Meu amigo de infância prometeu que assim que terminássemos a faculdade, iríamos nos casar. Mas no dia da formatura, perante todos, ele se ajoelhou não para mim, mas para Ana, aquela falsa herdeira. Para o mundo, Ricardo era o herdeiro zen do círculo social, um homem que, mesmo tendo conquistado a mulher de seus sonhos, não hesitou em exibir sua paixão por mim após o pedido de casamento. Durante cinco anos de um casamento em que fui tratada como uma rainha, recebendo todo o carinho e atenção possíveis, me deixei enganar acreditando nesse conto de fadas. Até que um dia, por acaso, ouvi uma conversa entre Ricardo e um amigo dele: — Ricardo, agora que a Aninha virou celebridade, você ainda vai continuar fingindo para Júlia? — Não consegui casar com a Aninha, então tanto faz. Pelo menos, estando comigo, ela não atrapalha a felicidade da Aninha. Quando descobri todos os escritos deixados por ele, cada um deles tinha o nome da Ana. “Que Ana se liberte do que a prende, que ela encontre paz... Que seus desejos se realizem, que ela nunca sofra por amor. Ana, talvez não tenhamos destino juntos nesta vida, mas tomara que, em outra, eu possa segurar sua mão.” Cinco anos vivendo uma ilusão, e então acordei. Decidi assumir uma nova identidade e, para romper de vez, planejei meu próprio desaparecimento no mar. A partir de agora, mesmo que o destino insista, minha história e a dele não vão mais se cruzar. Não nesta vida, nem na próxima.
Lihat lebih banyakO olhar de Ricardo pedia por um pouco de compaixão, trazendo toda a sua fragilidade à tona, como se ele estivesse disposto a abrir mão de qualquer orgulho apenas para continuar perto de mim.Foi então que Jorge interrompeu com um tom levemente afiado:— Sr. Ricardo, talvez eu não entenda tudo o que aconteceu entre vocês, mas sinceramente, é ela quem deveria decidir se você fica ou não? Você fala só do que sente, mas já parou para pensar no que realmente importa para ela?Ricardo ficou sem reação, abriu a boca inúmeras vezes, mas nenhuma palavra conseguiu sair.Eu o encarei, sentindo que aquela era a hora de colocar um ponto final em tudo aquilo, e falei, com uma voz tranquila e decidida:— Ricardo, não importa o que aconteceu, já faz tempo que aqueles cinco anos passaram. Mesmo que eu continue aqui, preciso admitir que você deixou de ser a minha escolha faz tempo.Enquanto eu falava, seu rosto ia perdendo a cor pouco a pouco, mas continuei:— Não me obrigue a transformar tudo o que viv
Ricardo não pareceu se importar nem um pouco com as palavras de Ana. Seu olhar permanecia colado ao meu rosto, como se só eu existisse ali.— Júlia, me escuta, por favor. Eu me arrependo demais, juro! Isso tudo foi culpa minha, fui eu que não soube dar valor a você. Só te peço uma chance, só uma! — Seu tom era quase um pedido, com uma sinceridade que eu não via fazia tempo.— Chance? — Soltei uma risada fria, jogando um olhar gelado para ele. — Ricardo, você ainda acha que tem direito de falar em chance comigo?— Eu sei que fiz tudo errado. Nunca deveria ter te deixado de lado, nunca deveria ter dado ouvidos aos outros. Toda essa culpa é minha e só minha, eu sei. Mas eu posso mudar! Só preciso do seu perdão, Júlia, me desculpa... Me dá uma chance... — Ele falava cada vez mais baixo, quase sussurrando, como se tivesse medo de ouvir meu não.— Se você quiser, faço qualquer coisa. — Ele mal terminou, já quase perdendo as forças.Vendo aquilo, Ana ficou com o rosto vermelho de raiva, tenta
