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Ato impensado

Na mesa , de cabeça baixa , Taele mexia no prato. Sem apetite.

 Intrigada , Pillar chegou para consolar.

- Que foi?

              Perguntou com mansidão.

- Eu perdi mocinha.

             Tatá disse simplesmente.

- Perdeu? Perdeu o quê?

- O Patrick.

- Mas como?

            Pillar se alarmou.

- É! Ela está lá.

- Quem?

- Bela! Chegou e pediu que eu deixasse ela e o marido dela a sós.

- Espera aí ! Não acredito que essa mulher teve essa coragem.

- Pois sim! Ela teve.

- Mas meu pai não é marido dela.

- Judicialmente sabemos que sim querida.

- Judicialmente. Mas pode ter certeza absoluta de que ele jamais cederia aos encantos dela novamente. O pai passou anos chorando a ausência dela. Ela fez pai comer o pão que o diabo amassou. E se não me engano, na minha opinião, isso não vai ficar assim. Ele não vai deixar barato.

- O que acha que ele pode fazer?

- Não sei. Mas voltar eles não voltam. Ele está apaixonado por você.

- Como sabe?

- Não percebeu que o velho mudou desde que te conheceu? Se não, basta se atentar ao fato de que ele não perde uma oportunidade de estar perto de você. Pai está vindo aqui quase todos os dias. E nem ouse dizer que é por minha causa , porque quando eu recebi aquela sentença , que me jogaram aqui , ele só vinha aos sábados. Também não me suportava.

- Pillar!

- Mas é verdade. Não que eu tenha ressentimentos. Ele é muito chato, mas vamos nos acertando aos poucos.

- Pelo menos as guerras acabaram.

- Acabaram.

             Pillar concordou rindo.

De repente , as duas ouviram um burburinho intenso , varias vozes ao mesmo tempo e gritos que pareciam ser de dona Iolanda.

- Meu Deus !

           Taele exclamou , levantando-se correu até á janela seguida por Pillar. Tentavam ver alguma coisa. Em vão.

- O que será isso mamãe?

- Não sei! Está acontecendo alguma coisa! Os gritos estão ficando mais fortes. Mas não consigo saber de onde eles veem  vindo.

              Foi quando ouviram a voz de Patrick.

- Meu pai!

             Pillar constatou sentindo arrepios.

- Patrick? Vem Pillar! Vamos ver o que aconteceu! Ele deve estar precisando de ajuda.

            Não.  Patrick não estava precisando de ajuda. Foi o que constataram em choque ao presenciar a cena.

Bela ainda desmaiada , e Patrick feito um louco, provavelmente achando que sim, ela morrera,  cavava vigorosamente um buraco em volta do corpo dela que naquele momento estava encharcado pela chuva torrencial que começara a cair . Mas Patrick seguia cavando. A respiração acelerada além do normal era evidenciada pelo tecido da camisa que grudara , estava ensopado. Lagrimas , suor , gotas de chuva. Ele ignorava tudo aquilo.

Dona Iolanda , ajoelhada ao lado da filha tentava reanimá-la. A terra que Patrick jogava já começava a cobrir parte de uma de suas pernas.

- Papai! O que é isso?

- Patrick! O que aconteceu? O que pensa que esta fazendo?

                 Tatá e Pillar o questionavam.

- Essa mulher precisa voltar para o lugar dela. Alguém tem que ajudá-la e esse alguém sou eu. Ela esta morta. Ah mais de 20 anos morta. E são enterrados que os mortos devem ficar.

               Os peões que lutaram para persuadir Patrick daquele ato macabro , alguns também estavam ali ao lado de Bela.

- Ele matou minha filha. Dessa vez ele matou ela.

              Dona Iolanda acusava , gritando o nome dela.

- Não! Ela não morreu! Está apenas desmaiada.

             Decretou um dos peões.

- Sim. Tem respiração.

            O outro confirmou.

- Oh meu Deus! Meu pai parece que enlouqueceu.

           Pillar sussurrou no ouvido de Taele que a abraçou tremendo da cabeça aos Pés.

- Tirem a minha filha daqui agora seus inúteis e a levem para a minha casa!

          Dona Iolanda exigiu dos peões enquanto Pillar , Taele e Ruizinho que também assistia a tudo, com muito esforço tomaram a pá de Patrick e conseguiram tira-lo dali.

Taele não sabia o que pensar . O empurrou direto para o banheiro , providenciando um banho quente , faria um chá em seguida, para prevenir a gripe. Enquanto pegava uma toalha , se permitiu chorar um pouquinho. Sabia que aquela visita não poderia terminar bem. Como terminaria? Tinha tudo para um fracasso e por pouco , algo muito pior e tomara que sinceramente ele não tentasse loucura maior.

O pânico tomava conta dela. Pillar também estava com os olhos arregalados. Olhava rumo á casa da avó , mas decidiu que não se aproximaria. Só torcia para que Bela ficasse bem logo e deixasse o haras. Junto com todo o tormento que ela representava. Pois depois de tanto tempo longe, ela não tinha o menor direito. Por culpa dela mesma , durante toda a sua adolescência e juventude a rebelde não pôde viver a paz.

          

Laurimeire

No capitulo de hoje Tatá, desiludida , expõe a Pillar o medo de Perder Patrick. Em seguida, as duas assistem em choque , a tentativa do pai da garota , se livrar de uma vez de Bela , que desmaiara anteriormente em decorrencia da tensão do momento

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