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Capítulo 3

Author: Adeus à Lua
Parece que Leonardo acabou de perceber que sua namorada ainda estava ali. Como se acordasse de um longo sonho, ele retirou a mão que estava em volta da cintura de Camila e deu dois passos para trás.

Os amigos de Leonardo, ao seguirem seu olhar, também perceberam que Helena ainda estava ali e começaram a ajudar a amenizar a situação.

— Vamos lá, vamos continuar jogando. Camila, já que você não está bem, melhor não beber. Se perder, pode escolher Verdade ou Desafio.

— Boa ideia, vamos de Verdade ou Desafio então.

Após se acalmar, Leonardo voltou para o sofá.

Ele achava que Helena ficaria com ciúmes e faria uma cena, mas Helena não disse nada.

O modo como ela parecia tão indiferente fez Leonardo sentir uma estranha sensação de inquietação. Ele sentia que algo nela havia mudado.

O silêncio pairava entre eles.

Leonardo hesitou, querendo explicar alguma coisa, mas foi interrompido pelos gritos e risos vindos de longe.

— Camila, você perdeu de novo! Vai escolher Verdade ou Desafio desta vez?

A atenção de Leonardo foi novamente atraída para Camila. Seus olhos ficaram fixos nela.

— Eu escolho Desafio.

Camila virou a cabeça, olhou para Leonardo e, com um sorriso enigmático, curvou os lábios.

— Vamos, vamos, as cartas de 'Desafio' estão todas aqui, pode escolher! — Alguém pegou um maço de papéis.

Camila escolheu aleatoriamente uma carta, e a pessoa que a abriu arregalou os olhos de surpresa.

O olhar dele circulou entre Camila, Leonardo e Helena.

Algumas meninas curiosas se aproximaram para ver.

— O que saiu? Me conta!

Uma das meninas também ficou surpresa ao ver o que estava escrito na carta. Todos ficaram curiosos.

— O que saiu?

— Fala logo, o que está escrito?

— Escolher aleatoriamente uma pessoa do sexo oposto para beijar.

O rapaz leu o conteúdo da carta e rapidamente lançou um olhar furtivo para Leonardo.

Como esperado, assim que Leonardo ouviu isso, uma expressão de frieza tomou conta do seu rosto.

A temperatura da sala caiu imediatamente para um nível congelante.

Camila, no entanto, parecia não perceber nada, levantou-se com um sorriso travesso e se dirigiu a um homem bonito que estava ali perto.

— Felipe, você se importaria de me beijar?

Felipe deu uma olhada rápida para Leonardo, que parecia prestes a matar alguém, e ficou paralisado, sem saber o que fazer.

Quando Felipe não respondeu, Camila se aproximou, passando o braço ao redor do pescoço dele, pronta para beijá-lo.

— Chega!

Leonardo gritou com raiva, não conseguindo mais se controlar, e puxou Camila pela mão, saindo rapidamente da sala.

Os outros na sala se entreolharam, e logo todos os olhares de simpatia se voltaram para Helena.

Helena pegou um copo de suco na mesa, deu um gole e sorriu desinteressada.

— O que estão me olhando?

As pessoas desviaram o olhar, algumas continuaram a beber, outras a conversar, fingindo que nada havia acontecido.

Helena tomou mais um gole do suco, sentindo seu coração se esfriar lentamente.

Na sua lembrança, Leonardo parecia não se importar com nada. Era a primeira vez que ela o via tão descontrolado.

Quando o suco acabou, Helena foi ao banheiro. Do outro lado da porta, ela ouviu algumas garotas conversando perto da pia.

— Leonardo surtou! Deixou a namorada aqui e foi embora com Camila.

— Isso só mostra que ele se importa mais com Camila do que com a namorada.

— Sim, vocês viram como ele ficou quando Camila ia beijar Felipe? A cara dele estava tão feia.

— Eu vi! A coitada da namorada dela, só observando o namorado perdendo a cabeça por outra mulher.

— É, bem triste. Ela é só uma substituta.

— Eu acho que Leonardo e Helena não vão durar muito. Até um cego vê que quem ele ama é Camila.

— Pois é, eu também...

A garota foi interrompida quando viu Helena saindo do banheiro através do espelho. Ela rapidamente fechou a boca.

As outras duas meninas também viram Helena, e sem dizer mais nada, abaixaram a cabeça e saíram apressadas.

Helena foi até o espelho e, calmamente, lavou as mãos.

Sim, ela e Leonardo realmente não estavam longe de terminar.

Mas não seria ele quem pediria o término, nem seria ele quem não a queria mais. Era ela quem não o amava mais. Era ela quem não o queria mais.

Quando Helena voltou para a casa de Leonardo, já eram onze da noite.

Ela estava exausta, e logo que tomou um banho e se deitou, adormeceu rapidamente.

