As pessoas só acabavam feridas de verdade quando deixavam as palavras cruéis dos outros penetrarem fundo, como se abrissem fendas no coração até fazer sangrar.
Dessa vez, porém, Margarida não deu importância ao que Luísa lhe havia dito, por isso não se sentiu abalada nem magoada.
Mesmo assim, o confronto com a mãe tinha sido tenso e, mesmo tentando não se importar, Margarida não pôde evitar certo cansaço, por isso Teresa logo percebeu seu ar abatido quando ela voltou ao quarto.
Ainda assim, tudo isso parecia pequeno diante do que sentia ao falar com Vicente, e sua voz soou mais macia ao falar ao telefone:
— Sr. Vicente, fique tranquilo, nada do que aconteceu vai abalar nosso relacionamento.
Do outro lado da linha, Vicente engoliu em seco. Pela primeira vez, ficou sem resposta.
Ele mal conseguia lidar com a maneira como Margarida falava de confiança, o quanto aquilo o atraía e mexia consigo.
Depois de um instante, sua voz saiu rouca, carregada de emoção:
— Marga, eu quero te ver agora.