Agarrei o telefone com as mãos trêmulas, minha mente girando em pânico enquanto encarava o agiota do outro lado da linha.
"Eu já te disse, eu não tenho o dinheiro agora," protestei, com a voz vacilante.
A voz do homem era fria, cortando-me como uma faca. "Do que você está falando? Você já teve tempo suficiente, Bianca. Quero meu dinheiro, e quero agora."
Fechei os olhos, lutando contra as lágrimas de frustração. Eu tinha perdido tudo, cada centavo... Talvez se eu tentasse explicar a situação...
"Eu tinha o seu dinheiro. Estava tudo guardado, e eu ia te pagar." Solucei alto e limpei uma das lágrimas com as costas da mão. "Mas meu ex-namorado o roubou de mim. Ele foi embora e levou todo o meu dinheiro. Estou completamente falida. Vou resolver isso, só preciso de mais tempo—"
"Mais tempo?! Eu pareço estar brincando? Você acha que sou algum tipo de idiota?"
"Por favor, eu—"
"Você tem três dias, Bianca. Três dias. E é bom me mostrar meu dinheiro de novo, ou as consequências serão severas para você."
Antes que eu pudesse responder, a ligação foi cortada. Abalada, encarei o telefone por alguns segundos, ainda tentando processar tudo.
Meu coração afundou. Eu sabia que não havia como conseguir aquele tipo de dinheiro em tão pouco tempo. Mas...
Eu não podia desistir ainda. Minha mãe estava no hospital e precisava de dinheiro para a cirurgia. Minha irmã havia sido enganada e assediada por um agiota cruel e não conseguiu nenhum dinheiro. Eu também fui roubada pelo meu ex-namorado, que levou todas as minhas economias. E agora, a situação era desesperadora.
Com a voz ainda trêmula e lágrimas nos olhos, comecei a procurar alguém que pudesse me ajudar. Pensei em vender meu rim, mesmo sabendo que isso só cobriria os custos da operação da minha mãe por três meses.
Enquanto rolava a lista de contatos, meu olhar caiu sobre um número que, mesmo após todos esses anos, ainda estava fresco em minha memória.
A princípio, o enorme prédio não me intimidava, nem os funcionários esnobes que me olhavam de cima a baixo com superioridade. Os corredores brancos, imaculadamente limpos como os de um hospital, eram longos o suficiente para que, quanto mais eu andava, menor eu me sentia.
Quando finalmente cheguei à recepção do escritório, a mulher loira, com algumas rugas, me olhou antes de chamar o chefe:
"Sr. Takahashi, a Srta. Evans está aqui."
Fiquei apenas observando enquanto a secretária acenava com a cabeça e me informava: "Ele está esperando em seu escritório."
Respirei fundo, reunindo toda minha força para enfrentar o homem que poderia ser minha única esperança. Agradeci à secretária com um aceno e me dirigi à porta indicada.
Meu coração disparou quando cruzei o limiar do escritório de Masato Takahashi. A sala era opulenta, com móveis luxuosos e uma vista panorâmica da cidade através de grandes janelas. Masato estava sentado atrás de uma imensa mesa de mogno, com uma expressão séria e indecifrável.
"Bianca," ele disse, sua voz profunda ecoando pelo espaço. "Que prazer vê-la novamente."
Forcei um sorriso tenso enquanto me aproximava da mesa. "O prazer é todo meu, Masato."
O homem ainda era o mesmo: os mesmos músculos tonificados sob o terno, as mesmas mãos fortes e levemente calejadas, os olhos negros em formato de amêndoa, capazes de intimidar com facilidade.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Masato falou primeiro:
"Bem, não vou prolongar muito isso. Afinal, você já me contou ontem o que aconteceu." Um toque de diversão cruzou seu rosto enquanto ele inclinava a cabeça: "E que belo namorado você encontrou, hein?"
Envergonhada, senti minhas bochechas esquentarem, mas não respondi. Não, eu iria me humilhar, chorar e fazer o que fosse necessário para conseguir o dinheiro, mesmo que Masato quisesse se divertir com meu desespero.
"Acredito que nós dois podemos nos ajudar muito, e como estou me sentindo particularmente generoso, vou te dar o pagamento antes mesmo de você completar o trabalho."
"Obrigada, Masato, eu—"
Ele me interrompeu com um gesto de mão. Parei de falar, novamente cabisbaixa e envergonhada.
"Claro, não preciso dizer que, uma vez que você aceite meus termos, não há volta." Masato adotou uma expressão quase ameaçadora. "Você entende?"
Assenti sutilmente.
