Era 9 da noite. Pillar estava no rancho , mas sua mente estava na clinica. Saiu de lá deixando seus pensamentos e o coração todo com Castanha. Só queria seu árabe de pé! Com todo aquele glamour e espirito selvagem. Ansiava voltar a praticar saltos com ele . O animal transformou sua vida. Ela se via de repente , frente a um ser que lhe inspirou entregar um sentimento puro, uma parceria de verdade. O cavalo lhe despertara também , senso de responsabilidade. E Pillar jamais imaginou se ver mudada como estava agora. Talvez , se não fosse aquele acidente, ela até o momento ainda seria aquela jovem revoltada , rebelde , que apenas queria viver a sua vida loucamente. Sem pensar duas vezes , ela pulou da cama , pegou seu cobertor e foi procurar uma das responsáveis por muitas de suas mudanças.
Sorrindo, bateu na porta do quarto de Tata.
- Pode entrar filha! A porta está aberta.
Assim Pillar o fez. Empurrou e encostou-se nela.
- Oi.
Sorriu.
- Oi meu amor! Vem cá!
A sintonia , o amor , carinho e dedicação entre as duas era cada vez maior. Sentando-se ao lado da loira na cama, Pillar a abraçou.
- Noticias de Papis?
Perguntou descontraída.
- E não? Estava eu aqui, quietinha lendo meu romance , de repente , chega uma mensagem de texto dele.
- Falando o quê? Lê para mim? .
- Claro querida. No texto estava escrito assim: “Minhas meninas”, no caso eu e você. “ Não se preocupem comigo. Estou bem.” E ponto final. Só isso. Simples assim. E eu aqui quase morrendo , de tanto pensar em mil coisas que poderiam ter acontecido com ele. Ah quer saber! Esse homem me irrita.
Pillar ria divertida.
- Vocês se amam.
- Eu? Amar o Patrick!
- É! Admite Tata. Vai dizer que não acha ele um coroa bonitão? Vai dizer que ele não te deixa com as pernas bambas quando te pega daquele jeito!
- Pillar!
Tata estava corada.
- Calma. Não precisa ficar assim tão envergonhada. Tudo bem, eu não toco mais no assunto. Eu... só vim saber mesmo se eu posso dormir aqui hoje com você? Não quero ficar essa noite no meu quarto sozinha.
- Logico criança! Eu te abrigo.
A moça fazia carinho no cabelo dela e antes de trança-lo para dormirem, ainda deu um beijo maternal em sua testa.
Depois Pillar deitou-se no canto , enrolada no cobertor e poucos minutos já estava adormecida. Assim foram as duas até o outro dia.
Bem cedo , dona Iolanda informou para a neta, carrancuda. - Você tem visitas. Melhor se arrumar. E a olhou de cima a baixo. - Bela? Ela veio me ver? - Não. Não é sua mãe. Aquela ingrata que até hoje não veio me ver. - Não a julgo. Disparou corajosa. - O que disse sua menina insolente? - Não vó! Não disse nada! A senhora que deve ter ouvido algo a mais. Bem , com licença. Vou ver quem me chama. - Vê se não demora. Está te esperando lá na quadra. Curiosa , a jovem correu até lá e com o coração na mão , viu que era o doutor Oliver amigo de Bela , profissional tão atencioso que ajudava a cuidar de Castanha. Com a s
Pillar chegou no rancho e se jogou no sofa.- Ih menina! Você está com cara de quem viu passarinho verde.- Eu saí com o Doutor Oliver . Ninguém mais ninguem menos. Ele me convidou para tomar café. Veio aqui.- E quem é esse doutor Oliver?- Médico veterinario . Faz parte da equipe da mulher que me deu a luz.- Querida, você coloca as coisas de uma maneira tão peculiar.- Mas é verdade.- E esse Doutor Oliver, te deu boas noticias? Quando nosso campeão vai voltar para a casa?- Ele não disse mas de toda a maneira Castanha vai começar a fazer fisioterapia na semana que vem e ele me sugeriu ajudar.- Que legal filha.- Tenho medo de não conseguir. Nunca cuidei nem de mim mesma.-Mas pode ter certeza que o amor te guia. Pillar querida.- Sim?- Eu ...- Fala mamãe . O que aconteceu?- Estou a alguns dias com uma coisa na cabeça.- E o que é?- Não sei como te dizer.- Fala! Está começa
