O coração de Helena, que estava batendo descontrolado há pouco, finalmente voltou ao ritmo normal. O rubor em seu rosto também havia desaparecido. Ela tossiu duas vezes, tentando disfarçar o constrangimento, e falou com um tom casual:— Então... Estou com um pouco de fome. Que tal pedirmos um café da manhã?Gabriel, com os olhos carregados de um sorriso provocante, respondeu:— Não era você quem queria testar se eu tenho ou não algum problema?Helena balançou a cabeça com tanta força que parecia um tamborim. Ela levantou as mãos em rendição e implorou rapidamente:— Eu errei, tá bom? Errei feio, Gabriel. Eu só falei besteira. Você com certeza não tem problema nenhum!A voz de Gabriel saiu rouca, com um tom que parecia hipnotizante:— E como você sabe, se não testar?Helena baixou a cabeça, encarando as pontas dos próprios pés, mordendo os lábios com nervosismo. Sua voz saiu baixinha, quase como um sussurro:— Eu já sei que errei...Gabriel não conseguiu segurar o riso. Helena tinha a p
O rosto de Helena ficou instantaneamente vermelho. Ela virou o rosto para o lado, tentando desviar o olhar, e gaguejou em tom defensivo: — Você... Você está falando o quê? Eu nunca diria algo assim... Gabriel deixou um sorriso de canto escapar. — É mesmo? — Cla-claro que sim! Como eu poderia dizer uma coisa dessas... na frente de tantas pessoas... — A voz de Helena foi ficando cada vez mais baixa, quase inaudível no final da frase. Droga. Ela parecia começar a se lembrar de alguns fragmentos da noite anterior. Será que realmente tinha dito aquelas coisas? — Eu só falei besteira! — Ela exclamou de repente, tentando afastar qualquer dúvida. A luz suave da manhã entrava pela janela, iluminando o rosto corado de Helena, deixando-a ainda mais constrangida. Helena mordeu os lábios, visivelmente desconfortável. — Você sabe como é, né? Eu estava bêbada e falei coisas sem pensar. Você não vai levar a sério o que uma pessoa bêbada diz, vai? Embora tentasse soar confiante, sua
Confirmando que Helena tinha adormecido profundamente e não faria mais nenhuma travessura, Gabriel saiu do quarto em silêncio, com passos leves, e foi para a sala. O apartamento era simples, com dois quartos e uma sala, mas o outro quarto não tinha cama. Isso deixava Gabriel sem alternativa: teria que se virar no sofá da sala naquela noite. A noite estava tranquila, e ele conseguiu dormir bem, mesmo no sofá. …Na manhã seguinte, o céu começava a clarear. Helena, que tinha o hábito de dormir cedo e acordar cedo, despertou naturalmente no horário de sempre. Porém, o efeito da ressaca a atingiu com força. Sua cabeça latejava e, por alguns minutos, ela ficou sentada na cama, esperando sua mente se organizar. Ela se esforçou para lembrar o que tinha acontecido na noite anterior. Helena recordava vagamente que havia saído com os colegas para um jantar, e que depois foram a um bar. Ela sabia que tinha bebido um pouco, mas o resto era um borrão. Helena lembrou de flashes confusos:
Helena, que antes dormia profundamente, fez um leve biquinho e soltou um murmúrio. Ela agarrou a manga da camisa de Gabriel com firmeza, como se ele fosse sua única âncora. — Você acordou? — Gabriel inclinou-se levemente, apoiando as mãos ao lado do corpo de Helena, olhando para ela de cima com um olhar atento. — Histó... — Helena murmurou com os olhos ainda fechados. Seus lábios se moveram suavemente enquanto ela soltava outra palavra em um tom baixo. — Histó... — Léo? Leonardo? — Gabriel estreitou os olhos, que agora estavam escuros como tinta, com um brilho frio e ameaçador. Ela estava chamando o nome de Leonardo? Gabriel sentiu o sangue esfriar. Era um absurdo que, mesmo bêbada, Helena tivesse coragem de dizer o nome de outro homem. Ele já estava tentando engolir o fato de que, embriagada, ela andava dizendo que ele tinha problemas na cama. Agora isso? Ele franziu a testa, sentindo um desconforto amargo no peito. Como ela podia ser tão sem coração? Gabriel levantou-se,
