Capítulo 2

Assim que fechei o guarda-roupa, ouvi o som da porta se abrindo no andar de baixo.

Sophia, de braços dados com Willian, entrou seguindo-o de perto, parecendo mais a dona da casa do que eu.

Ao me ver, Willian ergueu uma sobrancelha e disse casualmente:

— Sophia voltou ao país e não tem onde ficar. Ela vai morar aqui conosco por alguns dias.

— Certo.

Eu assenti, sem questionar por que, com tantos imóveis em seu nome, ele não conseguia encontrar um lugar para Sophia.

Se eu perguntasse, só faria papel de boba.

Pensando nisso, falei em voz baixa:

— Você precisa que eu me mude? Para não incomodar.

Willian franziu a testa, como se estivesse insatisfeito com minha reação, e um toque de irritação surgiu em seu olhar.

— Não precisa. Apenas desocupe o quarto principal.

— Certo.

Sem hesitar, virei-me, arrumei minhas coisas e me mudei para o quarto de hóspedes.

Ao passar por nós, Sophia elevou a voz deliberadamente.

— Willian, eu tenho mania de limpeza. Lembre-se de pedir para a empregada desinfetar tudo depois, tenho medo de sujeira.

Meus passos pararam.

Instintivamente, olhei para Willian.

Eu não acreditava que ele não tivesse entendido o que Sophia quis dizer.

É claro que Willian entendeu, mas não se importou.

— Hoje já é muito tarde. Vou te levar para um hotel primeiro. Amanhã, depois que tudo estiver desinfetado, você volta.

Sophia riu e se jogou nos braços do homem, seu olhar passando por mim com um sorriso vitorioso.

— Tudo bem, mas você tem que ficar comigo, senão eu fico com medo.

Willian não hesitou, levando-a para fora.

Fiquei para trás, segurando uma pilha de pertences arrumados às pressas, parecendo uma completa idiota.

Baixei a cabeça.

A marca da aliança em meu dedo anelar ainda estava lá.

Um lembrete de três anos de autoengano.

Quando terminei a consulta sobre o acordo de divórcio, já passava das onze da noite.

Lá fora, uma chuva forte começara a cair.

O Instagram de Sophia tinha acabado de ser atualizado.

Uma foto dos dois juntos, na grande cama de um hotel.

Ela estava deitada nos braços de Willian, o rosto com maquiagem impecável exibia um sorriso doce.

A legenda dizia: [Apoiados um no outro, onde o pulso e o coração se tornam um.]

Aquele tipo de abraço, um dia eu também tive.

Foi há seis meses, logo após o funeral da minha mãe.

Três anos atrás, para pagar as despesas médicas da minha mãe, casei-me com Willian, que não me amava.

Por isso, vendi toda a minha dignidade.

Mas nem todo o dinheiro do mundo poderia comprar a saúde de volta.

Na noite do funeral, uma chuva forte caiu sobre a Capital.

Eu me escondi na escuridão do quarto, abraçando as roupas da minha mãe e chorando em silêncio.

Willian entrou, me pegou com força, me levou para a cama e me abraçou a noite inteira.

Quando minha mãe me deixou.

Quando eu estava completamente sozinha neste mundo.

Foi Willian quem me deu um abraço.

Eu quase acreditei que tinha uma família novamente.

Sério, por muito pouco.

Faltou tão, tão pouco.

Contendo o impulso de chorar, curti a publicação no Instagram.

Depois, coloquei o celular na mesa, fechei os olhos e tentei dormir.

Dez minutos depois, a tela do celular se acendeu, exibindo uma mensagem fixada.

[Ainda acordada?]

Ao ouvir o som, sentei-me.

A mensagem de Willian continuou.

[Eu vi o post da Sophia. Não pense demais, só fiquei com ela por um tempo.]

Em seguida, uma transferência bancária.

Era sua forma de dizer que o dinheiro me faria feliz.

Desde que minha mãe faleceu, eu nunca mais aceitei dinheiro dele por iniciativa própria.

Ele sempre precisava insistir várias vezes para que eu, a contragosto, aceitasse.

Mas desta vez, eu estava tranquila.

[Muito obrigada, Sr. Willian.]

Assim que enviei a mensagem, o telefone tocou.

A voz do homem soava um pouco surpresa.

— Por que aceitou tão rápido desta vez?

Antes que eu pudesse responder, Sophia pegou o telefone e perguntou com um sorriso:

— Srta. Lorena, se não estiver dormindo, poderia cozinhar um prato de massa e trazer para o nosso hotel?