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Capítulo 009

Auteur: Ana Luiza Mendes
Roberto relaxou ligeiramente as sobrancelhas, e sua voz, sem perceber, tornou-se mais suave.

— Precisa que o Enzo vá buscá-la?

Patrícia ficou surpresa com a oferta e, por um instante, esqueceu sua preocupação com Fabiano. Apressada, chamou um táxi.

— Não, não precisa. Eu mesma posso ir.

Ela olhou para o relógio e completou, quase sussurrando:

— Está um pouco de trânsito... Devo levar cerca de uma hora.

Preocupada que Roberto pudesse precisar dela para algo urgente, pediu ao motorista que fosse o mais rápido possível.

Finalmente, chegou à Mansão das Águas Tranquilas dentro do tempo previsto.

As luzes da sala estavam acesas, e o aroma acolhedor de café fresco preenchia o ambiente, criando uma atmosfera calorosa no luxuoso apartamento.

Patrícia entrou com cuidado e logo avistou Roberto no balcão da cozinha.

Ao contrário de seu habitual traje corporativo, ele estava vestido com roupas casuais em tons de cinza, confortáveis para um dia em casa.

Parecia ter acabado de sair do banho, com o cabelo ainda um pouco úmido, caindo sobre a testa, o que suavizava sua aparência e o tornava menos imponente.

A única coisa que não mudava era o seu corpo, impecável como sempre.

A roupa de casa, feita de um tecido macio, se ajustava ainda mais às suas formas.

De costas, era possível ver claramente as linhas musculares suaves ao longo de sua cintura e costas.

Patrícia não pôde deixar de pensar: “Agora faz sentido ele parecer tão firme nas vezes em que a abraçava.”

— Está gostando do que vê?

Patrícia, distraída, respondeu automaticamente:

— Sim, está lindo.

Ao perceber o que havia dito, seus olhos se encontraram com os de Roberto, que a observava com uma expressão enigmática.

Ela corou imediatamente.

Com um leve toque de humor, Roberto estendeu uma caneca branca.

— Leite quente.

Constrangida, Patrícia pegou a caneca e murmurou, quase inaudível:

— Obrigada.

Enquanto tomava um gole pequeno, notou que Roberto parecia mais atencioso e gentil em casa, bem diferente do chefe intimidador que era na empresa.

Rapidamente, sentiu a necessidade de esclarecer:

— Eu... Eu quis dizer que a caneca é bonita.

Os olhos de Roberto se fixaram em suas bochechas coradas, e ele sentiu uma sede inexplicável.

Tomou um gole de café, mas o sabor forte não aliviou a inquietação.

Roberto abaixou ligeiramente os olhos, escondendo de maneira sutil a emoção que havia no fundo do seu olhar. Sua voz saiu baixa, mas firme, com uma intensidade que não deixava dúvida:

— Não disse que ia trabalhar até mais tarde? Eu não te vi por aí.

Como ele sabia que ela não estava lá?

Patrícia ficou surpresa por um momento, e uma ideia absurda passou pela sua mente.

Será que ele soubera que ela teria que trabalhar até mais tarde e, por isso, ficou esperando por ela?

Essa ideia surgiu rapidamente e logo foi afastada.

Depois do ocorrido com Fabiano, ela aprendeu uma lição.

Era melhor não ficar criando histórias sobre os homens e nem se iludir com pensamentos fantasiosos.

Patrícia se acalmou, e, após uma leve hesitação, decidiu responder com sinceridade:

— Eu fui visitar minha avó.

Antes, ela havia escondido a verdade porque achava que entre os dois havia apenas uma relação de trabalho, e não uma de marido e mulher de fato, então não havia necessidade de compartilhar detalhes pessoais.

Patrícia segurava a caneca branca, sentindo o calor se espalhar dos seus dedos até o corpo todo.

Ela relaxou e explicou:

— Minha avó não está muito bem. Ela passou por uma cirurgia grande e, atualmente, está morando em um sanatório. Sempre que tenho um tempo livre, vou visitá-la. Depois dessa viagem de negócios, ainda não consegui ir, então aproveito para vê-la hoje à noite, depois do expediente...

Patrícia terminou de falar e abaixou os olhos, escondendo a tristeza que apareceu no fundo do seu olhar.

Ela, na verdade, raramente falava sobre sua avó na frente dos outros, não queria expor ainda mais suas feridas.

Mas agora, ela e Roberto já eram legalmente casados, e teriam que continuar atuando assim no futuro. Por isso, Patrícia não planejava esconder nada sobre sua situação.

No entanto, sempre que pensava que Roberto poderia olhar para ela da mesma forma que os outros, com aquele olhar de pena, uma sensação pesada tomava seu peito.

Sem perceber, seus dedos apertaram a caneca com mais força.

Enquanto estava perdida em seus pensamentos, uma sombra alta e imponente caiu sobre ela.

