Olhei no meu relógio de pulso e nele marcavam 18:27 da tarde. Estávamos parados no sinal vermelho e ouço meu celular tocar no porta-luvas e o atendo.
— Ei, bora aproveitar e correr até lá? — Hector pergunta como um desafio.
— Seu Plymouth Barracuda aguenta? — brinquei.
— Isso é um clássico — ele diz.
— Corinthians e São Paulo também — respondo. — Vamos correr, amigo. — Desligo o telefone e o guardo no porta-luvas.
Faço meu motor cantar, aquele som clássico de um carro antigo. Ouço o motor de Hector também, e isso me deixa extasiado.
— Vamos lá, amigo — falo em murmúrio e olho para ele, do seu carro. Ele faz um sinal de positivo.
O sinal de vermelho passa para verde e nós começamos a correr.
...
Hector pegou a dianteira na reta, mas eu logo estava encostado em sua traseira. Estávamos chegando à curva, e quando a fizemos meu carro ultrapassa o dele, e dessa vez, Hector quem via a traseira de meu carro. Estávamos emparelhados, um do lado do outro.
Paramos ao chegar no sinal. Abri a janela do lado do passageiro.
— Isso foi incrível! — exclamei.
— Seu carro é bem mais potente que o meu — disse Hector, mas não parecia estar abalado. — Você já mexeu nele?
— Não, nenhuma vez — respondi e voltamos a andar após o sinal ficar verde.
— Escuta — ele chama — não quer correr um pouco mais? Só que moderado agora.
— Certo — confirmo. — Já que ainda está longe.
Fechei o vidro novamente e ele fez o mesmo.
...
Chegamos ao calçadão e nos certificamos de que não estaria muito movimentada. Poucas pessoas passavam por ali. Elas olhavam os carros meu e de Hector, admiradas. Eu nunca fui de chamar muita atenção, eu era mais de boa, mais tranquilo.
— Onde será que eles estão? — saí do carro e me encostei no capô.
— Daqui a pouco eles estão por aí — Hector dá certeza.
Ele se encosta no capô do seu carro, observando as pessoas que passavam do outro lado da rua. Olhamos para a direção de um ronco de motor que se aproximava.
— Parece que ele chegou — disse Hector, olhando para o carro do Kleber.
— Aonde ele conseguiu esse Maserati 150S? — questiono. Aquele clássico era muito bonito.
— Vamos perguntar para ele — ele diz e se aproxima do carro de Kleber que estaciona pouco na frente do meu.
— E aí, rapaziada! — ele nos cumprimenta.
— Onde você conseguiu esse carro? — perguntei a ele, notando o brilho daquela carroceria.
— Meu pai que me deu, saca? — ele diz e nós confirmamos com a cabeça.
— Esse carro é muito bonito, na moral! — admirou Hector, verificando as rodas, os faróis, a carroceria. — Colocou aerofólio? Quando?
Aerofólio em alguns carros ficava muito bacana, mas em outros... nem tanto. Agora no meu carro, ele ficava muito show.
— Ah, faz uma semana — Kleber nos responde. — Então, que horas vai começar a festa? Estou doido para encher a cara.
— Mas você não vai voltar para casa? — indaguei. Não é muito bom beber e dirigir.
— E daí?
— Se você vai voltar para casa, você não pode beber — respondo.
— Relaxa, mané! — diz ele dando um tapinha no meu ombro. — Vamos para o local da festa?
— Vamos — diz Hector entrando no carro. Ele liga o motor novamente, guiando o carro até o local marcado. — Qualquer coisa eles saberão aonde nos encontrar... por causa do som.
...
Fomos até a praia e paramos em um lugar quase sem movimentação. Aquele lugar era bom, ótimo lugar para uma festa.
Descemos dos carros e ficamos parados, encostados ao capô do carro, esperando algumas pessoas chegarem para iniciarmos a festa.
— Aí, Alex — Kleber me chamou enquanto abria o porta-malas. — Tem uma gata que vem junto para a festa.
— Sério? — fiquei curioso, imaginando como seria o sorriso dessa linda garota. — Interessante.