Leonardo voltou no dia seguinte à tarde. Ele abriu a porta do quarto e viu a mala aberta e espalhada pelo chão. Seu olhar se encheu de confusão.

— O que você está fazendo?

Helena apareceu por trás do armário e olhou para ele.

— Você voltou. Eu vou voltar para minha cidade por um tempo.

Ela tinha muitas coisas, afinal, morou ali por dois anos. Algumas roupas, sapatos e outros pequenos objetos poderiam ficar para trás, mas precisava arrumar tudo e jogar fora o que não iria levar para a cidade J.

Quando fosse embora, não deixaria nada que fosse dela para trás.

Logo depois de dizer isso, seu olhar encontrou a marca vermelha no pescoço de Leonardo, e ela ficou paralisada por um instante. Mas rapidamente desviou o olhar, como se nada tivesse acontecido.

Ela já havia perdido todas as esperanças em relação a Leonardo.

Portanto, com quem ele se envolvia não tinha mais nenhuma importância para ela.

Quando Leonardo ouviu isso, franziu a testa.

— Por que de repente quer voltar para sua cidade? Ainda está brava por causa do que aconteceu ontem? Vai voltar para sua cidade para me evitar?

— Não, não é isso. Eu só estou com saudade dos meus pais, quero ir vê-los.

Ao ouvir a resposta de Helena, Leonardo relaxou a expressão.

— É bom voltar para ver seus pais.

Nos últimos três anos, Helena nunca tinha voltado para sua cidade natal.

Até mesmo durante o Ano Novo, ela sempre passava sozinha.

Ele não poderia abandonar a família para passar o Ano Novo com ela, e muito menos levá-la para sua casa.

Porque ele sabia que a mãe dele, Sra. Maria, jamais aceitaria uma garota sem uma boa família como ela.

Após uma pausa de alguns segundos, Leonardo continuou:

— Só que eu estou muito ocupado recentemente, não vou poder te acompanhar até sua cidade. Quando é o seu voo? Eu mando o motorista te levar ao aeroporto.

Helena pegou algumas das suas roupas favoritas, as colocou na cama e começou a dobrá-las cuidadosamente para colocar na mala.

— Não precisa se incomodar. Eu chamo um carro, e já tem alguém para me levar.

Ao ouvir isso, Leonardo soltou um suspiro imperceptível de alívio. Ele tinha medo que Helena disse que queria levá-lo junto para sua cidade para conhecer os pais dela.

Já estavam namorando há três anos, e, se fosse um relacionamento comum, já seria hora de conhecer os pais e começar a pensar em casamento.

Mas ele não era uma pessoa comum.

Ele era o único filho da família Mendes, herdeiro único do Grupo Mendes.

A diferença entre as famílias era um abismo que eles jamais conseguiriam superar.

Leonardo sabia muito bem que ele e Helena não teriam um futuro juntos.

Portanto, não havia necessidade de conhecer os pais.

Felizmente, Helena também compreendia isso e não insistiu para que ele a acompanhasse para sua cidade.

Pensando nisso, Leonardo mais uma vez se surpreendeu com a compreensão de Helena.

Na noite anterior, ele, impulsivo, a havia deixado para trás e fugido com Camila, pensando que Helena ficaria irritada com ele no dia seguinte. No entanto, ela não chorou nem fez cenas, o que o deixou aliviado.

Três anos de namoro, e Helena nunca foi como as outras mulheres, não ficou fazendo cobranças ou brigando com ele quando ele se envolvia com outras pessoas.

Nesse momento, as palavras de um bom amigo de Leonardo ecoaram em sua mente.

— Os dois podem estar com você. Se você se sentir culpado com a Helena, basta comprar alguns presentes para ela, as mulheres são fáceis de agradar.

Talvez ele realmente pudesse considerar se casar com Camila e manter Helena como amante.

Afinal, um homem de sua estatura, com sua posição social, como ele, jamais encontraria outra mulher como Helena, uma garota comum.

Helena o amava tanto que não conseguiria deixá-lo.

Quando ela voltasse para sua cidade, ele conversaria com ela de novo.

Leonardo disse:

— Então, tome cuidado na viagem, me avise quando chegar em casa, e quando voltar para a Cidade H, me avise também. Eu vou te buscar.

Helena abaixou os olhos, respondeu suavemente:

— Tá bom.

Ela não voltaria.

Ela pensou isso consigo mesma.

Leonardo ainda queria dizer algo, mas o celular dele tocou. Ele atendeu o telefone.

Alguns minutos depois, Leonardo desligou e disse a Helena:

— Eu preciso sair, o que aconteceu ontem foi minha culpa, não deveria ter te deixado sozinha lá. Eu comprei um presente para você, mais tarde meu assistente vai entregar.

Helena respondeu de forma indiferente.

Leonardo não disse mais nada e se virou para sair.

Ele não tinha saído há muito tempo quando Helena recebeu uma mensagem de Gabriel.

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