Antes mesmo de terminar a frase, Ana partiu para cima de mim sem nenhum controle.Só tive tempo de me jogar na frente das crianças, tentando protegê-las, mas acabei sendo puxada com força pela blusa. As unhas dela rasgaram minha pele e logo senti o ardor do sangue escorrendo pelo braço.— Para, Ana! — Gritei, minha voz soando mais em desespero do que autoridade, mas era como se ela não escutasse mais nada além dos próprios gritos, simplesmente me empurrou ao chão, enquanto o caos tomava conta do ambiente.O susto das crianças explodiu em choros e gritos altos, espalhando ainda mais tensão.Com os olhinhos marejados, Luiz tomou coragem e correu até nós. Mesmo tremendo, ele ergueu o punho e tentou defender: — Não encosta na minha professora!Ana ficou surpresa com o gesto dele, mas logo recuperou o controle, deixando-se envolver pela raiva e respondendo com um grito ainda mais insano: — Moleque atrevido, até você resolveu se voltar contra mim?Ela já ergueu a mão para dar nele, mas con
— Vai lá, tenta de novo. Seu talento merece conquistar o mundo. — Jorge falou isso sorrindo, deixando claro que acreditava de verdade em mim.Naquela noite, depois de muito tempo afastada das tintas, resolvi pegar meus velhos pincéis. Conforme a madrugada foi passando, pintei um mar calmo com o primeiro raio de sol iluminando as águas e, refletida nesse cenário, vi apenas a minha própria imagem, livre de tantos fardos. Ao terminar, enfim entendi que aquela tela não era dedicada a ninguém, era uma homenagem a mim mesma, ao que restou em mim depois de tudo.No dia da exposição, fui surpreendida. Minha pintura chamou a atenção dos jurados de cara. Ouvi elogios sinceros, senti meu valor sendo reconhecido. Depois de tanto tempo com meu dom trancado num canto escuro, parecia que finalmente eu podia respirar fundo de novo. Mal sabia que esse novo começo mudaria tudo, rompendo de vez a calmaria que eu havia tanto buscado.Uns dias depois, estava ensinando as crianças no ateliê, explicando so
Enquanto Ricardo se perdia em lembranças antigas, eu sentia que, pouco a pouco, me afastava de tudo aquilo que já não me pertencia mais.— Professora, o que você está olhando? — Luiz, sempre curioso, chegou do meu lado, tentando espiar a tela do meu celular.Na mesma hora, fechei o aplicativo e respondi num tom leve, tentando soar natural: — Nada importante, Luizinho. Você ainda não terminou seu desenho, né? Vai lá mostrar para mim quando acabar.— Professora, você está triste? — Ele olhou para mim de lado, franzindo a testa, como se conseguisse enxergar além do que eu deixava aparecer.Por um instante, fiquei sem reação, mas logo emendei com um sorriso e tentei mudar de assunto: — Claro que não, você está inventando bobagem. Corre, vai terminar seu desenho!Luiz saiu apressado, e eu fiquei ali, encarando a tela preta do celular, perdida em pensamentos. A verdade era que, sim, havia um vazio em mim. Só que isso não tinha mais nada a ver com aquelas pessoas, e sim com tudo que essas no
Ninguém nunca soube para onde fui, nem imaginava que, no fundo, eu já tinha aceitado a solidão como única companhia até o fim dos meus dias.Quando cheguei nesta cidade nova, decidi erguer muros em volta de mim e evitei qualquer tipo de conversa ou aproximação. Fosse na hora de fazer compras, fechar o aluguel ou até resolver as contas básicas, eu sempre falava o mínimo possível, sem dar espaço para simpatia ou curiosidade. Com o passar do tempo, as pessoas começaram a me enxergar como alguém fria e estranha, então naturalmente passaram a não buscar mais assuntos comigo. E foi dessa maneira que finalmente encontrei a paz que tanto precisava.Com o pouco que tinha guardado, abri um ateliê pequeno, modesto, dedicado especialmente às crianças que queriam aprender a desenhar.Já sonhei que meu dom serviria para brilhar sob holofotes, arrancando aplausos em exposições sofisticadas. Mas agora, tudo o que mais desejo é a simplicidade de desenhar para ensinar quem ainda acreditava em sonhos.U
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