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Capítulo 7

Julieta queria se esconder.

Mas Francisco já havia aberto a porta do carro e descido.

Os passos do homem não eram lentos nem rápidos, sua voz carregava uma ponta de irritação.

- Já se divertiu o suficiente? – Perguntou Francisco, parado na frente dela, com uma expressão imperturbável, olhando de cima para baixo.

- Não foi diversão. – Respondeu Julieta, não olhou para ele.

O olhar de Francisco ficou mais pesado.

- Então, Sra. Julieta, você realmente quer ir embora com Gustavo? Desde quando isso começou? – Questionou Francisco.

O canto dos lábios de Julieta se moveu de leve.

- Você está enganado. Sou eu que quero ir embora, não tem nada a ver com outra pessoa. – Disse Julieta.

- Razão. – Disse Francisco.

Julieta finalmente levantou os olhos, encontrando o olhar dele.

- Eu quero me casar, Sr. Francisco. – Respondeu Julieta.

- Você está falando sério? – Questionou Francisco, os olhos deles se estreitaram.

- Sim, estou. Muito sério. Já tenho vinte e sete anos. – Disse Julieta.

Francisco acariciou o rosto dela com a grande mão, seus olhos emitiam uma luz perigosa.

- Há alguém adequado? – Perguntou Francisco.

- Ainda não, mas não importa se há ou não, eu quero sair. – Disse Julieta, depois de um momento de silêncio.

- Ganha dinheiro suficiente? – Continuou Francisco, olhando para ela com sobrancelhas erguidas.

Julieta deu um sorriso amargo.

Seguir ao lado dele por dinheiro sempre foi sua parte mais vergonhosa.

Ele, no entanto, continuava lembrando ela disso várias e várias vezes.

Não sabia o tamanho do esforço que ela precisou para manter a compostura diante dele, mas ela apenas sorriu para ele.

- Ainda não, mas se ganhar dinheiro entrar em conflito com casamento, eu escolho o casamento. – Respondeu Julieta.

- Consegue se separar de mim? – Perguntou Francisco, franzindo a testa.

- Se não conseguir, e daí? Você se casaria comigo? Se casaria e teria filhos, Sr. Francisco, você faria isso? – Retrucou Julieta, encarando ele diretamente.

Ela pensou que, contanto que ele dissesse uma palavra, mesmo que fosse um vago “sim”, um “sim” distante no futuro, ela realmente não poderia escapar, ficaria presa a esse homem pelo resto da vida.

Mas Francisco permaneceu em silêncio, não disse uma palavra, apenas a expressão cada vez mais fria indicava sua postura.

Ele deu dois passos para trás, observando Julieta de cima a baixo.

- Sra. Julieta, eu sempre achei que você fosse bastante inteligente. – Comentou Francisco.

Julieta sentiu uma pontada de dor no coração.

Entendeu o significado de Francisco. Uma mulher inteligente não procuraria problemas desse tipo.

Se fosse antes, ela não teria se metido nisso.

Mas, infelizmente, ela estava grávida.

- Desculpe, Sr. Francisco, eu sou apenas uma pessoa comum. – Respondeu Julieta, encarando o olhar dele.

- Se for assim, então não vou insistir. – Disse Francisco, se virou e partiu.

Quando a figura dele desapareceu, Julieta, com o rosto pálido, chamou um táxi à beira da estrada.

No hospital, Olívia já estava esperando por ela.

- Vamos, vamos fazer os exames primeiro. – Disse Olívia.

Julieta seguiu Olívia até a sala de ultrassom.

Quando saíram, a expressão de Olívia não parecia muito boa.

- O que houve? – Perguntou Julieta, sentindo de repente uma sensação ruim.

Olívia franziu a testa ao falar.

- Eu me lembro que você sempre teve cólicas menstruais, certo? – Perguntou Olívia.

- Sim. – Respondeu Julieta, o corpo dela estava tenso.

A vez em que caiu no mar aos dezessete anos coincidiu com seu período menstrual.

A água gelada do mar no inverno era penetrante, quando ela voltou, teve dores abdominais intensas por vários dias.

Depois disso, toda vez que menstruava, sentia dores insuportáveis.

- Juli, seu corpo não é adequado para um aborto. – Avisou Olívia.

Julieta apertou com força os dedos, olhando para Olívia.

- Por que? – Perguntou ela, depois de um tempo.

- Fazer esse procedimento agora pode acabar afetando sua capacidade de ter filhos no futuro. – Respondeu Olívia, encarando ela.

A cor sumiu aos poucos do rosto de Julieta. A mão que segurava a ordem para o ultrassom ficou cada vez mais tensa.

- Meu corpo está com algum problema? – Perguntou Julieta.

- Bem, sua chance de engravidar dessa vez já estava numa probabilidade muito baixa. Seu corpo realmente tem algumas questões, a camada do endométrio está significativamente mais fina do que o normal. – Explicou Olívia. Depois de uma pausa, ela acrescentou. – Eu acho que você deveria reconsiderar.

Julieta colocou a mão sobre o abdômen.

Seu coração estava uma bagunça momentânea.

No início, ela estava decidida a interromper a gravidez, mas pensar que no futuro poderia não conseguir ter mais filhos fez ela hesitar.

Silêncio pairou por um momento, ela suprimiu a dor em seu peito.

- Ok, eu vou pensar sobre isso. – Falou Julieta.

- Você tem certeza de que não há nenhuma possibilidade com aquele cara? – Perguntou Olívia, observando ela.

Julieta sorriu, o sabor amargo estava prestes a transbordar de seus lábios.

- Realmente não há nenhuma possibilidade. – Respondeu Julieta.

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