Dramaticamente se levantando, Masato me encarou por alguns segundos antes de colocar as mãos atrás das costas e deliberadamente observar seu escritório enquanto falava:
"Seus talentos são impressionantes. É raro eu ouvir o mesmo nome mais de uma vez quando falo sobre pessoas do seu calibre. Mas até agora, nunca pensei que isso faria diferença para mim ou para meus interesses."
Ele fez uma pausa e continuou:
"A Dama da Noite é uma das strippers mais encantadoras dos clubes de Los Angeles."
Ao ouvir isso, senti minha boca secar. "Como você sabe disso?"
Masato piscou para mim.
"Eu sei muitas coisas. Bem, como eu estava dizendo, suas habilidades—"
"O quê, você quer que eu seja sua stripper pessoal? Tudo bem, eu posso fazer isso, desde que você não revele minha identidade a ninguém."
O empresário explodiu em gargalhadas.
"Oh, querida, por que você acha que eu desperdiçaria meus recursos com alguém como você? Já tenho meu próprio entretenimento noturno, pode acreditar."
Eu queria gritar, fugir, xingar, mas me segurei. Eu precisava do dinheiro, precisava desesperadamente daquele maldito dinheiro.
Voltando ao seu comportamento sério e intimidador, Masato continuou: "No entanto, eu conheço alguém que adoraria ter um encontro com você."
Ele virou a tela do laptop para que eu pudesse ver a imagem que ele estava apontando: um homem bonito de quarenta e poucos anos, loiro e levemente musculoso. Ao lado dele estava uma mulher da mesma idade, vestida luxuosamente.
"Este é Thomas Braxton. E esta é sua esposa, Diana Braxton."
"Eu não entendo."
"Thomas é um... velho inimigo meu. Há anos, ele tenta arruinar minha reputação, espalhando boatos sobre mim e fazendo de tudo para minar meu poder social e financeiro." Ele fez uma pausa e continuou: "A ironia é que Thomas é tudo o que ele diz que eu sou. Um arrogante mulherengo."
"E o que eu tenho que fazer?"
"Thomas está tentando ganhar mais popularidade. E, para isso, quer se candidatar este ano." Masato cruzou os braços. "Mas duvido que ele seja eleito quando descobrirem todos os seus segredos. Especialmente quando descobrirem que ele está tendo um caso com uma famosa stripper da cidade..."
"Então... Você quer que eu...?"
"Você vai se infiltrar na casa dele. Seduzi-lo como a mais fascinante das joias. Fazer com que ele se divorcie da mulher que o ama... E arruinar sua reputação para sempre."
"Mas—"
"É isso, ou você não será paga," ele interrompeu rapidamente. "Então, o que me diz?"
Nervosa, olhei novamente para a tela do computador. Thomas não parecia tão ameaçador ou desagradável quanto Masato mencionava, mas que escolha eu tinha?
Reduzida a uma prostituta de um homem rico. Era isso o que estava acontecendo comigo.
Relutante, respondi em voz baixa:
"Certo. Eu aceito."
Empolgado, o empresário bateu palmas e as esfregou em contentamento.
"Ótimo. Seu treinamento começa amanhã. Você vai adorar."
"Certo. Mas quem vai... Me treinar?"
Seu olhar ficou dez vezes mais intenso enquanto ele dizia suavemente:
"Eu mesmo." E piscou, me deixando imediatamente arrepiada.
Não era a primeira vez que eu ia para o apartamento de Masato, mas daquela vez senti algo diferente no ar. Inquieta, olhei ao redor para encontrar aquilo o que me deixava nervosa, mas parecia tudo no mesmo lugar. Suando, sentei-me no sofá da sala de estar e fiquei ali, imóvel, olhando para o nada.Masato foi até a cozinha e voltou com uma bebida quente. Pelo cheiro, deveria ser chá. Com um carinho admirável, apesar da expressão fria de sempre, ele se agachou para ficar na minha altura e fez uma pequena carícia na minha bochecha antes de me entregar a xícara."Tome o máximo que puder. Vou fazer algumas ligações e você fica aqui. Se sentir fome, tem comida na cozinha. Sinta-se à vontade."Enquanto Masato fazia o que tinha que fazer, eu tentava me concentrar no calor do chá, mas minha mente estava longe. A tensão no ar era palpável, e, por mais que ele tentasse parecer no controle, eu sabia que ele também estava preocupado. Se um bilionário poderoso e magnata como ele estava sendo caçad
