— Foi meu pai que me pediu... — Disse Patrícia, com a voz baixa e hesitante. — Pensei muito antes de falar com você. Sabe, depois do que a Lúcia fez, fica difícil até abrir a boca pra defender... Mas, no fim das contas, ela é minha irmã. E foi o meu pai quem implorou. Então, eu só queria tentar dar a ela mais uma chance...Ela parecia frágil, até mesmo comovente. Mas, na verdade, era tudo atuação.Se Lúcia voltasse ao Grupo Santana, Patrícia garantiria que ela não teria um único dia de paz.Com tanta gente dentro da empresa, bastava uma fofoca e Lúcia seria engolida viva por uma onda de comentários maldosos.Daniel não adorava poder? Ótimo. Então começaria pela filha mais adorada dele.Ninguém sairia ileso. Nenhum deles.— Você tem certeza disso? — Roberto a olhou com frieza. — Esse tipo de gente... Você acha mesmo que merece uma segunda chance? Eu detesto o que ela fez. Ela tentou me seduzir.Patrícia ficou sem palavras por um momento. Não sabia se ele estava sendo sério ou só... Se a
— Vim trazer um remédio pra minha amiga. — Respondeu Patrícia.Roberto franziu levemente a testa.— De novo ela esqueceu o remédio?Patrícia assentiu.— Aproveitei que estava por aqui. Pensei em dar uma passada pra vê-la... E trouxe o remédio de uma vez.— Ah, Beto, você não sabe? Nesse tipo de profissão delas, o remédio acaba rápido. Precisa tomar logo, senão o efeito passa. Por isso a Srta. Patrícia teve que vir correndo entregar, não foi, Srta. Patrícia? — Comentou Beatriz com um sorriso carregado de malícia, olhando diretamente para Patrícia.Roberto também voltou o olhar para ela.Patrícia, claro, sabia muito bem o que Beatriz estava insinuando, mas manteve-se firme:— Minha amiga só está com gripe. Esse remédio nem é urgente. Pode tomar antes de dormir. Nada grave.— Mas... Da outra vez já fazia um bom tempo. Essa gripe ainda não passou? — Roberto perguntou com um tom neutro, mas o olhar penetrante.O coração de Patrícia se apertou.“Então ele está começando a acreditar nas provo
— Não se preocupe. Não quero atrapalhar seu trabalho. Eu mesma posso voltar. — Disse Patrícia, forçando um sorriso ao puxar levemente o canto da boca.Ela não queria incomodar demais Camila. Afinal, Camila só a estava ajudando por causa de uma dívida de gratidão com Laura, e Patrícia não queria abusar da boa vontade de ninguém.Patrícia desceu sozinha e já se preparava para sair quando, no corredor, deu de cara com uma figura bastante familiar.Aquela mulher não era outra senão Beatriz.Patrícia ficou surpresa. O que Beatriz estava fazendo ali?Mas Beatriz também a viu no mesmo instante. Com um leve sorriso no rosto, acenou para ela e começou a se aproximar, manobrando a cadeira de rodas com calma.— Srta. Patrícia. — Chamou Beatriz, observando-a com um olhar quase avaliador, a voz carregada de desdém. — Está aqui para ver o Beto? Eu sei que vocês não são realmente casados. Então... Srta. Patrícia, não acha que isso já passa um pouco dos limites?Aquelas palavras deixaram Patrícia desc
Patrícia jamais imaginaria algo assim.O verdadeiro culpado pela morte da avó... Era o próprio pai dela.A revelação foi um golpe tão forte que a mente dela simplesmente entrou em colapso. Estava paralisada, como se tudo ao seu redor tivesse deixado de existir.Aproveitando o momento de choque, Fabiano se arrastou rapidamente para longe, puxou a calça de volta e correu até a porta.Mas não chegou a sair.Foi barrado por alguém.— Sr. Fabiano, o senhor tá bem?! — Era a voz de Camila.Carolina, que havia escapado no meio da confusão, correra para chamar ajuda. Encontrou Camila e explicou tudo de forma atropelada. Sem perder tempo, Camila correu até a suíte.Ao ver Fabiano naquele estado deplorável, levou um susto daqueles.Por um instante, pensou que Patrícia tinha de fato cortado alguma parte sensível dele...Ela havia prometido à Laura que cuidaria de Patrícia, que não deixaria que ela fizesse nenhuma besteira.Por isso, o susto maior foi ao imaginar que Patrícia pudesse ter passado do
— Fala! E sem enrolar! — Rosnou Patrícia, apertando com mais força a faca contra a pele do pescoço dele.— Aaaah! — gritou Fabiano, sentindo o fio da lâmina arranhar sua pele. — Na época, minha mãe queria te sequestrar. O plano era te impedir de aparecer no casamento, só isso… Tavam com medo de que você causasse algum escândalo e atrapalhasse tudo entre mim e a Juliana. A ideia era te soltar logo depois da cerimônia.Ele respirou fundo, a voz trêmula. Os olhos continuavam fixos na faca, como se aquilo fosse a única coisa que existisse no mundo.— Mas aí você sumiu. A gente procurou por todo lado e nada. Já tava tudo pronto, e como você mesma tinha dito que o casamento não podia continuar, pensamos num plano de emergência: antes da troca de votos, minha avó ia fingir que desmaiava no palco… — Fabiano engoliu seco, tentando controlar o pânico. — Só que, no fim, você não apareceu no casamento. Fizemos a cerimônia no jardim, mesmo tremendo de medo. Você sumiu. E, durante o jantar... nada t
— Claro que eu não esqueci. Esqueci como vocês mataram a minha avó?!O olhar de Patrícia estava envenenado, como lâmina afiada. Ela enfiou a mão na bolsa e puxou a faca de frutas. A lâmina reluzia prateada sob a luz do teto.Carolina, que ainda estava tentando entender se Patrícia ia chorar ou implorar, virou a cabeça... E congelou.Seu rosto empalideceu. O sangue gelou.Num pulo, se desvencilhou do colo de Fabiano e tentou correr, mas Patrícia bloqueava a saída. Desesperada, tropeçou nos próprios pés e foi se encolhendo num canto da sala.Fabiano também ficou apavorado. Levantou-se num rompante, nem se preocupou em subir a calça que havia escorregado até a metade das pernas. Cambaleando, buscava desesperadamente um canto onde pudesse se esconder.Mas Patrícia vinha se aproximando, passo a passo.— Não, por favor... — Ele gaguejava, as mãos tremendo. — Eu juro que não tive nada a ver com a morte da sua avó! Foi minha avó que só queria dar um susto nela, pra ela passar mal, desmaiar...