Ela aceitou de bom grado. Estava tão exausta que não pôde evitar cochilar até chegar no rancho. E como naqueles livros ela despertou com um beijo , mas não na boca. Na testa.
Abriu os olhos devagar , ainda sem acreditar , tentando entender o que tinha acontecido. Mas nada que a surpreendesse tanto, quanto o quê ouviria a seguir.
- Chegamos?
- Sim Bela adormecida!
- Não acredito que dormi .
- Dormiu. Você está exausta.
- Exausta mas muito satisfeita em ter conseguido ajudar meu cavalo. Estou tão feliz!
- Vocês são dois guerreiros.
- Ele está se curando. Nada disso seria possível sem sua ajuda. Obrigada. Todas as palavras que eu possa buscar não são suficientes para expressar a minha gratidão.
- Gratidão tenho eu por ter conhecido alguém tão especial quanto você.
- Especial? Eu ?
- Sim. Você!
- E será que posso saber por que?
- Mas é claro!
Ela se ajeitou no banco e o Doutor Oliver aproveitou para segurar suas duas mãos, olhando profundamente em seus olhos. Fazendo com que Pillar baixasse os dela , estavam mareados.
- Não vai falar?
Tentou sorrir para disfarçar que estava emocionada.
- Você é especial para mim porque todo esse conhecimento que carrego , nunca me ensinou sobre o amor sem medidas como você menina!
- Sobre o que está falando?
- Estou falando de uma jovem que passou a vida inteira jogada , incompreendida , sem amor da mãe , sem apoio do pai , mas que mesmo assim resolveu se doar e doar o melhor de si, em prol de um animal selvagem , se arriscando , se impondo , rompendo obstáculos para lutar a favor de um bicho inocente. Que encara com brabeza e doçura um árabe indomável , mas que não se sente confortável quando o assunto é o carinho , o sentimento. Foge dele. Parece ter medo.
- Eu tenho.
- Não! Não pode coração. Gostaria tanto que me desse o prazer de tentar mudar isso!
- Você quer mudar?
Os olhos azuis se arregalaram e brilharam , além de surpresa , a rebelde era dominada por uma imensa mistura de sentimentos.
- Quero. Eu quero Sim.
- E como pensa em mudar isso? Pode ser difícil.
- Não me importo.
- Vai me indicar alguma espécie de Terapia?
Ela ainda não entendera.
- Que terapia? Quer namorar comigo?
Pillar ficou em choque. Abriu a boca mas som algum se emitiu.
- O quê? Doutor Oliver , o senhor...
- Ops! Nada de Doutor Oliver! Nada de Senhor! Apenas Oliver! Seu futuro amor.
- Mas é que o senhor...
- Meu Deus! bem que Patrick falou! Nunca vi menina mais teimosa!
- E ele é um chato.
- Cuidado ! Posso contar para ele se não aceitar namorar comigo.
- Pelo visto você adora uma chantagem!
Eles riram e ele a abraçou.
- O que posso fazer? Se estou muito apaixonado e só penso em viver feliz com você? É pecado? Se for , estou pronto para ser punido.
- Não! Não Seu bobo ! Não é!
- Bobo! Agora melhorou!
Ele a fazia rir , a deixava leve , e era o primeiro que a fazia querer morar em um abraço.
- Aceito. Eu aceito namorar com você!
- Ufa! Até que enfim! Quanta demora! Doeu?
- Não! É que eu não imaginava que você poderia querer alguma coisa com uma garota como eu.
- Porque ? Se não sabe , coroas adoram menininhas rebeldes. Vou cuidar muito bem de você.
Foi uma promessa sincera que ele selou com um beijo apaixonado, sendo correspondido de imediato e longamente. O primeiro beijo que ela amou de verdade. Seu coração batia tanto que Pillar tinha medo que parasse. A emoção fez com que tremesse incontrolavelmente. Se sentia uma menininha. O doutor carinhosamente a abraçou e a manteve em seus braços até que ela se acalmasse. Grata, a rebelde então , passou a beijar todo o lindo rosto , conhecendo o toque, apreciando , arranhando a barba levemente e beijando-o de novo. Muito feliz e emocionada , deixou escapar um suspiro profundo.
- Então, vamos falar para Pai?
- Agora.
