Capítulo 6

Leonardo não voltou a noite toda.

Olívia acordou bem cedo.

Olhou para o celular.

Ainda não eram seis da manhã.

Os outros na casa antiga ainda não haviam acordado.

Olívia vestiu uma roupa de corrida e saiu para correr.

Ela deu algumas voltas ao redor da propriedade.

Fazia muito tempo que não sentia o suor escorrendo assim.

Desde que se casara com Leonardo, sua vida girava em torno dele e da empresa.

O tempo restante era dedicado a cuidar da avó.

Olívia raramente reservava tempo para si mesma.

Antes de se casar com Leonardo, ela adorava esportes radicais.

Escalada, mergulho, bungee jumping, maratonas.

Ela amava qualquer atividade que estimulasse seus nervos.

Agora, ao retomar a corrida, depois de apenas algumas voltas, ela já se sentia cansada.

Parou no meio do caminho para descansar, bebeu um pouco de água e enxugou o suor da testa.

O sol já estava quase nascendo e o ar começava a ficar úmido.

Ela parou de correr, decidindo que da próxima vez deveria acordar ainda mais cedo.

Precisava manter esse ritmo.

Assim que fechou a garrafa, ouviu uma respiração ofegante atrás dela.

Ela se virou e, antes que pudesse ver direito, um grande border collie correu em sua direção e pulou em seus braços.

Uma voz masculina, clara e profunda, soou em seu ouvido, com um leve tom de repreensão.

— Ervilha, não pule nas pessoas.

O border collie, chamado Ervilha, foi puxado pelo homem.

Antes que Olívia pudesse se levantar, uma mão de ossos longos e elegantes se estendeu em sua direção.

Olívia ergueu o olhar e encontrou os olhos profundos do homem.

— Desculpe, senhorita. Faz muito tempo que não trago a Ervilha para passear. Ela ficou um pouco animada demais. Espero que não se importe.

Olívia colocou a mão na dele e foi ajudada a se levantar.

Depois de se firmar, ela olhou para o homem e sorriu.

— Não tem problema.

Sua garrafa de água havia sido derrubada para longe.

Quando ela estava prestes a pegá-la, o homem falou novamente.

— Ervilha, vá buscar a água.

Dizem que os border collies são muito inteligentes.

Antes, Olívia só tinha ouvido falar na internet.

Agora, ela via com os próprios olhos.

Ervilha parecia entender a linguagem humana.

Ela se virou e trouxe a garrafa de volta.

Olívia, que originalmente não gostava muito de animais, não resistiu a se agachar e acariciar a cabeça de Ervilha.

— Boa garota, Ervilha.

Ervilha sentou-se aos pés de Olívia, com a língua para fora.

O homem sorriu.

— Ela não costuma ser assim.

— Não se preocupe, ela é adorável. — Disse Olívia, sorrindo.

O homem estendeu a mão.

— Já que o destino nos uniu, que tal nos conhecermos?

Olívia sorriu e se virou.

— Por enquanto não. Tenho um compromisso. Nos vemos na próxima, se o destino quiser.

Ela não tinha mais energia ou disposição para conhecer novas pessoas.

Seu mundo era muito pequeno.

— Adeus, Ervilha. — Disse Olívia para a cadela.

Depois, acenou para o homem com o olhar, pegou sua água e foi embora.

Samuel observou as costas de Olívia se afastando, seus olhos profundos e significativos.

Depois de um tempo, ele sorriu, olhou para Ervilha e acariciou sua cabeça.

— Bom trabalho, Ervilha.

Dito isso, ele se virou e levou Ervilha na direção oposta.

...

Olívia voltou para a casa antiga.

Assim que entrou, viu o carro de Leonardo.

Ele já havia retornado.

O coração de Olívia não se abalou.

Ele provavelmente voltou antes que a avó e os outros acordassem para evitar preocupações.

Olívia não deu importância, entrou no banheiro e se preparou para tomar banho.

Assim que entrou, viu a camisa branca do homem jogada na beirada da banheira.

