Agatha Diniz era apenas uma bolsista pobre, apadrinhada por Manfredo Borges. Mas ela buscava mais do que caridade — ela queria adrenalina. Mergulhou com um grupo de homens no mar e, entre beijos e toques, começou a sangrar. A corrente arrastou o sangue e um tubarão apareceu. Fui eu quem a salvei, arriscando a vida para tirá-la da água. Disse apenas que ela devia procurar um médico. Ela sorriu, concordou, e, no minuto seguinte, correu até Manfredo, chorando, dizendo que eu havia manchado sua honra. Na fúria, ele me jogou viva dentro de um tubarão gigante ainda consciente. Enquanto eu gritava e socava o ventre da criatura, pescadores horrorizados imploravam: — Senhor, por favor! A sua esposa vai morrer! Ele apenas riu, abraçado à garota: — Dizem que dá pra viver um mês dentro de um peixe. Ela não ama tanto os tubarões? Que vire parte da pesquisa. Na escuridão, com o corpo preso e a alma dilacerada, acariciei minha barriga. Sussurrei ao meu bebê: — Filho, a mamãe não vai conseguir te proteger. Um mês depois, Manfredo voltou. Mas encontrou, na areia… apenas um esqueleto, embranquecido pelo sal e pelo tempo.
View MoreObservei em silêncio tudo aquilo e, naquela noite, entrei no sonho de Manfredo. Assim que apareci, ele entrou em completo desespero.— Gleice, você finalmente veio me ver...Olhei para ele com uma expressão serena. Para mim, Manfredo já não era mais o jovem sincero que um dia amei, mas sim um homem patético, arruinado por suas próprias escolhas.As mágoas, o rancor profundo... tudo isso parecia ter desaparecido.Eu não o amava mais. Também não o odiava.O que me doía era apenas uma coisa: o bebê que carregava no ventre.— Manfredo, sabe onde você mais ultrapassou os limites? — Inclinei a cabeça, oferecendo um sorriso indiferente. — Foi em me deixar trancada dentro do estômago de um tubarão por um mês inteiro.Aquele mês foi um inferno vivo. O acúmulo de gás dentro do peixe quase me sufocou. E ele escolheu acreditar nas palavras de Agatha com tanta facilidade.Agatha foi alguém que eu mesma indiquei para o curso de oceanografia. Ela faltava às aulas, reprovava, e Manfredo fingia não ver
Eu entrei sorrateiramente no sonho de Agatha, na calada da noite. Surgi diante dela, saindo de uma névoa branca e densa, e ela ficou aterrorizada.— Você é a Gleice, não é?! Não... não vem atrás de mim! Se tem alguém pra culpar, vá atrás do Manfredo!Suspirei suavemente e levei a mão ao seu pescoço, apertando.— Mas foi você quem derramou minha água, Agatha. Eu estava com tanta sede... me dá o seu sangue, vai.Os olhos de Agatha se arregalaram. Ela tentou se soltar, gritou e correu desesperadamente, mas era um sonho — não havia como escapar das minhas mãos.Na manhã seguinte, uma agente penitenciária se deparou com uma cena horrível. Agatha estava deitada, olhos escancarados, o corpo encolhido, ressecado como uma múmia. Parecia que todo seu sangue havia sido drenado.Eu pretendia ir atrás de Manfredo para concluir minha vingança, mas alguém chegou antes: Murilo.Naquele momento, Manfredo estava internado em uma ala isolada do hospital psiquiátrico, sob ordem da família Borges. Ele bebi