Ela sorriu e o abraçou mais uma vez , antes que o Doutor Oliver a ajudasse a descer do carro. Pillar exalava felicidade. Foram de mãos dadas até a casa de Tatá. Onde ao chegarem , não encontraram um clima muito agradável.
Algo acontecia entre Bela, sua avó e seu pai.
- Mamãe vamos embora daqui!
Bela implorava para Dona Iolanda , vermelha. A velha não saiu do lugar. Ignorou a filha , mantendo a postura arrogante.
- Dona Iolanda , acho melhor a senhora escutar Bela. Também acho que vocês não tem nada o que fazer aqui. A casa é de Taele , sabemos que ela é funcionária do haras mas, isso não dá o direito de invadirem a sua privacidade. Além do mais, não são bem vindas. Disso eu tenho certeza. Então, Se fizerem o favor de se retirar...
- Não. A minha filha não sai sem antes fazer o que veio fazer aqui.
- Nessa casa não tem nada que pertença a ela dona Iolanda. Nem assunto algum em comum com Tatá. Não que eu saiba.
- Tem. Tem sim. Aqui tem algo que pertence a Bela.
Patrick ficou branco , sem entender. Perdendo a paciência , foi logo se alterando.
- O quê? Posso saber? O que mais planeja? Levar Pillar? Acabar de destruir minha vida? Você levou o meu amor , tem mais alguma coisa para me tirar?
- Tem.
Dona Iolanda , ansiosa em queimar a filha , se antecipou a ela.
- Mamãe!
Bela tentou protestar.
- Tem Vasco!
Dona Iolanda seguiu sem piedade.
- Como?
Dessa vez todos indagaram.
- Vasco é quem queremos. Viemos buscá-lo. Arrume as malas dele. Bela vai levá-lo.
- Levá-lo? Para onde? E pra quê? O que essa mulher poderia querer com ele?
Patrick gritou furioso, as ganas de esmurrar tudo em volta , já tomando conta. Ele , para variar , era contido por Tatá.
- Não! Meu irmão não sai daqui vó. Não gostamos que ele socialize com estranhos.
Pillar sentenciou duramente.
- Eu não sou uma estranha. Vasco é meu filho!
Bela declarou rompendo em lágrimas. Tatá desmaiou . Pillar correu para reanimá-la. Patrick , gelado , continuava no mesmo lugar, olhando fixamente para a mulher com quem passou anos de sua vida , só desejando que naquele momento, ela estivesse morta de verdade.
- Como é que é? De onde tirou essa insanidade agora? Que jogo sujo é esse dessa vez? O que você pretende sua louca? Já não me puniu o suficiente? Acha que mereço qual outro castigo por ter acreditado que você era a mulher da minha vida? Já não paguei o suficiente por ter te amado tanto?
- Patrick , pelo amor de Deus ! Não é insanidade , e também não se trata de jogo nenhum! Vasco é meu filho! Irmão verdadeiro de Pillar.
- Mas como isso é possível?
Taele acordou do desmaio e sentou-se desorientada no sofá.
- Ele é fruto do meu segundo casamento.
- Você se casou de Novo?
- Sim. E mais uma vez não deu Certo. Engravidei do Vasco e assim que ele nasceu , o abandonei no orfanato que eu montei.
- Mas o que ele fez para merecer isso?
- Nada ! Ele não fez nada! Eu sei! O meu relacionamento era muito conturbado , tomei ódio do meu marido , ele era alcoólatra , me batia , me traía , e eu descontei tudo no menino. Tomei raiva , assim que ele nasceu , deixei lá , fiz de tudo para ninguém desconfiar , cuidei de todos os papéis e a diretora pensa que ele é filho de outra pessoa. Eu fiz ela acreditar que a mãe dele jamais voltaria e que ele estava apto para adoção imediata , caso alguém viesse a se interessar. Estou ciente de que isso jamais se faz . Infelizmente descobri tarde demais que eu não nasci para a maternidade.
- Não! Não nasceu mesmo. Você é um monstro ! Uma bruxa ! Uma infeliz!
- Por favor não diga isso! Eu só quero o seu perdão!
