Depois que Larissa saiu, Mônica, Dolores e eu ficamos conversando até que, meia hora depois, Heitor e seus pais apareceram. Heitor, ciente da nossa boa relação com Larissa, veio nos cumprimentar junto com seus pais.- Samy, Mônica, Dolores, vocês vieram.- Claro que viemos, o noivado da Lari é um evento importante - Respondeu Mônica.Minha atenção, porém, estava voltada para os pais de Heitor. O pai dele parecia bem, sorrindo, mas a mãe de Heitor tinha uma expressão séria, quase infeliz. “Como alguém pode ter essa expressão em um dia tão feliz?” me perguntei.Larissa também apareceu com seus pais.- Tio e tia - Cumprimentou Heitor, sorrindo para Larissa, que retribuiu o sorriso.Mônica, Dolores e eu cumprimentamos os pais de Larissa, com quem já éramos mais familiarizados, enquanto os pais de Heitor, que encontrávamos pela primeira ou segunda vez, pareciam um pouco distantes. Ouvi dizer que eles sempre viveram em sua cidade natal, um tanto distante.Após as saudações, Larissa e Hei
- Pare o carro aí, tenho um assunto para resolver e não vou voltar agora. - Eu disse de repente.- Para onde você vai? - Perguntou Carlos.- Melhor não nos intrometermos nos assuntos pessoais um do outro. - Respondi, desafivelando o cinto de segurança com um tom frio.Carlos me lançou um olhar gelado e parou o carro ao lado da estrada. - Desça.Imediatamente, saí do carro e, sem olhar para trás, caminhei até a calçada. O carro de Carlos acelerou ao meu lado, partindo sem a menor hesitação."Se fosse Celeste quem tivesse saído do carro zangada, ele não iria embora, certo? Não, ele nem mesmo permitiria que Celeste saísse."Bati na minha cabeça, frustrada. Por que ainda me comparava com Celeste? Afinal, Carlos não me via da mesma maneira que a via.Depois de pegar um táxi, disse cansada: - Me leve ao bar mais próximo.Dez minutos depois, cheguei a um bar.Estava vazio à tarde.Me sentei sozinha, pedi algumas garrafas de bebida e comecei a beber, mergulhada em solidão.De repente, me le
Giuseppe estava trabalhando, logo não podia beber muito. Não insisti, apenas mantivemos uma conversa casual.Ele disse: - Samy, da última vez você me emprestou vinte mil, ainda tenho oito mil restantes. Vou te devolver esse valor agora e, quanto aos doze mil restantes, trabalharei em bicos para te pagar. No próximo semestre, começarei meu estágio e, assim que encontrar uma empresa decente, devo conseguir juntar o dinheiro rapidamente.- Já vai começar o estágio? - Me surpreendi.- Vou me formar em junho do ano que vem e a Céu também estará no último ano. - Giuseppe parecia reflexivo sobre o tempo passar tão rápido. - O tempo realmente voa.Fiquei em silêncio, me lembrando de quando estava na universidade e fingia encontros casuais com Carlos, mas agora já estou quase nos trinta.Nesse momento, outras três figuras se aproximaram de nós e reconheci Hugo imediatamente. Que azar, ele e Douglas junto com João também vieram a este bar? Que coincidência infeliz.- Pepe, vá cuidar do seu t
Ainda não era hora de revelar minhas cartas, e eu estava determinada a manter o controle da situação.- E se ele perguntar por que estou tão próximo de você, como devo justificar? - Indagou Hugo, prevendo a pergunta de Carlos, a quem conhecia muito bem.- Você não é médico? Qual é a sua especialidade? - Perguntei.- Cardiologia. - Respondeu Hugo.- Dr. Hugo, meu estômago está doendo muito, suspeito de gastrite. Na próxima vez, vou precisar da sua ajuda! - Exclamei, segurando meu estômago e exagerando a atuação por alguns segundos.Após isso, notei uma sombra obscurecendo o rosto habitualmente inexpressivo de Hugo, como se uma entidade sombria o tivesse dominado.Ele falou com um semblante sombrio:- Isso não faz parte da minha área de atuação.- Mas quando Giuseppe estava no hospital com um problema que não era cardíaco, você cuidou dele da mesma forma, não é verdade? - Insisti, confiante. - Médicos existem para salvar vidas, independentemente do paciente. Você não tem ética médica?-