Não demorou muito para mais carros aparecerem. Um Corolla 98, um Astra 2009, um Corvette 85, um RX-7 e um Skyline 99. Eram maquinas excelentes, mas o Skyline era belíssimo.
— E aí galera — cumprimentou um garoto que saiu do Skyline. Ele parecia se vestir bem, pois usava calça jeans com uma camiseta preta. — Tudo bem?
— Sim — respondi, cumprimentando ele com um aperto de mão. — Quem é você? Desculpe minha pergunta.
— Relaxa! — ele diz, mostrando um sorriso branco. — Me chamo Cauan.
— Eu sou Alexander. — respondo para ele.
— Muito prazer, Alexander.
— Então — uma garota sai do RX-7. — Vamos começar logo?
A garota era muito bonita, era encantadora. Ela parecia ser séria, pois até agora não havia mostrado um sorriso. Até encontrar meu olhar. E rapidamente desvio meu olhar.
— Alex, lembra da gata que eu mencionei? — olho para Kleber e a garota faz o mesmo. Ela o fuzila com o olhar. Mas ele não pareceu se intimidar. — Essa é Rebeca.
— Então, você é o Alexander? — ela diz me encarando.
— S-Sim — respondi. Eu estava tentando não ficar sem jeito na presença dela. Era um pouco complicado. — Muito prazer Rebeca. — aperto a mão dela.
— O prazer é meu — ela sorri ao retribuir meu cumprimento.
É, realmente ela tinha um sorriso encantador.
— Rebeca — Kleber a chamou. — Quem é a boneca que está com você no seu RX-7?
Olho na direção do carro da garota.
— Aquela é minha irmã — ela responde, apontando para a outra garota que estava saindo do veículo. — Iara.
Outros dois saíram de seus carros. Um rapaz de estatura 1,76 e outro 1,79. Bom, pelo menos foi o que eu deduzi.
— Oi, eu sou Manoel — disse o rapaz do Astra.
— Sou Alexander.
— Como vai Alexander? — outro garoto me cumprimenta.
— Bem, e você? — indago, apertando sua mão.
— Estou bem — ele afirma. — Eu sou João.
— E aí — diz Iara, fechando a porta do lado do motorista. — Que horas começa a festa?
— Vamos começar — Kleber pega a chave de seu carro, e abre o porta-malas. — Agora.
Meu pai vai até a cozinha e pega a chave do carro em um gancho que ali tinha na parede. Minha mãe o questiona, querendo saber, o motivo dele ter pego a chave.Ele responde que era para me "ensinar uma lição", mas não entrou em detalhes. Ela apenas balança a cabeça em sinal de entendimento.Qu
Eu estava tão nervoso que não consegui me mexer direito, e nem sair do lugar. Hector me empurrou e eu caminhei devagar até a porta, coloquei a mão na maçaneta e a girei.— Que demora, meu filho! — diz minha mãe, me dando um abraço.— Oi… mãe — retribui o
Durante a noite de sono, tive um sonho realmente estranho. Sonho que corria e que sem entender o motivo, eu sofria um acidente, em um autódromo que eu desconhecia.O sonho era tão real, que parecia ser mais realista que o anterior que eu tive na casa de Becca.Becca! Ela também estava no sonho, e parecia... triste.
Não demorou muito, e 45 minutos depois já havíamos chegado ao restaurante. Desci do carro e abri a porta do passageiro para que Maria pudesse descer.Seguro em sua mão — mesmo indo contra minha vontade — e ela sorri.— Nunca pensei que você fosse tão cavalheiro — ela diz, admirada com minha atitude.
Ao chegar em casa, deixo o carro estacionado e entro. Hector vem logo atrás, carregando nossas mochilas.Ele entrega minha mochila e logo subo para o quarto com ela em mãos. Penduro ela na cabeceira de minha cama e aproveito para me trocar.— Alex, você... Ops! Foi mal. — ele diz, fechando a porta.
Quando chegamos na escola, estaciono e Hector desce primeiro. Estava segurando nossas mochilas em ambas as mãos.Desço do carro logo em seguida, e vou a caminho da entrada da escola. Entramos no pátio, e Bárbara logo nos encontra e nos cumprimenta.— Pensei que você começaria a faltar — digo a ela.