- Nunca! Vai embora daqui agora! Some das nossas vidas. Meu filho ! Ele é meu filho! Nunca vai te querer! Eu vou garantir pessoalmente que ele jamais te aceite! E que ele te odeie todos os dias. Não vou estar cometendo mal algum. Muito pelo contrario. Assim vou proteger o menino.
- Para quê tanto ódio? Acalma o coração!
- Bela! O meu pai tem razão! Meu irmão eu não deixo você levar daqui não.
Pillar interviu com garra. Abraçada a Tatá , a consolava.
- Filha! Fica tranquila. Não vim aqui para tirá-lo de vocês. Tudo ia ficar como está. Eu só revelei porque minha mãe estava me pressionando muito. Achava que eu deveria lutar com mais garra por tudo que eu abandonei! Mamãe na verdade tem esperança em unir a minha família. Mas peço que não se desespere ! Eu não vou tirar Vasco de vocês.
- Que família? Não ! Ela está enganada. Família de verdade eu e meu Pai fizemos agora. Eu , ele , Tata e meu irmão. Vamos viver nós 3 . Inclusive eles em breve estão se casando. Meu pai me prometeu.
- Que sejam felizes... só quero perdão! Me arrependi de ter feito mal a esse inocente . Eu não sabia que Patrick o tinha adotado! Quando Castanha sofreu o acidente , minha mãe me inteirou. Me aconselhou a contar a verdade , e lutar para talvez conquistar vocês dois de volta.
- Nunca!
Pillar afirmou.
- Eu sei querida! Só quero fazer um pedido especial! Que o façam muito feliz e que não falem mal de mim pra ele.
- Muito feliz ele vai ser.
Patrick garantiu abraçando Tatá e a filha.
- Que ótimo.
Ela suspirou baixando a cabeça , desgostosa.
- Bem! Acho que a senhora não tem mais nada a fazer aqui.
Tata pela primeira vez opinou.
- Tem sim!
Patrick contestou irado e determinado.
- E o que é ?
Todos perguntaram juntos.
- O DNA. Quero saber se essa mulher está falando a verdade. Eu tenho o direito de saber se Vasco tem mesmo o sangue de Pillar.
- Se você faz questão , sem problemas .
Bela concordou docilmente. Pronta para deixar a casa. Dona Iolanda ainda tentava impedi-la.
- Tudo bem para você Pillar?
- Lógico que sim Pai!
- Que bom.
Assim que saíram , Patrick desabou. Tomou uma decisão: assim que ficasse pronto o resultado do DNA , Bela se tornaria enfim , uma falecida. Aquele era o único jeito de enterrá-la de uma vez por todas.
- Calma meu querido. Você vai vencer mais essa! Não vou te abandonar.
Tatá o tranquilizou , abraçando-o forte e beijando- o com muito carinho.
- Não me abandona nunca mesmo? Nunca ? Por favor!
- Nunca ! Meu amor fica tranquilo.
- Como eu amo essas duas mulheres que tenho ao meu lado!
Emocionado , ele beijou e abraçou cada uma delas. Naquele dia dormiram todos exaustos. Ainda viria muita emoção por aí.
