Ao encarar aquele olhar, Rafael não conseguiu dizer mais nada. Engoliu em seco e assentiu:— Está bem. Eu prometo.Só então Isadora relaxou um pouco. Mas a dor era forte demais, e, de repente, ela desmaiou.O semblante gentil de Rafael sumiu no mesmo instante. A raiva tomou conta. Cerrando os punhos, ele jurou ali mesmo que Olavo não sairia impune.Pegou o celular de imediato e ligou para Eliel:— Precisamos acelerar o plano.— Você está indo rápido demais.A voz do outro lado era calma.— Rafael, somos dois profissionais da área técnica. E quem trabalha com isso, acima de tudo, precisa ser racional.Encostado na parede do corredor, Rafael olhava pela vidraça. Do lado de dentro, Isadora dormia profundamente. Nunca foi de agir por impulso, mas quando o assunto era ela... tudo saía do controle.Ainda bem que Eliel era o oposto: tranquilo, preciso e frio. Sua postura centrada fazia Rafael voltar à razão.Ele respirou fundo, cerrando os dentes:— Vou engolir o Grupo Carvalho inteiro. Até o
Isadora tampou os ouvidos e gritou alto:— Sai daqui!Ela não conseguia aceitar que Olavo tratasse a própria filha como um defeito. Para ele, até a Aline, sua filha de sangue, não passava de um produto descartável.Olavo estava prestes a falar mais, mas ao ver o sangue escorrendo pelas costas dela, seu coração amoleceu um pouco. Respirou fundo, passou a mão pelos cabelos de Isadora e disse, resignado:— Você vai entender um dia... isso não é culpa minha.Sem esperar resposta, virou-se e saiu apressado.— Canalha!Isadora gritou e começou a destruir tudo no quarto.Os passos de Olavo hesitaram ao ouvir o barulho da bagunça atrás dele. Franziu a testa, sufocando a raiva.— Que mulher teimosa e sem razão...No mundo de Olavo, só ele importava. Os outros? Nada demais. Até a filha dele não valia nada, ainda mais porque nem era uma filha desejada.Quando Rafael chegou segurando a comida, ficou chocado com o caos no quarto.Largou a comida e correu até Isadora, que estava encolhida em um cant
Isadora o olhou, sem entender aquele embaraço todo.Por fim, ele explicou:— Vou chamar os melhores médicos. Eles vão cuidar disso. Não vai ficar marca nenhuma.Mas ao ouvir aquilo, Isadora soltou uma risada fria, sem acreditar no que ouvia:— Se é só por isso que veio pedir desculpas, então não precisava se dar o trabalho.Olavo a encarou, confuso:— O que é que você quer de mim, afinal?Ele já não reconhecia a mulher diante dele. Cadê a garota doce e submissa de antes? Aquela que só tinha olhos para ele, que aceitava tudo calada?Olhar para Isadora agora era como encarar um espelho quebrado. E Olavo, sem perceber, sentia falta da mulher de antes... daquela que só existia para ele.— Quero a herança que o vovô me deixou. E quero me divorciar de você. Simples assim. Vai me deixar ir embora ou não entendeu?Isadora sorriu com sarcasmo. Ela já tinha deixado tudo claro desde o começo. O problema era que Olavo nunca quis largar nada.Ouvindo isso, ele respondeu, com uma frieza:— Você sabe
— Isadora, agora que o Grupo Alves é nosso concorrente direto, não acha meio imprudente ficar tão próxima do Rafael?Tereza perguntou com um olhar cheio de falsa preocupação, como se estivesse apenas querendo proteger.Isadora sorriu com ironia e, com um toque leve no braço de Rafael, rebateu sem pressa:— E você, não acha imprudente ficar tão próxima do meu marido?Ao ouvir a palavra “marido”, Rafael lançou um olhar na direção de Isadora, visivelmente magoado. Mas Isadora piscou discretamente para ele, pedindo silêncio.Olavo soltou uma risada sarcástica:— Então é isso, Rafael? Usar uma mulher assim? Que baixo.Olhou para Isadora com desdém e continuou:— Você realmente acha que ele se interessa por você? Se não fosse minha esposa, não te daria nem um olhar.Rafael rebateu sem hesitar:— Quando ela ainda não era sua esposa, eu já estava ao lado dela. E não cansava de olhar.Ele conhecia Isadora antes mesmo de Olavo aparecer. Só se afastou porque foi estudar fora. E agora, ver aquele
Agora, a culpa, o remorso e a ansiedade o consumiam sem piedade... o medo de algo acontecer com Isadora apertava seu peito a cada segundo.Ela envolveu a cintura dele com os braços, sentindo o leve tremor em seu corpo. Aquilo doeu fundo.Isadora sempre foi forte quando estava sozinha, mesmo diante da dor ou do perigo. Mas bastou o abraço, o cuidado, o carinho... e toda aquela mágoa que ela vinha engolindo explodiu de uma vez, deixando-a em pedaços.Aquela mudança repentina a deixou confusa e um pouco perdida. Abraçada a Rafael, ela finalmente entendeu o que sentia.Desde o momento em que Aline partiu, todo o amor e esperança que um dia sentira por Olavo haviam desaparecido. Agora que Rafael estava de volta, ela percebeu que seu coração nunca tinha mudado. Ainda o amava. Profundamente. Sem controle.— Não chora.Ele acariciava seu rosto com uma dor silenciosa que o dilacerava por dentro.— Se divorcia dele, Isinha. Ele não te merece.Isadora sabia disso. Já fazia tempo que tinha enxerga
Se fosse no passado, bastaria Olavo falar com aquele tom para que Isadora ficasse feliz por dias. Mas agora, escutar tamanha “ternura” da parte dele só lhe causava repulsa.Ela soltou um sorriso leve, estendeu os braços e os passou ao redor do pescoço dele.Olavo interpretou o gesto como um sinal de rendição. Sorriu, satisfeito, com um brilho arrogante no olhar:— Sabia que você era esperta. Entendeu que é melhor parar por aqui.Mas, no instante seguinte, Isadora cravou os dentes com força no pescoço dele.Ela mordeu com tanta força que o sabor de sangue invadiu sua boca.Olavo gritou de dor e a empurrou com violência.O corpo dela bateu com tudo contra a porta de vidro do departamento de tecnologia. O estilhaço se espalhou pelo chão quando ela caiu sobre os cacos. As costas se abriram em ferimentos profundos, jorrando sangue.— Sra. Isadora!Alan correu até ela, chocado com o que acabara de ver.— Você está bem? Sr. Olavo, o senhor ficou louco?!Outros funcionários se aproximaram, e l