O jardim tinha muito estilo, e Isabela aparecia com um visual esportivo típico de família tradicional, mas sem a imagem engessada de uma mulher que, naquela idade, já deveria parecer sóbria e rígida.O jeito como andava lembrava mais o de uma jovem, livre, solto, mas ainda assim firme e estável. Esse equilíbrio era sutil, quase imperceptível, um presente do tempo, a serenidade de quem já aprendeu a ver as coisas como elas realmente são.Ela também os viu, lançou um olhar rápido de cima a baixo nos dois e então avançou a passos largos, acompanhada por uma mulher de idade próxima.Dante já havia avisado que se tratava de Josefina Esteves, braço direito de Isabela. A presença dela transmitia calma, aquele tipo de força suave que só o tempo dá, um poder tranquilo que vinha de dentro pra fora.Quando Isabela acelerou o passo, Josefina logo a acompanhou.Luana, na pressa de observar, não teve tempo de reparar bem no rosto de Isabela, mas a impressão já era de uma mulher belíssima. Virou-se
Luana ergueu a mão, observou e comentou:— Ficou bonito.— Se você gostou, já valeu a pena. — Respondeu Dante, retomando a direção. Como sempre, dirigia com calma e firmeza.Ela acompanhava o fluxo de carros à frente, Luana pensava em Isabela. Dizer que não estava nervosa seria mentira, mas com Dante ali, não havia muito do que ter medo. Ele não era como Henrique.Sem querer, lembrou-se da própria fuga atrapalhada na noite anterior.Não sabia se Dante havia reparado, mas pensar nisso agora a fazia sentir vergonha, parecia exagero da própria parte.Resolveu com ela mesma, agiria como se nada tivesse acontecido, manteria o mesmo ritmo de sempre com Dante. Só que, na prática, seu corpo ainda não obedecia tão bem quanto queria.Aquela experiência, no entanto, servira de aprendizado. Agora estava mais equilibrada, pronta para se adaptar melhor.Não deixou que as palavras dele voltassem a mexer com a cabeça. Não mais devaneios, nem atitudes estranhas.— Quando você comprou isso? — Perguntou
No dia seguinte, na Horizonte Entretenimento.Luana estava sentada na sala da presidência, o sol atravessava o vidro e caía sobre ela, trazendo um pouco de calor.Ela tinha trabalhado três anos no departamento de secretariado do Grupo S, dominava as técnicas de gestão e sabia muito bem como funcionava um grande conglomerado.Por causa dessa experiência, mesmo nunca tendo aberto uma empresa ou assumido cargos de gestão, conseguiu rapidamente se adaptar ao papel de presidente.Somando sua capacidade de aprendizado, Luana já compreendia como uma produtora de entretenimento operava.Ela mesma desenvolveu um software interno para a companhia, no qual cada funcionário teria bem definidos suas funções, metas e fluxos de reporte. Assim, qualquer novato poderia se ambientar rapidamente ao trabalho, sem risco de caos administrativo ou desperdício de recursos.Criar programas era a especialidade dela.Bastava entrar no sistema para ter uma visão completa da situação da empresa, sem precisar ficar
Os lábios dele se cerraram, e, sem hesitar, rasgou o cartão.Nem deu tempo de Luana abrir a boca, os pedaços já estavam todos no lixo.— Essas coisas não precisam ficar guardadas. — O olhar de Dante para o cartão era como se encarasse um vírus.— … Eu achei que já tinha jogado fora. — Disse Luana.Só quando Dante teve certeza de que não havia nenhum traço de apego no rosto dela é que ele relaxou um pouco. Levantou-se também, abaixou a cabeça para fitá-la e perguntou:— Amanhã, às sete da noite, vamos ver a Isabela?Luana piscou.Ele não fez cerimônia, chamou a mãe pelo nome.Ao ouvir isso, ela ficou um pouco tensa:— Não preciso preparar nada?— Eu vou explicar tudo para ela, inclusive como a gente se apaixonou. — O olhar dele carregava algo indefinível. — Eu fiquei três anos inteiro apaixonado por você em segredo. Quando finalmente consegui, é que ficamos juntos.Luana deixou-se enfeitiçar pela voz dele.— Esse é o começo que combinamos. — Disse Dante. — Você lembra?Ela voltou a si:
Dante não precisava de consolo, assim como não conseguia se colocar no lugar de Bento.Em relação a Isabela, mantinha a mesma indiferença.Mas o gesto de Luana o comoveu.Ela percebeu com cuidado o seu estado de espírito e, enquanto ele não estava, preparou o pudim.Só por essa atenção, Dante sentiu que estava sendo realmente valorizado.Era uma sensação boa.Tão boa que ele mal conseguia controlar os sentimentos por ela.Gostava dela de forma unilateral e, quanto mais tempo passava ao lado dela, mais se via apaixonado.Ele teve vontade de abraçá-la.Pela medida do olhar, sabia que poderia cercar facilmente a cintura fina dela com uma única mão, prendê-la firme contra si... e fazer coisas que ele queria.Ela nem fazia ideia do quanto era perigoso naquele momento, do quão vis pensamentos passavam pela cabeça dele...Tudo isso provocado por um gesto tão pequeno dela, levando-o à beira de perder o controle.Conter-se era difícil, às vezes Dante preferia que Luana o tratasse com frieza e
— Mais ou menos. — Respondeu Dante.Luana não esperava só essas duas palavrinhas jogadas, ficou sem reação por um instante.Vendo a expressão dela, Dante quase riu, mas se segurou. A voz saiu ainda mais suave:— Pergunta o que quiser, direto.Luana não sabia exatamente a situação entre mãe e filho, com medo de pisar em falso. Escolheu começar por algo mais seguro, ligado a si mesma:— Ela pediu para me ver?— Assim que desembarcou, já quis te encontrar. Eu não aceitei, então ela foi embora. — Ele fez uma pausa, encarando-a. — Amanhã ela quer te ver. Você vai?Luana ficou em silêncio.Ela, mesmo sabendo que o papel era falso, sentia uma certa pressão só de pensar no encontro. Mas como Isabela tinha pedido para vê-la, e ambas estavam na Cidade H, cedo ou tarde isso aconteceria, então era melhor encarar de frente.— Sua mãe é fácil de lidar? — Luana perguntou.Dante não deu o menor crédito para a mãe:— Não é fácil.— ... Quão difícil? — Ela insistiu.— Complicado de explicar. Não vou dei