Mesmo em silêncio, estava claro que ele estava furioso. Cerrava os dentes e falou com raiva contida:— O mundo não gira só em torno do Grupo Vilarte. No próximo mês, o pessoal do Grupo Eclipse chega. Eles são rivais antigos, ainda temos uma chance.Olhou para a equipe com frieza antes de completar:— Vocês têm um mês. Quero ver resultados concretos. Se não entregarem nada que preste, todos estarão fora do projeto.Dito isso, se levantou e saiu sem olhar para trás.Os que ficaram estavam visivelmente abalados... CoitadosEles sabiam que o que haviam feito era ótimo. Mas, por culpa das decisões ruins de Olavo, nem sequer tiveram uma chance justa. Agora, parecia que o erro era deles.De volta à sala dele, Marcos hesitou antes de dizer:— Sr. Olavo... O Grupo Eclipse tem nome, mas não se compara ao Grupo Vilarte. Talvez devêssemos tentar de novo?Ele completou, tentando medir o terreno com cautela:— Falaram que, mesmo tendo topado fechar com o Rafael, o pessoal do Grupo Vilarte ainda está
Ao ouvir aquilo, Isadora apenas sorriu de leve e respondeu com calma:— Eu não mudei agora. Sempre fui assim. Só escondi esse lado por causa do Olavo. Mas agora, quero ser apenas eu mesma.Sem dizer mais nada, ela pegou a bolsa e saiu. Quando se casaram, Olavo lhe deu um cartão, que mais tarde virou um controle: sempre que ela contrariava sua vontade, o dinheiro era cortado. Aquela era sua única fonte de renda.Mas agora, com o testamento do avô em mãos, tudo era diferente. Ela finalmente podia ir ao banco e sacar a sua parte da herança, que era só dela.Segurando o novo cartão, com os olhos úmidos, Isadora murmurou:— Se naquela noite eu já tivesse esse cartão... talvez Aline ainda estivesse aqui.Maria se aproximou com um olhar cheio de ternura:— Senhora, eu sei que dói. Mas a pequena estava sofrendo demais. Talvez tenha sido melhor assim... Partiu sem dor.Eram ambas mulheres, e Maria compreendia a dor de Isadora pela perda da filha, mas sabia que ela não podia ficar presa àquele s
— Quer me expulsar? Pode esquecer! Se não me derem o que é da nossa família, não saio daqui nem morta!Fernanda bufou e se jogou no sofá, lançando a Isadora um olhar feroz.Isadora achou graça da cena, deu de ombros e respondeu com ironia:— Então fique aí até morrer.Sem perder tempo, puxou a mala e saiu decidida. Já estava mesmo de mudança. Se Fernanda queria fazer papel de guardiã do portão, que ficasse à vontade.Vendo que ela realmente tinha ido embora sem olhar para trás, Fernanda ficou sem reação. Trêmula de raiva, ligou para Olavo gritando:— Se você não vier agora, vou me enforcar na porta da sede do Grupo Carvalho!Olavo sempre tivera pouca paciência com a mãe. Quando ouviu a ameaça, sua expressão azedou na hora, mas, mesmo assim teve que voltar.Chegando em casa, encontrou Fernanda no sofá. E perguntou, com o cenho franzido:— O que aconteceu?— Você ainda tem coragem de perguntar? Seu pai sofreu um AVC e você nem apareceu! Que tipo de filho é você?Ela se levantou num pulo,
Só de pensar que tinha tantos recursos nas mãos e não soubera usar... Isadora sentia vontade de voltar no tempo só para dar uns tapas na própria cara.Aquele ditado estava certo: gravidez deixa a gente lerda por uns bons anos.Ninguém mais teve coragem de rebater. Por mais que fosse desconfortável, no fim das contas, ela era da família. E, se o clima azedasse de vez, quem ia acabar perdendo o emprego eram os funcionários.Mesmo insatisfeitos, foram juntando as coisas e saindo um a um.A casa finalmente ficou em silêncio. Isadora achou que teria, enfim, uma noite tranquila. Mas não...Mais uma visita indesejada.Será que aquela vida já tinha conhecido a paz?Isadora percebeu de repente que tudo que ela viveu antes fora um peso. Mas o que estava acontecendo com ela naquela época?Foi a primeira vez que ela sentiu que não conseguia mais se identificar com quem já tinha sido.— Isadora, aparece agora, sua ingrata!— Seu sogro está doente, acamado, mas cadê você? Nem aparece para ver como e
Naquele instante, Isadora reuniu todas as forças do corpo.Olavo, que até segundos atrás ainda transbordava arrogância, agora se encolhia feito um camarão escaldado, contorcido de dor.Furioso e humilhado, ele lançou para ela um olhar raivoso e ameaçador.Enquanto isso, Isadora se arrastou para longe da mesa, se encolhendo no canto do cômodo, abraçando os próprios braços, a expressão dominada pelo pânico.— Não... Não chega perto! Fique longe!— Você...As palavras de reprovação ficaram presas na garganta de Olavo.Foi então que ele se lembrou... Isadora quase havia sido violentada por Almir.Uma irritação estranha lhe subiu no peito. Num impulso, chutou a cadeira ao lado com raiva, mas o movimento brusco acabou atingindo justamente o lugar mais sensível. Gemeu de dor, cerrando os dentes.Sem dizer mais nada, pegou o paletó e o jogou sobre Isadora com um gesto seco, e saiu do cômodo com passos pesados, ainda tentando disfarçar a dor.Do lado de fora, Olavo se deu conta de que tinha per
Havia marcas roxas por todo o corpo e vários pontinhos na pele, dava para perceber que a pessoa tinha sido torturada. Mas... o que isso tinha a ver com ela?— Quem é?Isadora perguntou, franzindo o cenho, sem entender muito bem. Mas logo se lembrou do que Olavo tinha dito: Tereza tinha sido “machucada”.Ao perceber que as fotos eram dela, Isadora não sentiu nem um pingo de culpa. Na verdade, achou até bonito de ver.Vendo a mudança repentina no olhar dela, Olavo soltou um riso sarcástico:— Você sabe que agressão é crime, não sabe?— Se tem provas, chame a polícia. Agora, se for para vir aqui latir, poupe meu tempo.Ela pegou as fotos e as devolveu com desdém.— Tenho mais o que fazer. Vai lá consolar sua falsiane preferida e para de tentar me enojar.Isadora estava visivelmente sem paciência. E, para surpresa dela mesma, se sentia bem. Muito bem, aliás. Ser grossa, direta... estava sendo libertador. Devia ter feito isso há muito tempo.Olavo a olhou com descrença. Por um instante, ele