O coração de Gabriel estava tão mole que ele mal conseguia se controlar. Sua garganta se apertou, o pomo de adão subiu e desceu, e, com a voz rouca, ele finalmente cedeu: — Pode beijar... Só um beijo. No segundo seguinte, Gabriel sentiu um toque quente e macio pousar em seu rosto. Os lábios de Helena deixaram uma marca de batom vermelho em sua pele, adicionando um toque de desordem sedutora à sua beleza impecável. Gabriel parou no mesmo instante. Seus passos congelaram, as pupilas se contraíram e seu coração disparou como se fosse explodir do peito. O lugar onde ela o beijara parecia formigar, e a sensação se espalhou como um choque elétrico por todo o corpo. A proximidade entre os dois fazia com que o cheiro de álcool misturado ao perfume doce de Helena invadisse o nariz de Gabriel, deixando-o completamente atordoado. Sua respiração ficou irregular, e ele lutava para manter o controle. A voz dele saiu baixa, rouca, carregada de emoção: — Helena... Helena estava completamen
A voz de Helena, doce e arrastada pela embriaguez, terminava as frases com uma leve entonação para cima, carregada de uma suavidade que parecia irresistível. O corpo de Gabriel ficou subitamente rígido. Era como se uma chama de desejo tivesse se acendido instantaneamente dentro dele. Lá embaixo, Larissa segurava o celular com os olhos brilhando de entusiasmo. Ela cutucou a colega ao lado, empolgada: — Agora sim, o crush de verdade apareceu! Estamos salvas! Larissa, que adorava navegar na internet, adorava usar expressões cheias de humor. A colega assentiu com vigor, com um sorriso de aprovação: — Eles formam um casal perfeito, lindos demais juntos! Já Mateus, sentado mais atrás, deu um tapa na própria testa, fingindo arrependimento. — Eu sou um idiota. Vim aqui por vontade própria só pra assistir esse show de amorzinho. Gabriel ficou paralisado por alguns segundos, completamente dominado pelo som de Helena chamando-o de amor. Só depois de dez segundos ele finalmente s
Xavier tinha uma expressão um tanto fria. — O que foi? Não é do mesmo círculo, então não faz diferença. Mateus deu de ombros. — É, faz sentido. Gabriel não disse nada, mas, enquanto jogava, seus olhos constantemente voltavam para o celular, preocupado em não perder nenhuma mensagem de Helena. Depois de algumas rodadas, ele ainda não tinha recebido nada de Helena, mas uma mensagem inesperada de Basílio apareceu na tela: [Ouvi dizer que você tem problemas na cama. Confere?] As sobrancelhas de Gabriel franziram, e sua expressão ficou levemente rígida. Mateus, que estava se espreguiçando ao fim do jogo, passou perto de Gabriel e, com sua visão aguçada, leu a mensagem na tela. Ele explodiu em uma gargalhada exagerada: — Hahaha! Não acredito! Isso é sério? Você... Problemas na cama? Gabriel lançou um olhar frio e ameaçador na direção de Mateus. A risada de Mateus morreu na garganta, mas ele ainda tentou segurar o riso, com uma expressão cômica. — Que história é essa? G
Do outro lado, Gabriel estava jogando cartas com alguns amigos. Mateus puxou uma carta, segurando um cigarro entre os lábios, e fez uma provocação: — Eita, que dia especial é hoje? Gabriel, o grande Gabriel, resolveu aparecer pra jogar com a gente? Não foi buscar sua namorada no trabalho hoje? Desde que Helena começou a trabalhar e se mudou para o apartamento na Residência do Lago, Gabriel, sempre que podia, ia até lá buscá-la após o expediente. Já fazia um bom tempo que ele não se reunia com os amigos. Depois do incidente na festa de noivado, quando Gabriel foi hospitalizado, ele e Helena ficaram ainda mais próximos. Desde que recebeu alta, Gabriel encontrava tempo para buscá-la quase todos os dias. Com expressão calma, Gabriel descartou uma carta e respondeu: — Hoje ela saiu com os colegas do trabalho. — Então você foi deixado de lado? — Mateus riu com exagero, o tom carregado de ironia. Sua expressão debochada só tornava suas palavras mais provocativas. — O todo-podero
Gabriel franziu as sobrancelhas, mergulhado em pensamentos. — Parece que a pessoa por trás disso tem mais poder do que imaginávamos. Ele começou a bater os dedos na beirada da mesa, o som seco ecoando pelo silêncio do escritório. — Já foram falar com a família Mendes? Marco respondeu de forma objetiva: — Fomos, mas eles mantiveram a mesma versão de sempre. Disseram que o herdeiro da família Mendes não sabia que Susana era sua pretendente. Alegaram que eles eram apenas conhecidos, nada mais. …Na sexta-feira de manhã, no escritório Costa Advogados, Patrícia, a chefe do departamento de litígios, enviou uma mensagem no grupo geral: [Hoje à noite teremos um jantar do departamento. A participação é voluntária. Avisarei o local e o horário no grupo em breve.] Pouco depois, Larissa mandou uma mensagem privada para Helena: [Helena, você vai hoje?] Larissa tinha uma relação próxima com Helena. Desde o dia em que Helena salvou Larissa de um assaltante, a jovem admirava e agrade