Pillar se calou gelada , concordava , mas simplesmente não conseguiria imaginar como seria a sua vida sem Castanha. Decidiu então a partir daquele dia , que faria simplesmente de tudo pelo bem do seu cavalo e não o perderia. Lutaria por ele como Bela lutou por Bonito , mas a diferença era que jamais permitiria que Castanha fosse assassinado. Sabia que a avó era a responsável por toda a infelicidade que ela passava no momento. Por algum motivo dona Iolanda odiava o animal e a própria neta e queria tirar ambos de seu caminho. Com qual finalidade? Ela pensava enxugando as lágrimas. As vezes desconfiava que não estava em seu caminho ser feliz. Cresceu a vida inteira sem mãe , uma mãe que fez todos pensarem que estava morta. Cresceu ao lado de um pai que pouco a compreendeu ou apoiou. Se meteu em vários problemas , tentava inconscientemente suprir aquele vazio com bebidas eaquele relacionamento pra lá de frustrado. Quando finalmente tudo mudou , ela teve que apr
Patrick saiu do seu mundinho para dar a Pillar o apoio que sempre negou. Disposto a recuperar o tempo perdido, ele e o Doutor Oliver a acompanhavam. - Pillar, fiz novos exames no seu cavalo. Aqui está. A jovem , ao receber uma pasta com aquele monte de papéis , apenas folheou confusa. - Mas eu não entendo nada! O que significa tudo isso? - Ele continua na mesma. Eu sinto muito. - Não! Pillar , saiu do consultório do Doutor em disparada. Patrick fez questão de detê-la. - Espere. Deixa ela. É o momento dela! Ela precisa! Vai por mim. Não vamos atrás. Tenho certeza de que ela não vai fazer nenhuma besteira. O Doutor conseguiu que Patrick não a impedisse e assim
O pai de Pillar estava cada vez mais presente na vida dela e na de Tatá. Procurando se inteirar mais sobre o meio equino e o ambiente que fazia parte da vida da filha e também de sua futura namorada, no dia seguinte ele fez um convite totalmente inesperado para a loira. - Ei! Um dos peões acabou de me avisar que nasceu um potrinho. Que tal se for comigo conhecê-lo? Adoraria dar as boas vindas. - É sério isso? Taele perguntou , seus olhos brilharam. O rosto afogueado. - Sério. - Sim. Podemos ver ele sim. Deixa eu só reabastecer as rações, encher os cochos de feno , Tosar a Dolly ... o que mais? Ah preparar o Tigrão para receber ferraduras novas. Aí a gente vai. - Você tem mesmo que fazer tudo isso? - É pouquinha coisa. Já terminei metade. - Posso te ajudar? - Se quiser mesmo vou agradecer.
- Patrick , eu estava me sentindo pressionada.- Pressionada?- Sim! Não aguentava mais você me prendendo! Me vigiou a gravidez inteira!- Cuidei! Pelo bem da nossa filha.- Sabe que nunca gostei de me sentir podada. Meu trabalho era a minha vida. Eu amava meus cavalos. Era cuidando deles que eu me realizava e você quis tirar isso.- Eu só pensei em nós.- Patrick a culpa toda foi sua.- Espera aí! Minha?- Você não quis enxergar que eu tinha direito a minha individualidade. O fato de você me amar não te dava o direito de me querer só para você. Querido , não duvide nunca do amor que senti por você. Mas não me deixou outra alternativa.- O que foi que você disse? Espera! Será que não consegue ver que o que esta me dizendo não faz o menor sentido? Me amava e se fingiu de morta para se livrar
Na mesa , de cabeça baixa , Taele mexia no prato. Sem apetite. Intrigada , Pillar chegou para consolar. - Que foi? Perguntou com mansidão. - Eu perdi mocinha. Tatá disse simplesmente. - Perdeu? Perdeu o quê? - O Patrick. - Mas como? Pillar se alarmou. - É! Ela está lá. - Quem? - Bela! Chegou e pediu que eu deixasse ela e o marido dela a sós. - Espera aí ! Não acredito que essa mulher teve essa coragem. - Pois sim! Ela teve. - Mas meu pai não é marido dela. - Judicialmente sabemos que sim querida. - Judicialmente. Mas pode ter certeza absoluta de que ele jamais cederia aos encantos dela novamente. O pai passou anos chorando a aus
- Realmente Patrick. Você é muito egoísta.- Desculpa! Está bom? Desculpa.- Para quê pedir desculpas ? Relaxa! É a sua opinião e infelizmente, parece que vai ser para sempre. Ela desviou o olhar . Não aguentava encarar a expressão perdida do amado. Porque sim. Tinha que admitir. O amava. Patrick olhava para ela como se pedisse socorro. No momento ele estava tão inseguro e tão indefeso quanto a filha. E vê-lo assim , fazia seu coração doer.- Tatá! Me ajuda! Por favor! Me tira daqui, me tira desse lugar. Pediu agitado, naquela mania de andar em círculos , como um leão enjaulado.- Mas para onde a gente