##Capítulo 2

Minha irmã, Isabelly.

Quando ela nasceu, todos os outros bebês na sala de parto choraram assim que vieram ao mundo, mas ela não.

Depois disso, minha mãe achou que aquilo era algum tipo de mau agouro e chamou o Mestre Vinicius para ver ela.

Inesperadamente, assim que o Mestre Vinicius entrou pela porta, passou o tempo inteiro me encarando.

Ele disse que a minha configuração de destino entrava em conflito com a dela, tornando o destino dela frágil, e afirmou que eu devoraria a sorte dela.

Por isso, eu precisava sair daquela casa, para que ela não fosse afetada.

Caso contrário, ela não viveria além dos 25 anos.

Desde então, meus pais passaram cada dia pensando em como se livrar de mim.

Talvez eu tivesse sentido isso, por isso tentei de todas as formas agradar a Isabelly, acreditando que assim encontraria uma maneira de continuar na família.

Peguei meu brinquedo favorito e fui até o quarto dela, mas o armário estava lotado com os modelos mais novos de bonecas.

Quando me aproximei, Isabelly olhou para mim e mostrou um sorriso doce e inocente. No momento em que achei que ela também gostava de mim, percebi que estava enganada.

Ela empurrou os blocos de montar à sua frente, se sentou no chão e começou a chorar alto.

Quando meus pais chegaram, correram imediatamente para cuidar dela, e eu fiquei parada ali, recebendo um tapa direto no rosto dado pela minha mãe.

Um zumbido preencheu meus ouvidos, e o sangue escorreu lentamente do canto da minha boca.

Foi nesse instante que eu entendi que eu e ela jamais conseguiríamos conviver.

Depois disso, fui mandada para a casa da minha avó materna, que me criou sozinha.

Dois anos atrás, meus pais de repente disseram que queriam me trazer de volta para casa.

Eu sempre desejei o carinho deles, então aceitei.

De volta ao trabalho, liguei o computador e olhei para aqueles esboços.

A Isabelly sempre estudou dança desde pequena; quando foi que ela aprendeu design artístico?

Perguntei aos colegas, querendo ver os projetos que a Isabelly já tinha enviado para a empresa.

Logo uma colega me enviou um arquivo contendo os trabalhos dela.

Examinei tudo com cuidado, e quanto mais eu via, mais assustada eu ficava.

Todos os projetos eram iguais aos meus.

E alguns eram até rascunhos que eu tinha criado em particular e nunca tinha mostrado para ninguém.

E todos aqueles projetos já estavam sendo divulgados publicamente no mercado.

Eu não conseguia acreditar, como isso era possível?

Alguns daqueles rascunhos eram ideias que eu pretendia usar como minhas primeiras obras quando, no futuro, tivesse dinheiro para abrir meu próprio estúdio.

Somente eu poderia saber disso.

Apaguei depressa meus arquivos do computador, tentando me acalmar e recuperar a clareza.

Eu tinha morrido uma vez e voltado à vida; com certeza havia alguma falha que eu ainda não tinha descoberto.

Desde o ensino médio eu estudava artes, fui aceita na Academia de Belas Artes com notas excelentes e depois me especializei em design de joias.

Eu tinha a base mais sólida e a técnica mais refinada.

Aos poucos, respirei fundo e firmei o coração.

Independentemente do método que a Isabelly estivesse usando, eu faria um novo projeto do zero.

Desliguei o computador, com medo de ser plagiada novamente. Eu não me atrevia mais a usar ele.