Capítulo 7

Olívia tomou um banho.

A água escorria por seu rosto.

Ela secou o corpo sem expressão e saiu.

O banho a fez se sentir muito melhor.

Quando saiu, Leonardo já não estava mais lá.

Dona Mendes esperava por Olívia no andar de baixo.

Ao vê-la descer, ela rapidamente lhe entregou algo misteriosamente.

— Pegue.

Antes que Olívia pudesse ver o que era, Dona Mendes sussurrou em seu ouvido.

— Use com o Leonardo quando voltarem. Não se esqueça.

Com medo de desapontar Dona Mendes, Olívia concordou.

Depois de sair, ela não resistiu e deu uma olhada.

Assim que abriu, parou por um instante, o rosto levemente corado.

Eram brinquedos eróticos.

Olívia não tinha a intenção de usá-los.

Além do fato de Leonardo nunca a ter tocado, agora que eles haviam chegado a esse ponto, não haveria mais relações entre eles.

Mas ela também não os jogou fora.

Colocou-os no porta-luvas do carro e dirigiu para a empresa.

Ela havia decidido se demitir.

Nos anos em que esteve na empresa, Olívia conquistou muitas honras para Leonardo, tornando-se seu braço direito.

Agora que era para cortar, que fosse um corte limpo.

Ao chegar na empresa, quando Olívia estava prestes a subir, foi parada pelo assistente especial, Mateus.

Mateus era sério e formal, seu terno preto destacando sua rigidez.

Seu olhar também era extremamente frio, todo o seu ser parecia gritar "robô".

Se não tivessem trabalhado juntos por tanto tempo, Olívia pensaria que ele era um robô de verdade.

— Eu quero ver o Leonardo.

Mateus não cedeu um centímetro, seu olhar ainda mais frio.

— Estamos na empresa agora. Por favor, Sra. Olívia, observe a etiqueta. Chamar o Sr. Leonardo pelo nome assim, ele não vai gostar.

Olívia riu levemente, um sorriso fraco nos olhos.

Antes, ela se importaria com o que Leonardo gostava ou não, tentaria seguir suas regras.

Agora, prestes a se divorciar, de que adiantava se importar com isso?

— Então, por favor, entregue meu pedido de demissão a ele.

Olívia estava sendo o mais cortês possível com Mateus.

No entanto, o olhar de Mateus já estava gelado, sem qualquer margem para negociação.

— A demissão precisa ser solicitada com um mês de antecedência. Por favor, faça a solicitação primeiro.

Olívia comprimiu os lábios, sem dizer mais nada, olhando fixamente para ele.

Como podia existir alguém tão inflexível?

— Se você me deixar subir agora, eu descerei em breve. Caso contrário, você também estará atrasando os assuntos do Leonardo.

A testa de Mateus se franziu levemente.

Ele olhou para a mulher à sua frente, um traço de desdém surgindo em seus olhos frios, desaparecendo rapidamente.

Ele não gostava muito de Olívia.

Como mulher, depender completamente de um homem estava totalmente fora de seus critérios para uma parceira.

O Sr. Leonardo também não parecia gostar muito da Sra. Olívia, então ele entendia perfeitamente os desejos do chefe.

Não deixá-la subir era uma forma de ser responsável pelo Sr. Leonardo e pela Srta. Eunice.

Olívia não queria mais prolongar o impasse.

Mesmo com seu bom temperamento e desejo de evitar conflitos, era difícil não ficar séria.

— Mateus, acho que você não está ciente da sua posição.

Assim que terminou de falar, ela passou por ele, com um olhar afiado, e entrou.

Por um segundo, Mateus ficou realmente intimidado por seu olhar.

Quando se recuperou, correu atrás dela.

— Sra. Olívia, a senhora não pode subir!

Raramente ele mostrava alguma emoção.

Olívia já havia entrado no elevador privativo, que só ela e Leonardo tinham cartão de acesso, um corredor exclusivo.

Originalmente, Olívia não o tinha.

Foi Dona Mendes quem disse que aquilo não era apropriado.

Por isso, ele deu a Olívia um cartão também.

