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Capítulo 6

Author: Luna Sete
— Não era para se mudar? Por que ainda não foi embora? — Rodrigo não desviou, encarando o olhar dela de frente.

— Não preciso que você diga, eu mesma vou embora. — Luísa pegou a mala. — Um lugar cheio de lixo como este, eu não aguento ficar nem mais um segundo.

Assim que terminou de falar, virou-se e saiu, sem perder tempo.

Ao ver a determinação dela, o olhar de Rodrigo escureceu um pouco.

— Espere.

Luísa parou os passos.

Antes que pudesse abrir a boca, o olhar dele caiu sobre a mala dela e ordenou aos seguranças do lado de fora:

— Levem a mala da Srta. Luísa para fora e verifiquem se não há nada que não pertença a ela.

— O que você quer dizer com isso? — Luísa instintivamente protegeu a mala.

— Considerando que você tentou roubar joias agora há pouco, é difícil acreditar que não colocou mais nada aí dentro. — Rodrigo sabia exatamente como irritar alguém. — Verificar é melhor para todos.

— Então, no seu coração, é assim que me vê? — Nos olhos de Luísa havia uma mistura de decepção e raiva.

Por um instante, o coração de Rodrigo amoleceu. Mas, lembrando da firmeza com que ela disse que iria embora, respondeu sem expressão:

— Sim.

Foi como se uma lâmina cortasse o coração dela.

Ela podia aceitar que ele não a amava. Podia aceitar o desprezo, a frieza, a indiferença. Mas não podia aceitar ser humilhada diante de Tatiana. Isso não era só uma dúvida sobre o caráter dela, era como um tapa na cara.

— Eu não aceito que você invada minha privacidade. — Luísa segurou a alça da mala com mais força do que nunca. — Se for insistir, chama a polícia para investigar, ou corta minha mão para arrancá-la da mala.

Ela o encarava, como sempre, sem se render, inflexível.

Rodrigo se aproximou e, diante do olhar firme e obstinado dela, começou a abrir os dedos que seguravam a mala, um por um.

Ela usou toda a força que tinha para segurar, mas, mesmo assim, Rodrigo quebrou a resistência dela com facilidade.

Ele entregou a mala ao segurança, com a frieza de quem lida com negócios.

— Levem para verificar. Não deixem nenhum canto passar.

— Sim, senhor. — Respondeu o segurança, direto.

— Rodrigo! — Luísa tomou de volta a mala, os olhos marejados.

Desde pequena, nunca havia engolido uma humilhação dessas.

O rosto de Rodrigo estava vazio, os olhos sem a menor sombra da antiga ternura.

— Precisa mesmo pisar na minha dignidade para se satisfazer? — Naquele instante, todo o orgulho de uma vida inteira se desfez. A filha rica em decadência não passava de ruínas. — Não acredito que você não saiba que eu jamais pegaria nada seu!

No fundo, Rodrigo sabia. Ele conhecia Luísa melhor do que ninguém. Sabia que ela nunca pegaria nada que não fosse dela. Mas queria que ela entendesse as consequências de fazer a escolha errada.

— Talvez seja melhor deixar para lá. — Tatiana, percebendo pela expressão dele que ele ainda hesitava, resolveu intervir, oferecendo uma saída. — Afinal, vocês ainda são marido e mulher. Mesmo que ela levasse algo, seria direito dela.

— Você pode, por favor, ficar calada? — Luísa, como sempre, desprezava Tatiana.

Na cabeça de Rodrigo, ela era tola. Com esse temperamento impulsivo, que não pensa nas consequências, só sofreria derrotas no mundo lá fora.

Por que não podia simplesmente ficar quieta ao lado dele?

— Vá embora. Pelo bem da Tatiana, vamos deixar isso de lado desta vez. — Ele não a apertou mais, mas as palavras soaram como outra humilhação para Luísa.

Ela puxou a mala de volta para si e, justo quando se preparava para jogar mais algumas verdades na cara dos dois, o mordomo apareceu.

— Sr. Rodrigo, Srta. Luísa, o jovem mestre voltou. — Ele anunciou.

Todos se calaram de repente.

Antes que pudessem reagir, logo atrás do mordomo entrou Cacá, com o rostinho adorável, vestindo um macacão de alças.
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