Capítulo 6

Bruna ainda não tinha tido tempo de processar tudo quando várias pessoas, depois de analisarem a situação, pegaram suas taças e se aproximaram de Olívia, tecendo elogios.

— Olívia, o Henrique realmente te trata muito bem, hein? Um carro esportivo caríssimo desses, ele te dá sem pensar duas vezes.

— Esse vestido branco ficou lindo em você, te faz parecer uma verdadeira princesa.

— Ouvi dizer que você pilota muito bem, doce e ousada ao mesmo tempo, combina perfeitamente com o Henrique!

Cada vez mais pessoas se juntaram para bajular Olívia, esquecendo completamente que a protagonista da noite era Bruna.

Só depois de uma hora, quando o clima ficou animado, com gente cantando e brincando, a festa realmente começou.

Henrique permaneceu ao lado de Olívia o tempo todo, seus olhos sempre atentos a cada movimento dela.

Quando Olívia, com desejo, olhou para o atum, Henrique, paciente, abaixou a voz e a acalmou:

— Calma, você está grávida e não pode comer isso. Assim que o bebê nascer, eu compro pra você.

Olívia ficou de olhos marejados, querendo fazer birra, e Henrique suspirou, tirando do bolso uma daquelas black cards sem limite e entregando para ela.

O gesto logo causou um pequeno alvoroço.

— Será que o Henrique ainda é apaixonado pela Olívia?

— Dizem que a atual nunca vence o passado inesquecível, e parece que é verdade mesmo.

No meio dos comentários, Bruna ficou silenciosa no canto da sala.

Ela brincava com o celular, como se nada do que acontecia ao redor tivesse a ver com ela.

Olívia olhou em volta, e seu olhar pousou sobre Bruna, que estava no canto. Ela caminhou até lá com seus saltos altos, o rosto radiante de orgulho:

— Hoje é sua despedida de solteira com o Henrique, mas quem roubou a cena fui eu. Todos vieram atrás de mim, querendo agradar. Aposto que você está incomodada, não está?

— Mas mesmo que esteja, só te resta engolir em seco, não é? Afinal, o que adianta ter ficado ao lado do Henrique nos últimos cinco anos mais difíceis? Basta eu aparecer, que no fundo, quem ele mais ama sou eu.

Bruna sabia que Olívia queria provocá-la, mas suas lágrimas já tinham secado no dia em que saiu do hospital.

Vendo que Bruna não reagia, o olhar de Olívia ficou frio.

Ela então notou a pulseira de pedras preciosas no pulso de Bruna e, com um brilho de inveja nos olhos, arrancou-a de repente.

— Você ficou maluca? O que você está fazendo?

Bruna tentou pegar a pulseira de volta, mas Olívia segurou com força.

Ela acariciou a pulseira, o olhar repleto de inveja e insatisfação:

— Ouvi dizer que foi Sra. Vanessa quem te deu, de presente por você ser a futura nora?

Bruna olhou firme para ela, prestes a responder, mas Olívia de repente enfiou a pulseira na boca, rasgando o canto dos lábios até sangrar.

O sangue escorreu pelo rosto, e Olívia caiu no chão, frágil, deixando a pulseira rolar para longe.

Ela levantou o rosto e chorou:

— Irmã, eu só achei linda a pulseira que a Sra. Vanessa te deu, e de repente você enfiou na minha boca, doeu tanto, por quê…

Bruna ainda tentava entender o que estava acontecendo quando uma sombra negra surgiu e a empurrou com força.

Ela perdeu o equilíbrio, caiu e bateu na mesa onde estava o enorme bolo de comemoração.

O ferimento em sua cabeça se abriu novamente, sangue escorrendo.

O bolo caiu sobre Bruna, sujando-a de creme.

Com o rosto vermelho de dor, Bruna olhou para Henrique, que vinha correndo.

Ele nem olhou para ela, preocupado apenas em limpar o sangue no canto da boca de Olívia com um lenço, os olhos cheios de dor e ternura.

Bruna finalmente entendeu o show que Olívia estava armando.

Ela limpou o creme do rosto, pegou a pulseira do chão e a entregou para Olívia.

Quando Henrique pensou que ela queria provocar Olívia e estava prestes a perder a paciência, Bruna segurou o pulso de Olívia e colocou a pulseira em seu braço.

— Foi Sra. Vanessa quem me deu, você gosta tanto? Então, fique com ela.

Olívia ficou surpresa, esquecendo até de continuar fingindo estar ferida.

Henrique franziu a testa, sem entender o que Bruna queria.

— Esse é o presente de aniversário que minha mãe te deu, só as noras da Família Machado podem usar.

Bruna se levantou e respondeu friamente:

— Depois que ela tocou, ficou suja. Não quero mais.

Sem olhar para trás, ela saiu mancando, ignorando qualquer reação dos dois.

Henrique, ao ver o olhar frio de Bruna enquanto se afastava, sentiu o rosto endurecer.

Já era madrugada quando Henrique finalmente voltou para casa.

Depois de se arrumar, deitou-se na cama e, vendo Bruna de costas para ele, suspirou:

— Não fica brava, e pare de implicar com a Olívia. Ela te respeita muito, gosta de você como irmã.

— A Olívia disse que quer se aproximar de você, e por isso vai ficar aqui em casa por uns dias. Por favor, não a trate mal nesse período.

De olhos fechados, Bruna não respondeu. Em tom calmo, disse apenas:

— Se, e só se, Olívia não fosse a Srta. Chita, você ainda seria tão bom para ela?

Henrique afagou de leve a cabeça de Bruna, a voz rouca:

— Ela é minha irmã. Gosto dela porque ela é Olívia, não importa se é ou não a Srta. Chita.

— Tá bom.

Bruna baixou os olhos, respondendo com indiferença.

De qualquer forma, só faltava um dia. Ela só precisava aguentar mais um dia ali!