Com o Tempo, Tudo Se Cura

No momento em que ouvi a verdade, meu coração disparou violentamente.

No último mês, Renan foi agredido em grupo e falsamente acusado inúmeras vezes.

Fiz o meu melhor para ajudá-lo a evitar o mal, mas havia momentos em que eu falhava.

Incapaz de suportar mais, sugeri que ele se transferisse.

Naquela época, Renan tinha acabado de ser encharcado com água gelada, seu belo rosto pálido e lastimável.

Ele segurou minha mão, desamparado.

— Clarinda, não me atrevo a ir para um ambiente desconhecido sozinho.

Renan e eu íamos e voltávamos da escola juntos desde o jardim de infância, um hábito que nunca mudou em mais de uma década.

Além disso, eu nutria uma paixão secreta por ele.

Então, no calor do momento, eu lhe garanti.

— Não tenha medo, eu irei com você aonde quer que você vá.

Só agora eu descobria que tudo isso era um grande espetáculo que ele havia montado para me afastar.

Não pude deixar de me perguntar: Renan me odiava tanto assim?

A conversa na sala privada continuou.

— A Clarinda é realmente devotada a você. Se você a deixar ir para outra escola agora, não tem medo que ela se apaixone por outra pessoa?

— Ela?

Renan zombou, como se tivesse ouvido a piada mais engraçada do mundo.

— Por mim, ela enfrentaria até uma briga em grupo. Mesmo apanhando até ficar com o rosto todo machucado, ela não recuou um passo sequer. Você acha que ela mudaria seus sentimentos por mim?

Alguém murmurou em voz baixa.

— E se acontecer? A Clarinda não parece ser uma pessoa fácil de lidar.

— Não existe 'e se'. — A voz de Renan era preguiçosa. — Há muitos herdeiros ricos na escola, você já a viu olhar para algum outro?

Sua voz estava inevitavelmente manchada de desprezo.

— Ela só sabe me seguir o dia todo. É muito grudenta.

A sala explodiu em risadas estridentes, como um tapa no meu rosto.

Eu queria ir embora, mas meus pés pareciam enraizados no chão, forçando-me a ouvir e a sentir a dor.

Alguém comentou, maravilhado.

— É a primeira vez que vejo alguém afastar uma mulher que o ama. Eu te admiro.

— Mas se você não gosta que a Clarinda seja tão grudenta, por que não disse a ela diretamente? Ela não parece do tipo que insiste.

Renan ficou um pouco impaciente.

— A Clarinda é muito extravagante. Se eu fosse direto, ela não iria embora tão facilmente.

Ele mudou de assunto.

— Além disso, a Giselle se sente inferior e triste sempre que a vê, e só melhora quando estou por perto. Pela Giselle, eu tive que fazer isso. Tive que magoar a Clarinda por um tempo.

Com essas palavras, todos entenderam instantaneamente.

Calculando o tempo, a decisão de Renan de fingir ser intimidado coincidiu com uma semana após a chegada de Giselle à escola.

Alguém riu e xingou Renan.

— Seu desgraçado, você se apaixonou pela Giselle assim que ela chegou?

— Mas a Giselle é realmente encantadora e delicada, é natural que os homens se sintam atraídos por ela.

— Diferente da Clarinda, que além de ter uma personalidade fria, anda por aí com uma cara fechada que afasta todo mundo. Não importa o quão bonita ela seja.

As críticas sobre mim na sala privada vinham em ondas, uma após a outra.

E Renan, por quem eu tinha uma paixão secreta por tantos anos, não os impedia, não refutava e, ocasionalmente, até concordava com algumas palavras.

Eu fiquei do lado de fora da porta, meu coração afundando em um abismo, vazio e dolorido.

Por um momento, quis abrir a porta e confrontar Renan em voz alta.

Perguntar por que ele mentiu para mim.

Perguntar se ele sentiu um pingo de culpa ou compaixão ao me ver apanhar para protegê-lo.

Perguntar se, ao fazer tudo isso, ele pensou em nossa amizade de mais de uma década.

Mas, no final, as palavras de minha mãe ecoaram em meus ouvidos:

"Não faça coisas desnecessárias. As pessoas não apodrecem de repente."

Eu me virei e saí daquela sala.