A expectativa dominava a todos. Bela , Vasco e Pillar fizeram o exame e tudo se confirmou . O menino era sim filho dela . Era irmão legitimo de Pillar. O fato foi muito Comemorado. O rapazinho passou pelo processo sem traumas , não tinha idade para entender nada. E como prometido , o nome de Bela nunca foi mencionado a ele.Os dias seguintes começaram a fluir luz. Enfim Castanha apresentou significativa melhora. Dentro de mais 3 dias, receberia alta. Doutor Oliver era excelente veterinário, mas era também, médico do coração, pois cuidava de Pillar como ninguém.O tempo passou. Patrick e Tatá trocaram alianças e já esperavam um bebê. Era uma menina, e se agitava bastante na barriga da mãe. A mesma se encontrava agora na arquibancada de um haras internacional , onde Pillar competia saltos , montada em Castanha. A torcida era imensa.O pai não c
Ela aceitou de bom grado. Estava tão exausta que não pôde evitar cochilar até chegar no rancho. E como naqueles livros ela despertou com um beijo , mas não na boca. Na testa. Abriu os olhos devagar , ainda sem acreditar , tentando entender o que tinha acontecido. Mas nada que a surpreendesse tanto, quanto o quê ouviria a seguir. - Chegamos? - Sim Bela adormecida! - Não acredito que dormi . - Dormiu. Você está exausta. - Exausta mas muito satisfeita em ter conseguido ajudar meu cavalo. Estou tão feliz! - Vocês são dois guerreiros. - Ele está se curando. Nada disso seria possível sem sua ajuda. Obrigada. Todas as palavras que eu possa buscar não são suficientes para expressar a minha gratidão. - Gratidão tenho eu por ter conhecido alguém tão especial quanto você. - Especial? Eu ? - Sim. Você! - E será que posso saber por que? - Mas é claro! &nbs
Alegria para o coração da mocinha rebelde que chegou na clinica e encontrou castanha de Pé! Seu coração dava pulos de alegria.- Ele está curado? Já pode ir pra a casa? Ela perguntou ansiosa ao doutor Oliver.- Não. Ainda não. Hoje começamos com a fisioterapia. Preparada para ajudar?- E o que eu posso estar fazendo?- Vou te explicar. E com muita paciência doutor Oliver explicou que Castanha poderia ter lesões secundarias , mais graves que as primeiras se ele ficasse parado na cocheira. Por isso eles o colocariam em movimento. Um movimento de constância e direcionado.- O castanha pode se lembrar que sentiu essa dor? Que sofreu esse acidente?- Sim. O cavalo &e
Patrick resolveu se afastar do haras. Não cogitava a possiblidade de conviver perto de Bela e ela estava presente demais. Portanto, ele optou por voltar ao rancho só aos sábados como no começo . O dia em que ela se ausentava. Pela primeira vez na vida ele e Pillar sentaram-se na varanda da casa de Tatá , descontraídos batiam um papo cabeça e tomavam cerveja. Algo que ele nunca imaginou vivenciar. Constrangido , ele balançou a cabeça , lamentando o tempo perdido. Por outro lado , estava completamente encantado com a filha. Ela era uma garota espetacular. Bela versão dois. Elas tinham tudo e ao mesmo tempo nada a ver e isso o deixava impressionado. Ele roubou dela o ultimo pedacinho de tira-gosto: queijo assado com jiló e pedaços de fígado. A rebelde bateu o pé , pirraçando. Ele gargalhava alto. - Assim não vale não ! - Perdeu perdeu ! Sua comilona! Achou o quê? Que eu ia deixar tudo isso para você? Comeu muito mais do que eu! Direitos tem que ser iguais.
Dois dias depois estavam eles de volta ao rancho que virou um caos sem os serviços da moça. Pillar, focada na recuperação do seu animal praticamente passara a morar na clinica e as tarefas foram deixadas de lado , mesmo porque já havia sido absorvida. No haras , corria boatos de que dona Iolanda pretendia demiti-la e assim , matar dois coelhos com uma cajadada só , como diria o ditado.Afastando Taele de seus serviços , a afastaria do rancho e também de Patrick. Assim , o caminho estaria novamente aberto para Bela tentar reconquistar os sentimentos adormecidos, restaurar o casamento falido e unir a família e viverem felizes para sempre. Algo que ocorreria em um conto de fadas , mas não na vida real. Tatá se sentia de pés e mãos atadas. Não sabia o que fazer , não sabia se o que ouvira se tratava apenas de conversas, ou se havia um fundo de verdade. Fato é
Patrick tirou umas cartas da manga e fez do filminho com Tatá uma autêntica sessão de cinema com direito a pipoca , brigadeiro. Até dividiam o mesmo cobertor. Que romântico. Eles faziam maratona de filmes de amor , daqueles bem açucarados, tanto que a caixa de lenços da moça já estava pela metade. A intenção do pai de Pillar era deixar a crush no clima e dessa vez ele apostava tudo para conseguir. Até massagem no pé o cara fazia. Apesar de que precisaria muito mais para conquistar o coração dela. Encantado e curioso ao mesmo tempo ele observava cada detalhe ďela. Como gostaria que aquela fosse a verdadeira mãe de seus filhos. Se tivesse tido na vida uma esposa como Taele , com certeza Pillar não teria crescido rebelde e vasco nunca teria sido jogado no orfanato. A loira nao teria essa coragem. Os dois filhos cativaram o amor dela , ele rogava conseguir também.