Em seguida, seus dedos brancos foram cobertos por uma mão seca e forte, e sua cintura foi envolvida, puxando-a para um abraço apertado e quente.

— Qual é o sanatório? — Roberto perguntou.

— Arlin. — Respondeu ela, surpresa com a pergunta.

— É longe. Como foi até lá? — Roberto franziu a testa.

Patrícia respondeu sinceramente, dizendo que, na ida, havia pegado o metrô e o ônibus, mas, na volta, devido à pressa, acabou pegando um táxi.

— Da próxima vez, peça ao Enzo para levá-la.

Uma voz grave e envolvente soou perto de seu ouvido, e o calor da respiração de Roberto fez a pele de Patrícia arrepiar.

Sua mente ficou em branco instantaneamente, e ela nem percebeu quando o homem tirou a caneca de suas mãos.

Só quando foi levada até o sofá e as lembranças constrangedoras da noite anterior vieram à tona, foi que Patrícia se deu conta do que estava acontecendo.

— Sr. Roberto, espere!

Não era possível!

De novo!

Três noites seguidas...

Ele não se cansa?

A distância entre os dois era mínima, e o tecido leve da roupa de primavera só fazia a proximidade parecer ainda mais intensa.

Patrícia estava praticamente colada ao peito de Roberto, podendo sentir claramente o contorno dos músculos de seu abdômen.

Seu coração acelerou sem que ela pudesse controlar.

Roberto olhou para a mulher em seus braços, com as bochechas coradas e uma expressão de pânico no rosto. Um brilho de diversão passou por seus olhos, e, sabendo exatamente o que estava fazendo, resolveu provocá-la:

— Esperando o quê?

Patrícia ficou sem palavras, abrindo e fechando a boca, sem saber como responder.

Ela e Roberto já tinham se casado, e participar das obrigações de um casamento era parte do seu compromisso.

Mas...

Tanta frequência assim a estava deixando um pouco assustada.

— Não quer no sofá? — Roberto deliberadamente interpretou o silêncio dela de maneira errada. — Então vamos para a cama.

Ele já sabia o que queria, e desde o dia estava pensando em como ia agir naquela noite. Agora, não teria mais como fugir.

— Não!

Patrícia respondeu impulsivamente, sem sequer pensar nas palavras.

Quando percebeu o duplo sentido de sua resposta, ficou sem saber o que fazer.

Mas antes que pudesse se explicar, seus lábios foram dominados pelo beijo intenso do homem.

Seus lábios se entrelaçaram, e o som claro da água se espalhou pelo ar.

Patrícia sentiu o ar ao seu redor ficando cada vez mais rarefeito, como se uma névoa de água subisse de seus olhos.

Na manhã seguinte,

Patrícia acordou com os primeiros raios de sol. O dia estava especialmente bonito.

A luz dourada atravessava as grandes janelas de vidro e se espalhava sobre a cama desarrumada.

Ela estava exausta, tentando virar a cabeça para se afastar daquela luz irritante e continuar a dormir, mas percebeu que, por mais que tentasse se esconder, não conseguia escapar dela.

Patrícia resmungou de frustração e estendeu a mão para puxar o cobertor e cobrir o rosto.

Mas, de repente, seu movimento parou.

A sensação quente sob sua palma a fez perceber que algo estava diferente.

Foi então que ela se deu conta de que a cama em que estava não era mais a do apartamento alugado, com colchão duro.

Sua mente, ainda meio sonolenta, começou a funcionar rapidamente, e as cenas da noite anterior, aquelas que a faziam corar e acelerar o coração, começaram a passar diante de seus olhos como um filme.

E não um filme qualquer, mas daqueles de romance... De uma forma bem imprópria!

Patrícia olhou discretamente para o lado. O homem estava com os olhos fechados, e seus traços faciais, perfeitos e bem definidos, não apresentavam o menor defeito, como se tivessem sido esculpidos pelas mãos de Deus.

Desde que entrou na empresa, há três anos, ela nunca havia nutrido qualquer tipo de sentimento por Roberto. Naquele tempo, seu coração e sua mente estavam completamente voltados para Fabiano.

Quando suas colegas de trabalho se reuniam para fofocar sobre o Sr. Roberto, ela não sentia o menor interesse em participar. Sempre achou que ele era uma figura distante, um grande chefe que, apesar de trabalhar no Grupo Santana e estar frequentemente presente, parecia estar em um mundo completamente separado, sem despertar nenhuma fantasia.

Ela nunca imaginou que, um dia, acabaria envolvida com Roberto dessa forma.

E, se sua memória não estivesse falhando, na noite anterior, ela até o havia... Pedido algo...

Patrícia corou de repente.

Nesse momento, o homem à sua frente abriu os olhos, e seus olhares se cruzaram.
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