Com o olhar calmo, Isadora encarava a fúria de Olavo e soltou num tom frio:— Foi você quem me colocou no departamento de tecnologia. Agora vem até aqui fazer escândalo? Não tem vergonha? Tem certeza de que quer resolver nossos problemas aqui, na empresa?Tereza, com aquele tom baixo, fingindo preocupação, logo se meteu:— Isadora, depois de tudo o que você fez lá fora, como ainda consegue falar com essa segurança na frente do Olavo? Na verdade, ele nem é tão rancoroso assim... se você pedir desculpa, ele com certeza vai te perdoar, né, Olavo?Isadora já não entendia como aquela mulher ainda tinha coragem de se meter.Com o semblante escurecido, ela disparou:— A última pessoa com moral para falar aqui é você.— O quê?Tereza não acreditou no que acabara de ouvir. Jamais imaginava que Isadora teria coragem de confrontá-la assim, bem na frente de Olavo.Sem saber como retrucar, Tereza puxou discretamente a manga de Olavo e cochichou com voz delicada:— Então... deixo vocês conversarem.
— O que você está fazendo?!Isadora se virou na hora, com os olhos cheios de raiva, apertando os dentes.— Você ainda é minha esposa, mas está aí se exibindo em público como se fosse uma qualquer. Não tem vergonha na cara, não?!Olavo disparou, sem se preocupar com quem estava por perto.Alan se adiantou rapidamente, tentando conter a tensão.— Sr. Olavo, não foi nada disso. Foi uma surpresa do pessoal para ela. A Sra. Isadora não sabia de nada, nem estava preparada.— Cale a boca!Olavo rosnou, com a expressão feroz.Alan engoliu seco, ficou quieto, mas manteve os olhos preocupados em Isadora.— Você pirou?Isadora se desvencilhou dele com força, encarando-o com desprezo.— Isso aqui é só uma confraternização. Não tem nada de sem-vergonha.Num lugar como a empresa, Isadora realmente não queria fazer cena nem passar vergonha.Mas Olavo hoje parecia ter tomado alguma coisa forte. Ignorando qualquer respeito ou aparência, cerrava os dentes e a olhava com uma raiva feroz:— Você é mesmo e
As pendências na Cidade J estavam quase todas resolvidas, e Isadora ainda tinha uma pilha de coisas para cuidar. Sem dar a menor importância para o que Olavo pensava, comprou a passagem e se preparou para voltar.Enquanto isso, Olavo recebia algumas fotos. Nelas, Isadora aparecia entrando num hotel com Rafael e depois o acompanhando até a porta na hora de ir embora.A cada imagem, ele apertava mais as fotos, a mandíbula travada de raiva.Mesmo que nunca tivesse dado muita atenção a Isadora, nem ao ponto de enxergá-la de verdade, ela ainda era oficialmente a esposa dele. Aquilo era uma afronta. Um tapa na cara.Tereza se aproximou com expressão preocupada, puxando de leve a manga da camisa dele:— O que foi, Olavo? A gente devia começar a arrumar as coisas, né?Ao ver as fotos nas mãos dele, Tereza arregalou os olhos em choque:— Isso... isso é a Isadora com o Rafael? Eles foram juntos para um hotel?! Como assim?!— Cala a boca!Olavo recolheu todas as fotos de uma vez, lançando um olha
Assim que voltaram ao hotel, Rafael entrou direto no quarto de Isadora sem pensar duas vezes. Com a testa franzida, olhou sério para ela:— Quem era aquele cara?— Era o Zyan. Hoje ele me sequestrou... e acabamos fazendo um acordo. Só isso.Ela foi direta, sem rodeios. Isadora não via motivo para esconder nada — não fazia sentido.Ver aquela honestidade crua, dita com tanta naturalidade, trouxe uma ponta de alívio para o coração de Rafael.Ele respirou fundo e disse com ternura:— O Zyan é perigoso. Você tem que manter distância.— Sei que ele é perigoso. Mas agora já é tarde. Ele não vai me deixar em paz.Ela olhou nos olhos dele com firmeza e continuou:— Rafael, eu sei que tudo o que você faz é por mim. Sei que temos o mesmo objetivo. Mas o caminho que seguimos... não é o mesmo.Isadora já queria ter tido essa conversa antes, mas só agora sentiu que não podia mais adiar.Levantou-se, ficou de frente para ele e falou com toda a calma do mundo:— Me desculpa, Rafael... mas a gente não
Mesmo que fosse só uma pontada discreta de tristeza, foi o bastante para desmontar a força que Isadora tinha juntado com tanto custo.Respirou fundo, pronta para sair de um lugar que nunca sentiu como seu. Mas assim que se virou, deu de cara com dois homens cambaleando na sua direção.O bafo de álcool denunciava — e os sorrisos nojentos deixavam claro o tipo de gente que eram.Assustada, Isadora deu um passo para trás e enfiou a mão na bolsa, segurando firme o spray de pimenta.— O que vocês querem?Um deles riu, descaradamente:— O que a gente quer? Ora, quando um homem vê uma mulher dessas... o que acha que ele quer? Bonitinha assim... é sorte nossa.Eles trocaram olhares maliciosos e se aproximaram com um jeito asqueroso que só aumentava o nojo que Isadora sentia.Sem pensar duas vezes, puxou o spray e apertou na cara dos dois. Sem esperar reação, se virou e saiu correndo.Mal deu dez passos e bateu com força em um peito firme. O homem nem se mexeu. Pelo contrário, segurou Isadora e
— AH!O grito de Tereza ecoou pelo quarto.Sem se controlar, ela começou a jogar tudo no chão, quebrando qualquer coisa que visse pela frente. Em meio ao caos, arranhou os próprios braços com fúria, abrindo vários cortes que logo começaram a sangrar.Os funcionários do hotel receberam queixas dos hóspedes do quarto ao lado e, ao chegarem, se depararam com a cena chocante. Desesperados, entraram em contato com Olavo.E Olavo, que tinha finalmente conseguido uma brecha na agenda para vir à Cidade J, e estava aproveitando para socializar. Entre uma rodada e outra de bebidas, mal conseguia ficar em pé.O celular tocou e, mesmo franzindo a testa ao ver o nome da Tereza na tela, atendeu sem hesitar.— Sr. Olavo, graças a Deus o senhor atendeu! Sua esposa... ela enlouqueceu. O senhor precisa voltar agora.O rosto de Olavo endureceu na hora. Ele largou a taça sem dizer mais nada e saiu apressado do local.Do lado, Eliel tinha assistido a cena inteira. Ficou em silêncio, mas, no fundo, sentia p