Capítulo 0002

Magnus rapidamente abriu a marmita e colocou-a na mesa pequena, organizando cuidadosamente a colher, o guardanapo e o copo d'água.

— Esta é água morna e aqui está o seu pastel de nata favorito. Coma primeiro, vou descascar o ovo para você.

Aceitei seus cuidados sem culpa. Desde que o vi pela primeira vez, aos 15 anos, quando foi trazido pelo meu avô, Magnus se tornou meu mais fiel amigo.

Depois de comer alguns, senti que a dor no estômago aliviou.

Quando levantei os olhos, vi Magnus com os olhos úmidos.

— Você nem imagina, quando ouvi que você sofreu um acidente de carro, quase morri de susto.

Seus lábios tremiam, a voz engasgada.

Meu nariz imediatamente se encheu de emoção.

Diante de um acidente, quem não sentiria medo?

Eu tive sorte de não me machucar gravemente.

Eu não queria que Gustavo e Bruno se preocupassem, então pensei em brincar fingindo amnésia para provocá-los.

Mas quem não tem amor por mim se preocuparia?

Em poucos dias, recebi alta.

Insisti em explicar ao médico que, além de Gustavo e Bruno, lembrava-me de todas as outras pessoas e coisas.

Depois de receber alta, o médico disse a Gustavo que minha amnésia era temporária, causada pela concussão, e que eu recuperaria as lembranças com o tempo.

Voltei para a casa que dividia com Gustavo.

A sala estava repleta de uma bela música de piano.

Teresa e Bruno tocavam juntos.

Quando terminaram, Teresa levantou o polegar em aprovação: — Nosso pequeno pianista é incrível!

Bruno corou e riu: — É porque você ensina bem.

Uma cena de mãe e filho felizes.

Eu subi as escadas sem mudar a expressão.

Quando Bruno me viu, o sorriso desapareceu de seu rosto.

Teresa levantou-se rapidamente: — Sra. Soares, como está sua saúde?

Fiquei de pé na escada e acenei com a cabeça para ela: — Estou quase recuperada. Vocês podem continuar.

Não sinto antipatia por Teresa, apenas ciúmes.

Teresa não é a terceira pessoa no meu casamento com Gustavo.

Ela era o primeiro amor inesquecível de Gustavo.

Mesmo casada com Gustavo, há uma frase que diz tudo.

‘Quem não é amado é que é a terceira.’

Quando Gustavo tinha dezoito anos, no auge de sua juventude, foi a primeira vez que o vi gostar intensamente de alguém.

No mês passado, o Grupo Pinto declarou falência, e Teresa foi forçada a voltar ao país.

Teresa gastou toda sua poupança tentando cobrir as dívidas do Grupo Pinto, mas, como especialista em música, era difícil encontrar um trabalho bem remunerado no país.

Gustavo a encontrou e a contratou como professora de piano de Bruno, pagando-lhe 60 mil reais por mês.

— Nova mamãe é tão boa! Eu amo muito a nova mamãe. — Bruno disse em voz alta na sala de estar.

— Sr. Bruno, eu não sou... por favor, não me chame assim. — Teresa olhou para Bruno, um pouco embaraçada.

Bruno, frustrado, abraçou carinhosamente a perna de Teresa: — Se você continuar me chamando de Sr. Bruno, vou ficar bravo. Você deve me chamar de Bruno!

— Você é muito mais gentil que minha mãe, eu gosto muito de você!

Ele olhou na direção do quarto no andar de cima, viu que eu não tinha saído, e continuou: — Você não pode morar na minha casa? Eu quero acordar e ver você. Meu pai já concordou. Por que você não quer morar na nossa casa? É tão luxuosa, você pode ter tudo o que quiser.

Gustavo realmente sugeriu que Teresa morasse conosco. Havia muitos quartos, e não precisaria se incomodar indo e vindo, especialmente porque Teresa estava sem dinheiro.

Mas Teresa insistiu em alugar um apartamento fora, recusando a oferta de Gustavo.

— Sr. Bruno... Bruno, você deve continuar a praticar a música de hoje.

Bruno balançou a cabeça, determinado a fazê-la morar em nossa casa.

— Você tem medo da minha mãe? Não se preocupe, eu e papai vamos proteger você. Ela sempre faz o que meu pai diz, não vai te causar problemas.

Bruno é meu filho, ele é esperto. Sabe exatamente como me atingir.