Felícia chorava tanto que mal conseguia continuar a falar. — Eu… Eu… — Soluçou, sem forças para completar a frase. Larissa, com expressão preocupada, passou a mão suave nas costas da menina, tentando acalmá-la. — Dra. Helena, o Noah está internado no hospital agora. Esse acidente foi claramente um caso de acidente de trabalho. Mas a fábrica não pagou nenhuma indenização. O patrão só deu dois meses de salário e dispensou ele. Agora, o Noah está desempregado e não recebeu nada do que é direito: nem a compensação por invalidez, nem o auxílio para reabilitação profissional, nem a indenização pelos custos médicos. Felícia voltou a chorar ainda mais alto, com lágrimas escorrendo sem parar. — Eu sei que não tenho muito tempo de vida… Mas meu irmão ainda tem um longo caminho pela frente. Ele gastou tudo o que tinha para pagar o meu tratamento. Agora, sem a ajuda da fábrica, ele nem consegue mais pagar as contas do hospital. Dra. Helena, por favor, me ajude! Helena sentiu o coração
Helena baixou os olhos para a tela do celular e viu o nome de Larissa no identificador de chamadas. Ela atendeu imediatamente. — Dra. Helena, você pode passar aqui no escritório? Tem uma coisa que eu gostaria de te pedir ajuda. — Disse Larissa, do outro lado da linha. Helena ajustou o tom de voz, tentando soar calma. — O que aconteceu? Larissa foi direta e explicou a situação em poucas palavras. Ao ouvir, Helena franziu o cenho, e uma expressão preocupada tomou conta de seu rosto. — Me espera, estou indo agora. Ela encerrou a ligação, pegou a bolsa e se levantou apressada. — Meninas, aconteceu uma coisa. Preciso ir. Vamos deixar para nos encontrarmos outro dia, tá? Inês estreitou os olhos e cruzou os braços, com uma expressão desconfiada. — Sério mesmo que tem um compromisso? Ou você só está fingindo para escapar das nossas perguntas? Helena balançou a cabeça, exausta, e mostrou o registro da chamada para Inês. — Não estou mentindo. É sério. Inês deu de ombr
— Gente, meu irmão ainda me mandou um vídeo. Vocês precisam ver! — Disse Inês, enquanto desbloqueava o celular. Ela abriu o vídeo e o colocou bem na frente de Júlia. — Naquela noite, o Gabriel foi buscar a Helena no bar. E a Helena? Segurou ele como se a vida dependesse disso e ainda queria beijar ele na frente de todo mundo! Inês ria descontroladamente, com um olhar zombeteiro. — Quem diria, hein, Helena? Você, que sempre foi tão certinha, fica assim toda solta quando bebe. Amiga, te conheço há anos e nunca vi esse seu lado! No vídeo, Helena aparecia visivelmente embriagada, agarrada ao Gabriel e falando em um tom meloso que dava arrepios nela mesma só de assistir. — Gato, me dá um beijinho... Por favor, só um beijinho... No presente, Helena estava tão envergonhada que queria desaparecer no chão naquele momento. — Aaaaaah! — Ela gritou, com o rosto completamente vermelho. — Que vergonha! Apaga isso! Apaga agora esse vídeo! Ela esticou a mão para pegar o celular, mas
Gabriel empurrou Helena gentilmente na direção do banheiro. — Helena, vai logo lavar o rosto e escovar os dentes. Depois de se arrumar, Helena se sentou à mesa de jantar. Gabriel havia preparado bife acebolado, costelinha de porco assada, moqueca de camarão e sopa de cogumelos trufados. Eram os pratos favoritos de Helena. Sem ter comido nada no café da manhã, seu estômago roncava de fome. Ela pegou os talheres e começou a comer com vontade, saboreando cada pedaço. Gabriel, sentado à sua frente, observava-a com os olhos cheios de carinho. Seus lábios estavam curvados em um sorriso leve, e o olhar transbordava ternura enquanto ele a via se alimentar. — Está bom? — Perguntou ele com a voz suave. — Hmm! — Helena assentiu com a cabeça. — Sempre que você cozinha, fica perfeito. É do jeito que eu gosto. Ela ergueu os olhos para ele e sorriu. — Gabriel, come também. Não quero que você fique com fome. Gabriel deixou escapar uma risada baixa, a voz carregada de um tom brincal
Gabriel ficou parado de costas para Susana, com a postura ereta e o contorno de seus ombros firmes e frios destacando-se na penumbra do porão. Ele ouviu em silêncio as lamentações dela sobre os horrores que havia sofrido, mas sua expressão permaneceu inalterada, sem revelar o menor traço de emoção. Susana continuava chorando, a voz entrecortada por soluços desesperados: — Todos os dias eu pensava... Eu preciso resistir, eu tenho que sobreviver, porque só estando viva eu poderia ver você novamente. Se eu morresse, nunca mais teria essa chance... Gabriel, por favor, eu imploro, fique comigo. Eu estou à beira da loucura. Toda vez que fecho os olhos, só consigo ver aqueles monstros me violentando. A dor que eu sinto aqui dentro... — Ela apontou para o peito, com as mãos trêmulas. — É mil vezes pior do que qualquer dor física. Ela chorava mais intensamente a cada palavra, a voz abafada por soluços. — Fique aqui um pouco mais, fale comigo, nem que seja para me xingar. Por favor... Nã
No terceiro dia da viagem a Vale Sereno, Gabriel recebeu uma ligação de Alex, um de seus homens de confiança. Ele informou que Susana havia sido encontrada. Por coincidência, Helena também já estava cansada de passear e queria voltar para casa e descansar por alguns dias. Assim, os dois arrumaram as malas e retornaram para Cidade J. Susana, que havia fingido estar grávida e, após ser liberada do centro de detenção, foi sequestrada pelos capangas de Beatriz, tinha sido levada clandestinamente para o País C. Beatriz havia prometido a Susana que a ajudaria a fugir, fornecendo moradia e emprego no exterior. Porém, essas promessas não foram cumpridas. Em vez disso, Beatriz ordenou que seus homens a vendessem para um esquema de fraudes telefônicas no País C. Lá, Susana sofreu abusos diários, vivendo uma vida pior do que a de um animal. Os homens de Gabriel a localizaram. O chefe do esquema de fraudes conhecia Gabriel e sabia do poder da família Costa. Com medo de represálias, entrego