Como sua esposa de fachada, a etiqueta deveria ser impecável.

Sua aparente consideração era, na verdade, distanciamento.

Cada célula de seu corpo exalava frieza.

Olívia viveu assim por seis anos, suportou por seis anos.

Ela não queria mais suportar.

Ela abriu a porta do escritório, sua mão na maçaneta hesitou.

Um grito de menina veio de dentro do quarto.

— Ah!

Eunice, quase nua, estava semi-deitada sobre Leonardo.

Ele, no entanto, permanecia impecavelmente vestido, sem um pingo de indecência.

Olívia entrou sem aviso, quebrando a atmosfera sensual.

Eunice agarrou suas roupas e começou a se vestir, explicando enquanto o fazia.

— Sra. Olívia, não me entenda mal. Eu só... minhas roupas molharam, então vim trocar.

Seu rosto estava vermelho, e sua voz foi diminuindo à medida que explicava.

O rosto de Leonardo estava gelado.

Ele puxou Eunice para trás de si, em uma postura protetora, e seu olhar para Olívia tornou-se gélido.

— Quem te deixou entrar?

Nesse momento, a mente de Olívia deu um branco, um curto-circuito.

A voz ansiosa de Mateus veio de trás.

— Sra. Olívia, você não pode...

Mas ao ver a cena, sua voz parou.

Com o novo grito de Eunice, ele se virou imediatamente.

— Sra. Olívia, por favor, desça comigo! Este é o meu trabalho, não me dificulte as coisas!

Os olhos de Olívia arderam, seu peito apertado como se uma mão grande o estivesse esmagando.

A janela do escritório estava claramente aberta, mas ela mal conseguia respirar.

Ela forçou sua voz a soar calma e entrou, ignorando a cena.

Quando Mateus tentou impedi-la, Olívia lançou-lhe um olhar gelado, e ele soltou a mão.

Ele estava verdadeiramente intimidado pela atitude de Olívia.

Olívia entrou calmamente, sem sequer olhar para Eunice, e colocou os papéis da demissão na mesa.

Não havia emoção em seus olhos.

— Leonardo, assine.

Leonardo olhou para Olívia com olhos frios, enquanto Eunice estava firmemente protegida em seus braços, totalmente abrigada.

— Olívia, eu já disse, nós não vamos nos divorciar.

— São os papéis da demissão. — Disse Olívia.

Leonardo franziu a testa.

— Você quer se demitir?

Olívia estava prestes a falar, mas ele não lhe deu a chance.

— Saia primeiro.

A situação atual não era propícia para conversas.

Olívia deixou o acordo de demissão sobre a mesa e saiu diretamente.

Leonardo observou suas costas se afastando com determinação, sentindo um aperto no peito, como se algo estivesse desaparecendo silenciosamente.

Mas, no final, ele não a impediu.

Porque ele sabia que Olívia não iria embora.

Portanto, não gastou energia com ela.

Leonardo tirou o paletó e o entregou a Eunice, seu rosto não mais com a ternura de antes.

— Vá para dentro e troque de roupa.

Eunice mordeu o lábio, parecendo um pouco perdida.

— Obedeça.

Leonardo acendeu um cigarro e ficou na janela, olhando para baixo.

Olívia entrou em seu carro sozinha e partiu, sem hesitação.

Seus olhos não mostraram nenhuma emoção, como se aquele carro que partia fosse voltar.

...

Depois de sair, Olívia contatou o ateliê que havia visto antes, o local que ela havia escolhido.

Desde que soube que Leonardo arriscaria a vida por Eunice, ela começou a planejar.

Ela esperava por este momento.

A ligação foi feita e a pessoa do outro lado atendeu.

— Olá, seria possível ver o ateliê agora? — Disse Olívia.

O homem parecia ter acabado de acordar, sua voz um pouco rouca.

— Sim, é possível. Me diga quando você vem.

A voz era familiar, mas Olívia não teve tempo para pensar muito e concordou.

Quando ela chegou, o homem já estava lá.

Ela desceu do carro e sentiu que as costas dele pareciam cada vez mais familiares.