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Capítulo 2

Author: Rico
Zoe estava de saco cheio de Southport, mas tinha uma última coisa para riscar da lista.

Em sua vida passada, ela nem sabia do objeto de lembrança da mãe até pouco antes de morrer — descobriu que tinha aparecido em algum leilão.

Ela jogou suas últimas coisas numa bolsa e entrou no leilão, parecendo de cair o queixo.

No momento em que aquela pulseira de pedra preciosa familiar apareceu, ela ergueu a placa.

— Trezentos mil.

Não estava na melhor condição, mas ela fez um lance alto rápido — esperando garantir sem confusão.

Bem quando o martelo começou a cair, uma voz cortou a sala.

— Quinhentos.

Zoe virou de golpe e encontrou o olhar de Vicky, que a encarou como se fosse um jogo.

Zoe cerrou a mandíbula.

— Setecentos.

A multidão começou a murmurar. Aquela pulseira não valia nem de longe aquilo tudo.

Assim que Vicky abaixou a placa, a voz de um homem cortou o silêncio.

Connor.

— Um milhão.

— Zoe, não seja difícil. Seu pai te mimou demais. Você teve mais joias do que pode contar.

— A Vicky foi mandada embora quando criança. Ela é sua irmã também, e teve que se virar sozinha. E agora você realmente vai brigar com ela por uma pulseira?

Os olhos de Connor se estreitaram.

— O que é dela não é seu.

Zoe encontrou o olhar vazio dele, e seu corpo inteiro gelou.

Connor uma vez tinha dito: "Zoe, ninguém pega o que é seu."

Agora, ele mal olhava pra ela. Só acenou com a mão.

— Vou cobrir cada lance. Vamos não perder tempo.

A sala se agitou — todo mundo captou a mensagem. Ele estava garantindo pra Vicky.

A mandíbula de Zoe apertou tão forte que ela sentiu gosto de sangue. Raiva, dor e todas aquelas memórias enterradas vieram à tona.

Em sua última vida, Connor tinha acenado com a mão exatamente assim — logo antes de suas fotos explícitas serem estampadas numa tela pública gigante.

Zoe deu uma risada amarga, olhos fixos em Connor e na Vicky de rosto pálido.

— Qual é a pressa? Vicky, só porque você é filha de uma amante não significa que pode bancar a dona da casa pegando a pulseira da minha mãe.

PÁ!

O som ecoou como um tiro. A cabeça de Zoe virou pro lado.

Ela encarou Connor, atordoada, presa no gelo do olhar enojado dele.

— Você não tem modos, Zoe. Falando assim da sua própria irmã — sua mãe te ensinou alguma coisa antes de morrer?

A cutucada acertou fundo. Os olhos dela arderam. Ela olhou para a pulseira, visão embaçando.

Ela queria falar, dizer a ele que era a única coisa que sua mãe deixou pra ela—

Mas antes que uma palavra saísse da boca, Connor já estava acenando para a segurança.

— Tirem ela daqui. Tem regras aqui. Não deixem ela estragar a festa de novo.
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