Ela não pretendia prestar muita atenção, mas um olhar foi o suficiente para ver a marca de batom na gola.

Era extremamente chamativa.

Os olhos de Olívia pareceram arder, e ela desviou o olhar instantaneamente.

Quando estava prestes a fechar a porta, Leonardo apareceu de repente, bloqueando seu caminho.

Olívia ergueu o olhar e encontrou seus olhos profundos.

— Algum problema? — Sua voz era fria.

O rosto de Leonardo estava um pouco sombrio.

— A conversa foi boa?

Olívia ficou surpresa por um momento, depois percebeu que Leonardo havia visto a cena de antes.

Mas ela não tinha a intenção de explicar.

Agora, com quem ela estivesse ou sobre o que falasse, não era mais da conta dele.

— Foi ótima. — Respondeu Olívia.

Leonardo permaneceu em silêncio, seus olhos profundos parecendo ter um poder intimidador, apenas a encarando.

Olívia perdeu a paciência e o empurrou.

— Vou tomar banho. Saia.

Leonardo não apenas não saiu, como entrou e a pressionou contra a porta.

No espaço apertado, o belo rosto de Leonardo se aproximou de repente, e o coração de Olívia pareceu falhar uma batida.

Ela franziu a testa.

— O que você está fazendo?

Leonardo sorriu, mas o sorriso não alcançou seus olhos.

— O que eu estou fazendo? Olívia, por que você não se pergunta a mesma coisa?

Olívia achou seu comportamento inexplicável e não quis responder.

— Saia, eu vou tomar banho.

Leonardo de repente agarrou suas mãos, prendendo-as contra a parede, e seu corpo se aproximou abruptamente do dela.

Seu hálito quente tocou o rosto de Olívia.

— É por causa dele que você quer o divórcio?

Olívia olhou para Leonardo, um tanto confusa.

Mas logo entendeu o motivo.

— Olívia, não se esqueça de onde estamos. Como a nora mais velha da família Mendes, fazer algo assim sob o nariz dos mais velhos, você não acha que isso viola a decência e a moral?

O coração de Olívia pareceu ser picado, afundando um pouco.

Então, era assim que ele a via.

Ela não queria explicar nada.

Se isso acelerasse o divórcio, que assim fosse.

Seu rosto estava impassível, sem qualquer emoção.

— Leonardo, assim que você assinar o acordo de divórcio, minhas ações não terão mais nenhuma relação com a família Mendes, nem com você. Não lhe causarão nenhum problema.

O rosto de Leonardo escureceu completamente.

Sua mão grande apertou o queixo de Olívia, seus olhos profundos brilhando com um toque de frieza.

— Você acha que eu vou realizar o seu desejo? Quando seu pai se ajoelhou implorando para você se casar comigo, por que não pensou na situação de hoje?

Os olhos de Olívia piscaram.

— Ninguém pode prever o que acontecerá em alguns anos, não é?

Olívia o encarou diretamente.

— Ou será que você se apaixonou por mim e não quer o divórcio? E a Eunice, o que ela significa?

Leonardo riu baixinho.

— Olívia, você não está se superestimando um pouco? Entre nós, há apenas interesses, não sentimentos. Você deveria saber disso desde o início. Não deveria esperar tanto.

Olívia fechou os olhos, uma onda de cansaço a invadindo.

Sim.

Foi ela quem acreditou tolamente que, mesmo em um casamento arranjado, poderia aquecer o coração dele.

O que ela recebeu em troca foi o cuidado excessivo dele por outra mulher.

Por isso, ela não queria mais esse casamento.

— Já que você também pensa assim, então assine. Eu desaparecerei da sua vista em breve.

Leonardo a soltou e ajeitou as mangas, sua voz calma.

— O casamento que você tanto se esforçou para conseguir, eu naturalmente não a deixarei sair facilmente. Não mencione mais este assunto, não quero ouvir. A saúde da vovó não está boa agora, não fale sobre isso na frente dela.

Leonardo saiu.

O banheiro voltou a ficar em silêncio.

Olívia se apoiou na parede, seu corpo deslizando lentamente para o chão...