Agatha segurava o rosto enquanto gritava descontrolada: — De qualquer forma, eu estou grávida do seu filho! Sua esposa já morreu, ou você quer que a família Borges fique sem descendência?Manfredo explodiu: — Cala essa boca imunda! Mesmo que minha esposa esteja morta, eu jamais aceitaria esse bastardo seu! Você já foi usada por tantos, quem garante que esse filho não é um maldito bastardo?— Manfredo, você é um monstro! Eu vou te matar!Eles começaram a se agredir fisicamente, o ambiente se tornou caótico. Eu assistia a tudo como se fosse uma comédia grotesca.Das palavras soltas e gritadas entre tapas e empurrões, consegui juntar as peças do quebra-cabeça. Então isso porão da minha casa sempre foi o lugar onde esses dois se encontravam às escondidas."Foi lá também que Manfredo engravidou Agatha. E mais, ele ainda havia prometido que eu jamais teria meu próprio filho. Planejava deixar o filho dela nascer para, depois, registrá-lo como meu.Ótimo. Perfeito.Eu cerrava os punhos, o r
Ao ver o estado miserável de Manfredo, deixei escapar um sorriso frio.— Manfredo, você agora está assim por quem? Quem você acha que está assistindo esse seu teatro?Mas ele não podia me ouvir.Logo, minha família chegou às pressas. Mamãe estava em prantos, papai quase teve um infarto. Meu irmão, que sempre me protegeu, estava tão furioso que parecia pronto para matar Manfredo com as próprias mãos. Chegou a dizer que, mesmo que fosse preso, não se importava de esquartejar Manfredo e Agatha.As lágrimas ardiam nos meus olhos. Eu amei tanto o Manfredo, mas, desde o começo, meus pais e meu irmão nunca aprovaram nosso relacionamento.Meus pais me alertaram que Manfredo não parecia ser alguém confiável. Meu irmão sempre dizia que havia muitos homens melhores do que ele em Cidade Aeronis, e que arranjaria alguém digno de mim. Mas eu era teimosa, insisti em casar com Manfredo, até ameaçando romper com a família.Nunca imaginei que em apenas alguns anos, perderia a própria vida por essa esco
A polícia colocou Manfredo e Agatha frente a frente em uma sala de interrogatório.Com os olhos vermelhos de raiva, Manfredo perguntou:— Foi você mesmo quem foi estuprada naquela época?Agatha ficou pálida e, forçando um ar de fragilidade, apertou os olhos até escorrerem algumas lágrimas.— Manfredo, por que tocar nesse assunto agora? Aquilo foi um trauma psicológico pra mim...De repente, Manfredo bateu na mesa com força e avançou, agarrando seu pescoço.— Fala a porra da verdade! Ou eu juro que você nunca mais vai ter um dia de paz na vida!O policial interveio com um grito, impedindo que Manfredo a matasse ali mesmo.Só então Agatha mostrou verdadeiro medo, e tremendo, começou a contar a verdade.Na realidade, naquela noite, ela não foi apenas uma espectadora — foi cúmplice. Mesmo sendo uma estudante bolsista, Agatha nunca se dedicou aos estudos, usava o dinheiro que Manfredo lhe dava para comprar artigos de luxo. Com medo de não conseguir que ele se apaixonasse, ela armou um plano
Com um estrondo abafado e pesado, o gás acumulado no interior do peixe explodiu com violência.— Aaaah!— Corram! A barriga do peixe explodiu!Gritos desesperados ecoaram pela praia enquanto todos saíam correndo em pânico. Pedaços de carne putrefata misturados a fluidos viscosos voavam para todos os lados, espalhando um fedor tão insuportável que parecia uma arma biológica. O odor era nauseante, sufocante, insuportável.Com a explosão, meus membros também foram lançados para longe.A gosma respingou direto no rosto de Manfredo, sujando completamente seu terno sob medida. Ele ficou paralisado, os olhos arregalados, imóvel, como se tivesse sido atingido por um raio. Aquele homem, sempre tão vaidoso, não se importava mais com a sujeira nem com o cheiro. Apenas sussurrou, atônito:— Gleice?Mas o que jazia ali não era mais eu. A carne já havia se decomposto a ponto de se desfazer com o menor impacto. Restava apenas uma ossada disforme, grotesca, mais assustadora que qualquer zumbi de filme
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