Murilo caminhou em direção à cama com passos hesitantes. Ao chegar perto, ficou de pé por um longo momento. Os ombros estavam tensos, o corpo rígido. Finalmente, sentou-se devagar na beira do colchão, de costas para Luana, enquanto o silêncio pesado preenchia o quarto.Luana deu alguns passos e parou ao lado dele, a voz firme cortando o ar:— Sr. Murilo, o senhor está a par do caso de sequestro infantil 322, não está? O senhor viu aquelas duas crianças que fugiram para a vila naquela época, não viu?— Eu... — Murilo abriu a boca, mas as palavras pareciam presas na garganta. Ele não conseguia erguer o olhar para encará-la. Gotas de suor frio começaram a escorrer pela testa, descendo lentamente pelas têmporas.— A menina que o senhor viu estava vestindo uma blusa amarelo-clara com um macacão branco por cima, não estava? — Insistiu Luana, cada palavra soando como uma lâmina afiada.Murilo permaneceu em silêncio por um tempo que pareceu interminável. O peso do que havia acontecido com a pr
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