Cheguei correndo ao hospital e marquei uma consulta com o especialista, Hugo. Após uma longa espera na fila, finalmente chegou a minha vez. Ele olhou para mim e apontou uma cadeira ao lado.- Se sente um pouco.Me sentei obediente ao lado, enquanto Hugo já chamava o próximo paciente. Hugo, em seu trabalho, mantinha uma seriedade marcante. Usava óculos de armação dourada, exalando cultura. Ao ouvi-lo conversar com os pacientes, me tornei ainda mais convencida de uma coisa: um homem como ele não deveria competir com Carlos por Celeste. Ele merecia alguém melhor. Por que se rebaixar daquela forma?Após cerca de dez minutos, Hugo falou:- Pode ir agora.Sem perguntar nada, me levantei e saí. Liguei para Montes e, meia hora depois, ele estava me esperando na entrada do hospital. Entrei no carro e ele questionou, preocupado:- Senhora, está se sentindo mal?- Meu coração está desconfortável - Respondi casualmente.- Fez algum exame? - Ele insistiu.- Deve ser falta de descanso - Disse,
Após sair do escritório, tomei um banho rapidamente e desci para jantar.Carlos já estava sentado à mesa, comendo silenciosamente, sem qualquer intenção de me esperar.Ainda não me acostumei a jantar sozinha com ele; o ambiente era opressivo e silencioso, sem espaço para conversa.Nesse momento, o celular dele tocou. Lancei um olhar rápido e fiquei sem palavras.Por que Celeste sempre liga quando estou com Carlos?Se não fosse pela minha "segunda vida", suspeitaria que ela tivesse colocado uma câmera de vigilância perto dele.Celeste falava algo agitadamente ao telefone.Conseguia ouvir sua voz, mas não o conteúdo.Carlos apertou a testa, com uma expressão sombria.- Já lhe disse que, se precisar de dinheiro, pode me procurar. Quanto quer? Diga.Essas palavras me deixaram atordoada, como se eu tivesse voltado ao passado, quando Carlos me perguntou:"Quanto quer para se divorciar? Diga!"Palavras semelhantes, mas com significados completamente diferentes.Celeste disse algo mais e então
- Mais vale ter vários homens à mão do que qualquer outra coisa. - Compartilhava Mônica, com sua experiência de rainha.Dolores lamentava:- Eu trabalho até tarde todos os dias, onde acharia tempo para isso? Já é um milagre não ter sido morta de raiva por aqueles inúteis da empresa que só sabem comer.Com uma máscara nos olhos, eu tentava descansar, ouvindo as três conversarem. Acabei adormecendo sem perceber.Após o pouso do avião, pegamos um hidroavião para a ilha.A vista do caminho era deslumbrante.- É tão bonito. - Exclamou Larissa, ao chegarmos à nossa villa sobre as águas turquesas. Vendo o mar azul cristalino e o céu pintado de beleza, ela se empolgou. - Decidi, vou passar minha lua de mel com Heitor aqui!- Vejam a rainha dos mergulhos! - Mônica, com estilo, se despiu até o biquíni e mergulhou na piscina privativa ao ar livre.Dolores e Larissa também se juntaram, e as três começaram a brincar alegremente.Eu permanecia deitada na espreguiçadeira, mexendo no celular, vendo a
Não muito longe, se encontrava o antigo bairro da família de Celeste, onde uma multidão se reunia, fervorosa e agitada, gritando palavras de ordem.Alguns erguiam faixas com os dizeres “Protesto contra os especuladores” e “Recusa à demolição”.Calculei mentalmente o tempo; na minha vida anterior, a reestruturação da fábrica química por Carlos, que iniciaria a demolição e expropriação, aconteceu cerca de seis meses após ele começar a perseguir Celeste.De fato, após o renascimento, alguns pontos no tempo haviam mudado.Olhei para o portão distante da fábrica química, empurrei a grande porta, e atrás dela se estendia uma fábrica de oitenta mil metros quadrados.Era bem conhecida na Cidade A, sustentava numerosos trabalhadores e até impulsionava a economia local, transformando uma área desolada em um elo entre cidade e campo.Além de Carlos, ninguém mais ousava reivindicar esse lugar.Desviei o olhar e disse:- Vamos embora.O carro prosseguiu e, ao cair da tarde, cheguei à casa dos meus