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Capítulo 2

Author: Monteluz
Do dia pra noite, virei a vagabunda da vez. Uma devassa, sem vergonha, crucificada pela internet.

Enquanto isso, ele e Isadora... eram os pobres inocentes.

— Eu assino. Mas com uma condição. — Disse, depois de um longo silêncio.

Caetano levantou os olhos, me encarou por um segundo e logo assentiu.

Me passou a caneta.

Peguei. Assinei.

Sem drama. Sem hesitar.

— Não vai ao menos ler o acordo? — Ele franziu a testa.

Sorri, de leve:

— Não precisa.

Ele tinha praticamente saído de mãos abanando. Me deixou tudo: imóveis, ações, até os carros.

Tudo... pra pagar a “dívida” que tinha com Isadora.

— Amanhã, vê se consegue um horário no cartório.

— Tá bom. — Respondi.

Quando pegou de volta os papéis, a mão dele vacilou.

Me olhou, meio perdido.

Mas não falou nada.

Na hora de ir embora, Isadora olhou pra trás.

Sussurrou, sem som, mas eu li nos lábios dela: "Você perdeu."

Sim, eu perdi.

Perdi uma vida inteira.

Por isso... dessa vez, eu não quero mais perder.

Minutos depois, meu celular vibrou.

Uma mensagem de Caetano:

"Sei que hoje foi difícil pra você. Desculpa. Quando tudo isso passar, quero fazer uma nova cerimônia pra nós. Vamos nos casar de novo. Não posso deixar a Isadora afundar de novo na depressão. Você entende, né?"

Li aquilo… e comecei a rir.

Os olhos ardiam.

Na vida passada, foi igualzinho.

Caetano ficou bêbado, chamou amigos pra bolar um jeito de me forçar ao divórcio.

Esqueceu que um dos amigos também era meu.

Lúcio Moreira tentou convencer os dois lados. Tentou me fazer entender o lado de Caetano.

Disse que ele era grato. Que devia muito ao pai da Isadora.

Disse que sem aquele investimento inicial, Caetano não teria chegado onde chegou.

Eu, chorando, ainda tentei argumentar:

— Ele podia ter explicado isso ao público. Por que precisava me divorciar?

Lúcio ficou em silêncio.

Mais tarde, me contou o que Caetano tinha dito:

— Em toda escolha, alguém sai perdendo. E a Aurélia me ama. Ela vai entender.

Porque eu amava ele, então era justo me sacrificar?

Que lógica é essa?

Ainda bem que agora… eu tenho uma segunda chance.

Quando o assunto era Isadora, Caetano sempre resolvia tudo rapidinho.

No mesmo dia em que assinamos o divórcio, à noite, ele já tinha uma coletiva marcada.

Mandou o assessor me convidar pra participar.

Nem respondi.

O assistente, achando que eu ia negar, apressou-se:

— Sra. Aurélia, o Sr. Caetano pediu que eu dissesse que a coletiva é importante. Mesmo que não seja por ele… é pela sua imagem.

Fiquei um segundo parada.

Depois… dei um risinho.

Era uma ameaça disfarçada.

Ele queria repetir o que fez na vida passada: me jogar pros lobos, pra que eu me curvasse diante da multidão faminta.

E eu, mais uma vez, me perguntava:

Será que Caetano me via como esposa? Ou como inimiga?

Agora, ele queria limpar a barra dele. E achava que eu ia deixar barato?

A coletiva aconteceu no saguão do hotel mais luxuoso de Cidade Solvíria.

A imprensa presente era da alta — veículos influentes, colunistas de peso.

Quando Isadora entrou com Caetano, de braço dado com ele, usando um vestido deslumbrante… as câmeras explodiram.

Os jornalistas correram pra cima.

Caetano, gentil, a protegeu com o corpo. Sorriu, bloqueando os microfones:

— Um momento, por favor. Vou responder a todos. Só deem espaço agora, tá bom?

A voz dele, mansa.

Naquele instante, ele levantou o rosto… e me viu.

Estava cercada por repórteres do outro lado do saguão.

Nossos olhos se encontraram.

E, por um segundo, uma parte de mim… ainda esperava que ele viesse até mim.

Que ele me tirasse dali.
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