deres uma chance, verás que ele tem uma alma pura. Eu entendo totalmente sua vulnerabilidade e sensibilidade. Posso dizer que ele tem uma grande autoestima. Além disso, ele está disposto a fazer qualquer coisa por amor. Carol, ele não é um homem menos importante do que o seu Dixon. Ele é um homem de bom caráter e muito orgulho.

Ela acabou por estar absolutamente certa. Aquele moço não tinha nada a oferecer, exceto sua própria vida, e ele estava disposto a se sacrificar por Summer sempre que necessário.

Ele a salvou de um acidente de carro.

Ele havia falecido e Summer se sentia vazia desde então.

Ela nunca namorou com ninguém desde então.

Eu, lá sentada, enquanto o show decorria, lentamente ficando entediada.

Quando eu estava prestes a sair, uma melodia com a qual sempre sonhei começou a tocar.

Com lágrimas inundando meus olhos, me virei bruscamente para olhar para o artista sentado em frente ao piano.

Eu vi um par de mãos esguias e lindas dançando sobre as teclas do piano.

"Rua onde reside o vento ..."

"Ele ainda se lembra?"

O homem que tocava a música parecia extremamente gentil, seus dedos dando vida à melodia e transformando-a em uma brisa refrescante da primavera.

Sua figura coincidiu com a do homem escondido nas profundezas da minha memória.

A música terminou cedo demais. Apressadamente fui procurá-lo nos bastidores, mas ele não estava em lugar nenhum.

Um medo indescritível tomou conta de mim. Eu estava com tanto medo de que ele fosse embora para sempre. Eu estava com medo de que ele se casasse com outra pessoa no dia seguinte.

Eu queria me encontrar com ele e deixá-lo saber quem eu era.

Eu procurei-o por todos os bastidores sem sucesso e deixei o salão de música desapontada.

O céu ficou ainda mais escuro e a neve ainda mais pesada.

Demorei-me a vagar pela rua com lâmpadas das bermas de estrada, iluminando a neve sob meus pés. De repente, deparei-me com uma figura esbelta de pé logo à frente.

Fiquei imóvel e levantei a cabeça aos poucos, como se hesitasse em olhá-lo no rosto.

Prendi a respiração enquanto erguia os olhos. Ele estava vestindo um casaco azul marinho na altura do joelho com uma camisola preta de gola alta. Um lenço bege estava enrolado frouxamente em seu pescoço. Era exatamente a mesma roupa que eu tinha visto na outra tarde.

Afinal, tinha sido ele. A pessoa que eu tinha visto na rua movimentada ...

Apertei meus lábios e queria perguntar a ele porque ele escolheu tocar Street Where Wind Resides. No entanto, antes que eu pudesse dizer uma palavra, ele sorriu para mim e disse: "Menina, estás a seguir-me de novo ..."

Ouvindo isso, não pude deixar de morder meus lábios com força até sentir o gosto de sangue.

"Menina ..."

"Isso significa que ele se lembra de mim agora?"

Com lágrimas nos olhos, reuni todas as minhas forças e disse com a voz quebrada: "Dixon Gregg."
Comments (9)
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Marilucia Fatima Moreira
Bom demais
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Marilucia Fatima Moreira
Cadê o resto dos capítulos tô curiosa......................................
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Marilucia Fatima Moreira
lindo mas muito triste tô até chorando queria que ela force feliz e náo morresse ............
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