"O que você quer dizer com isso?" perguntei, minha voz oscilando entre a surpresa e o medo. Meu olhar alternava entre o homem e Masato, que, embora mantivesse a expressão séria, parecia menos surpreso do que eu."O nome dela já apareceu na lista," o homem continuou, ignorando minha pergunta direta. "Os Falcões Azuis estão de olho em Bianca."Eu franzi o cenho, tentando entender. "Falcões Azuis? Quem são eles?"Masato segurou minha mão com mais firmeza, e, por um momento, pensei que ele não fosse responder. Seu silêncio, porém, dizia mais do que palavras. Ele sabia exatamente quem eram os Falcões Azuis, e aquilo não era uma boa notícia."Masato..." insisti, a urgência na minha voz clara. "Quem são essas pessoas?""Não é algo com que você deva se preocupar agora," ele disse finalmente, sua voz fria e controlada. "Só fique perto de mim, Bianca. Eu vou resolver isso."A resposta evasiva me irritou. Eu odiava ser mantida no escuro, especialmente quando se tratava de algo potencialmente pe
Uma semana depois, os eventos ocorridos na “reunião social” de Thomas ainda não saíam da minha cabeça. Masato também propositalmente parecia distante, apenas fazendo as perguntas de praxe de como estavam as coisas. Nem parecia o mesmo homem sensível e perdido que surgiu no dia do enterro de minha mãe.Fiel à sua palavra, no entanto, Masato de fato resolveu dar uma ajuda financeira para mim e para minha irmã. Carmelia, que negou a ajuda todas as formas de auxílio que lhe foram oferecidas pelo empresário, mal tinha ideia de que a proposta relâmpago de emprego de uma empresa menor (uma subsidiária de Masato) vinha justamente dele. Radiante, ela me contou como deveria ter ido bem na entrevista para conseguir um cargo tão bom.Dali há mais ou menos dois meses começariam as votações para senador. Masato não disse com todas as letras, mas eu sabia que tinha exatamente esse tempo para estragar a vida social de Thomas a ponto de ficar irrecuperável. Agora eu estava em casa, mexendo no meu lap
A atmosfera no salão era uma mistura de admiração e tensão palpável. Enquanto a plateia aplaudia e comentava as obras, eu podia sentir o peso da tristeza e da frustração que tomava conta de Thomas. Ele estava ali, mas sua mente parecia estar em um lugar completamente diferente. Eu me perguntei se ele estava revivendo memórias, lembranças de um amor perdido que agora era uma parte dolorosa de seu passado.Eva, por outro lado, estava radiante. Cada sorriso que ela oferecia era como um golpe sutil, um lembrete de que ela tinha o controle. Ela se movia com graça entre os convidados, mas seus olhos sempre se voltavam para Thomas, avaliando suas reações com uma mistura de prazer e vindita."Você fez isso de propósito, não fez?" murmurei para mim mesma, incapaz de conter o desdém que sentia por aquela exibição manipuladora. Eva estava usando a arte como uma arma, transformando um momento que deveria ser de celebração em uma tortura psicológica para Thomas. Lembrei-me de quando vi a encomend
Quando finalmente voltei para a mansão, fazendo de tudo para parecer qualquer coisa, menos nervosa e terrivelmente angustiada (porque eu estava!), dei um esbarrão sem querer em… Thomas.Ele estava muito bem vestido, mas parecia um tanto pálido. Quando olhou para mim, ficou alguns segundos sem falar.“Bianca?”“Sr. Braxton. Quero dizer, Thomas.”Ele olhou para trás, de onde eu estava vindo, e me encarou de volta.“Aconteceu alguma coisa? Você deveria estar no salão.”“Não, não foi nada. Eu… Só fui respirar um pouco de ar puro no jardim.”Sua expressão se suavizou.“Sinto muito. Você sabe que não precisava ter vindo, afinal de contas. Sei que está passando por um momento muito difícil agora.”"Eu sei", respondi, forçando um sorriso. "Mas é meu trabalho, e... bem, eu não o deixaria sozinho esta noite. É um evento especial para você.”Ele assentiu, parecendo distante. Desde o dia em que pedi a ele que me levasse até a biblioteca, Thomas ficara um pouco reticente. Pensei que poderia ser de
A mansão de Thomas estava lotada.O burburinho da conversa aristocrática entre as mais diversas pessoas ali presentes me deixava atordoada, mas mesmo enjoada e incomodada em estar ali, eu sabia que precisava marcar presença. Apesar de Thomas ter dito que eu não precisava comparecer devido ao meu luto, Eva tinha um posicionamento diferente. “A morte vem para todos o tempo todo, querida”, ela havia comentado um dia antes, depois que Thomas havia conversado comigo sobre o evento. “Não podemos deixar as coisas importantes de lado.”Eu não queria causar intriga e reclamar disso com o empresário, afinal isso acabaria favorecendo minha demissão, ou pelo menos incitaria confusão dentro da casa - o que me afastaria completamente de meu objetivo. Então ali estava eu, agora, gloriosamente entediada, apenas dando algumas ordens aqui e ali, já que tudo estava minuciosamente organizado entre os outros funcionários que andei preparando durante a semana.Foi então que o vi.Um homem de beleza hipnot