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Capítulo 2

Author: Rios de Nuvem
— Além do mais, ainda temos que preparar um monte de coisas para o nascimento do bebê. Com a Paula aqui, você pode cuidar da gravidez tranquilamente, sem precisar se preocupar demais, não é?

A contragosto, ela fez beicinho e me fuzilou com os olhos antes de dizer:

— Então, por enquanto, vou deixar você ficar na casa da Família Ribeiro. Mas você ainda não pode andar no carro dele. Pegue um táxi para voltar!

Luís franziu os lábios, olhando para mim com uma expressão de impotência e constrangimento.

— Paula...

Era sempre a mesma história.

As palavras de Inácia pareciam um decreto imperial.

Nesses nove meses, não importava quão absurdas fossem suas exigências, ele sempre me pedia para ceder.

Hoje, eu não podia nem mais andar no carro dele.

Eu sorri, dei um passo para trás e disse com indiferença:

— Eu pego um táxi.

Inácia entrou no banco do passageiro com um ar de superioridade.

Ele segurou minha mão secretamente, olhando para mim com culpa.

— A Inácia está muito ansiosa com a gravidez, vamos ser mais compreensivos com ela. Afinal, o bebê na barriga dela é o único descendente do meu irmão. Eu realmente não posso deixar que nada aconteça com ela. — Ele continuou justificando as atitudes de Inácia. — Querida, eu sei que você está sendo injustiçada. Espere ela dar à luz, e nós casaremos de novo e nunca mais nos separaremos! Eu juro!

Antes que eu pudesse responder, a voz irritada da Inácia soou de dentro do carro:

— Luís!

Como se tivesse levado um choque, Luís soltou minha mão rapidamente e entrou no carro.

Do início ao fim, eu permaneci em completo silêncio.

O meu coração ficava mais calmo à medida que o carro se distanciava.

Nosso primeiro divórcio foi porque queríamos comemorar nosso aniversário de casamento e fomos ver um filme sem levá-la.

O segundo divórcio foi porque a pulseira de jade dela quebrou.

O terceiro foi porque ela sonhou com o irmão falecido.

Logo, veio o quarto e o quinto divórcio… Cada motivo era mais absurdo que o anterior, mas Luís sempre caía na dela.

Nesses meses, eu tentei conversar com ele inúmeras vezes, e até fiz escândalos como Inácia.

Mas todas as vezes, ele apenas me observava surtar com uma expressão vazia, depois me dava bolsas de grife e segurava minha mão, dizendo em um tom suave:

— Paula, eu não te culpo por não entender a situação. Mas você precisa saber que, agora, temos que colocar a Inácia em primeiro lugar.

— Só posso pedir que você aguente mais um pouco. Mas eu juro, depois que o bebê nascer, eu não vou mais mimá-la. Teremos uma vida boa juntos. Apenas aguente mais um pouco, ok?

Promessas vazias muitas vezes perdem o valor.

Eu já não tinha mais forças para lidar com isso.

Respirei fundo e peguei o celular para fazer uma ligação.

O telefone foi atendido no primeiro toque, e uma voz gentil soou do outro lado.

— Minha netinha querida, estava com saudades do vovô?

Meus olhos ficaram vermelhos instantaneamente, e eu lutei para conter um soluço.

— Vovô, eu me divorciei do Luís. Por favor, mande alguém me buscar amanhã. E mais uma coisa, cancele todas as parcerias da nossa família com o Luís. Quero cortar os laços com ele de forma definitiva.

Vovô ficou chocado. Afinal, ele sabia o quanto eu amava Luís.

Eu era a herdeira de uma família rica, e ele tentou me dissuadir de todas as formas, mas eu insisti em me casar. Então, ele só pôde ajudar a apoiar Luís secretamente.

Agora, a carreira dele estava decolando, mas nosso casamento havia chegado ao fim. Vovô ficou feliz, mas sabia que eu devia ter sofrido muito, e seu coração doía por mim.

— Minha querida neta, amanhã o vovô irá pessoalmente te buscar.

Meia hora depois, eu finalmente cheguei em casa.

Assim que entrei, vi minhas roupas empilhadas na sala.

Estavam espalhadas por toda parte, como se tivessem sido simplesmente jogadas para fora.

Meu coração apertou e caminhei em direção ao closet.

De longe, ouvi as risadas de Luís e Inácia vindo de lá.

— Luís, eu não quero só comprar muitas roupas para o bebê, quero comprar muitos sapatos também. Que tal a gente jogar os sapatos da Paula fora?

Luís respondeu:

— Compre. Compre o que você quiser. Desde que você esteja feliz, as coisas da Paula podem ficar em qualquer lugar. Você decide. — Seu tom era carinhoso e extremamente gentil.

Cautelosamente, abri a porta e então vi que o meu antigo closet estava cheio de coisas de bebê..
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