LOGIN— Certo, já estou voltando.Depois de desligar o celular, me lembrei de como eu costumava ser no passado. Se ele não quisesse comer, eu ficava mais preocupada do que ele, a ponto de querer passar fome junto com ele.Mas agora? Hoje de manhã, quando cheguei em casa, cozinhei para mim mesma um pouco de macarrão e comi com o maior apetite! Nem me passou pela cabeça se Augusto tinha comido ou não.Foi então que percebi: não importa o quão profundo seja o amor, um dia ele simplesmente acaba.No caminho de volta, passei em um restaurante e pedi algumas comidas leves para viagem. Eu sabia que pacientes em recuperação precisavam de alimentos ricos em nutrientes, como carne, para se fortalecerem. Mas, como Augusto decidiu virar vegetariano por causa da sua primeira namorada, eu também não ia quebrar a regra dele.Com as embalagens de comida na mão, voltei para o hospital.Quando comecei a tirar os potes e a colocá-los na frente de Augusto, ele franziu o cenho com força, claramente irritado.— D
Eu dei um sorriso para ela e disse:— No dia da divisão dos bens, você vai se sentir ainda pior!Augusto falou com a voz grave:— Débora, já chega!O olhar dele estava carregado de insatisfação, então eu preferi não dizer mais nada. Mas Fabiana, por causa do que eu havia acabado de falar, quase desmaiou de tanta raiva.Mônica, vendo que Augusto não ia ceder, não teve escolha a não ser sair com Fabiana.Augusto, que tinha passado a noite inteira acordado, voltou a dormir logo depois. Aproveitei o momento para voltar para casa.Eu tinha dois motivos para isso. Primeiro, precisava pegar meu notebook. Escrever no celular era muito desconfortável e deixava meus olhos cansados. Segundo, queria falar com Glória e tranquilizá-la.Quando cheguei no andar de cima, Glória e Natália estavam juntas.Natália também tinha vindo porque soube do que havia acontecido com Cláudio.Com um rosto cheio de culpa, Natália disse:— Tia Glória, a culpa foi minha. Eu estava tão sufocada com tudo o que está acont
As palavras de Mônica mal haviam sido pronunciadas quando Augusto, não se sabe desde quando, já estava acordado e apareceu na sala.— Fui eu que pedi para ela ficar.A voz de Augusto, rouca e carregada de irritação por ter acabado de acordar, abafou instantaneamente todo o burburinho no ambiente.Fabiana imediatamente se calou e correu até ele, tentando segurá-lo pelo braço:— Por que você se levantou? O médico disse que você precisa descansar mais!Augusto se esquivou do toque dela, com uma expressão de desagrado. Ele franziu a testa e disse:— A partir de agora, não precisa mais vir aqui todos os dias. Deve ser muito cansativo para você.Fabiana o encarou, incrédula.— Augusto, você perdeu a cabeça? Débora é uma mulher vulgar, uma desgraçada! Ela e aquele Cláudio quase te mataram, e mesmo assim você tem a coragem de deixá-la aqui?Mônica também se aproximou, com a voz suave e trêmula:— Augusto, deixa que eu cuido de você, está bem? Só de lembrar da morte da minha irmã, meu coração a
Eu forcei um sorriso e disse:— Deixa assim, está bom.De qualquer forma, enquanto eu estivesse ao lado de Augusto, me sentiria desconfortável. Só precisava aguentar até ele ter alta. Depois disso, finalmente poderíamos encerrar tudo de uma vez por todas.Quando Ana foi embora, peguei os itens de higiene e fui ao banheiro tomar banho. Troquei de roupa, coloquei meu pijama e, do início ao fim, não troquei mais nenhuma palavra com Augusto.À uma da manhã, ele ainda não tinha dormido. Estava meio recostado na cama, lendo alguns documentos. Eu, por outro lado, precisava medir a temperatura dele a cada hora e, por isso, também não conseguia dormir.Decidi que passaria a noite escrevendo meu romance para me manter acordada, mesmo que meus olhos estivessem pesados de sono. Coincidentemente, o capítulo que eu estava escrevendo era sobre um marido que, após humilhar a esposa inúmeras vezes, acabava doente e internado.Mas o protagonista da minha história era bem mais miserável do que Augusto. D
— A propósito, quando vamos resolver o divórcio? — Perguntei.Augusto levantou os olhos lentamente para me encarar. Seu olhar era frio como gelo.— Por que tanta pressa? Mesmo que a gente assine agora, o Cláudio não vai sair da cadeia, e vocês não vão conseguir seguir em frente.Eu insisti:— O divórcio é um problema entre mim e você. Quanto antes resolvermos, melhor para todo mundo!Augusto abaixou o olhar para os curativos em suas costelas e respondeu com um tom preguiçoso:— Você acha que, nesse estado, eu consigo ir ao cartório com você?Eu me lembrei de quando perdi o bebê e fiquei ajoelhada na chuva, em frente à igreja, rezando pela "santa" dele. E agora ele estava reclamando de um machucado? No entanto, engoli as palavras que estavam na ponta da língua.Até que Cláudio saísse dessa confusão, eu não podia provocar mais problemas.Foi nesse momento que a enfermeira entrou com uma bacia de água morna.Eu imaginei que ela e eu revezaríamos os cuidados com Augusto e, aliviada, já est
— Tia Glória, calma. Sabe em qual hospital o Augusto está internado? — Perguntei.Afinal, Cláudio tinha feito isso por minha causa. Eu não podia simplesmente ignorar. Depois de anotar o endereço, me despedi de Glória.Enquanto olhava para o céu ainda azul pela janela, uma sensação pesada e sufocante tomou conta do meu coração.…Na ala VIP do hospital ortopédico de Cidade H, fiquei do lado de fora do quarto de Augusto.Eu podia ouvir a voz de Fabiana lá dentro, cheia de falsa preocupação, e os sons da pequena Laís brincando. Era óbvio que elas estavam ali.Eu não queria ser humilhada, então optei por esperar no corredor. Somente quando o sol começou a se pôr, Fabiana e Mônica saíram do quarto levando Laís com elas.Quando finalmente abri a porta, Augusto estava apoiado na cabeceira da cama, perdido em seus pensamentos. Ele girava o rosário entre os dedos, sem muito foco, como se sua mente estivesse longe. O peito dele estava todo enfaixado, e havia uma leve marca de hematoma no canto d







