Para Passar o Natal com a Assistente, o Marido Deu Calmantes à Criança

Depois de terminar as tarefas no trabalho, liguei para Renato Costa.

— Amor, não se esquece de voltar pra casa hoje pro Natal! Tenho uma boa notícia pra te contar!

Do outro lado da linha, ouvi a voz apressada de Renato:

— Lorena, surgiu um problema urgente num projeto aqui da empresa. Preciso dar uma olhada com urgência!

— A Bela já tomou o leite e dormiu. Fica tranquila!

Essas poucas palavras já deixaram meu coração apertado. Nossa filha Isabela tem pouco mais de um ano. Como eu poderia ficar tranquila deixando ela sozinha em casa?

Mas quando tentei retornar a ligação, o telefone já estava fora de área.

A cidade estava lotada de gente saindo para comemorar o Natal. Fiquei presa no trânsito, aflita, rezando para que Isabela estivesse bem.

Ao chegar em casa, percebi que estava tudo silencioso demais.

Corri até o berço. Isabela dormia profundamente. Estiquei a mão e toquei seu rostinho.

O susto foi imediato. Sua testa estava pelando. Ela já estava com febre alta.

Saí correndo com ela no colo e dirigi até o hospital. No caminho, liguei para Renato.

— Renato, a Isabela está com febre! Vem logo pro Hospital Municipal!

Do outro lado, ele pareceu surpreso por um instante:

— Como assim, com febre?

— A culpa é sua! Eu já disse várias vezes que precisamos contratar uma babá. Por que você nunca me escuta?

— Tô numa reunião. Falamos depois!

Cerrei os dentes e segurei o volante com força.

Nós até tínhamos contratado uma babá uma vez, mas ela foi pega pelas câmeras maltratando a Isabela, e demitimos na hora.

Desde então, fiquei muito mais criteriosa com a escolha. Até agora, não conseguimos encontrar alguém de confiança.

E agora, Renato ainda usava isso como desculpa pra me culpar.

Mas naquele momento, eu não tinha tempo pra brigar com ele. Furei três sinais vermelhos até chegar ao Hospital Municipal. Com Isabela nos braços, corri direto para a emergência.

Achei que fosse só uma gripe comum, mas depois dos exames, o médico veio me dizer que Isabela havia ingerido calmantes. Era preciso fazer uma lavagem estomacal imediatamente.

Foi como levar um choque.

Isabela sempre foi cuidada apenas por mim e Renato. Como ela poderia ter tomado calmantes?

Vi minha filha sendo levada para o centro cirúrgico, seu rostinho vermelho pela febre, e eu só queria poder trocar de lugar com ela.

Em meio ao desespero, tentei ligar novamente para Renato, mas o telefone continuava desligado.

...

Felizmente, uma hora depois, a cirurgia terminou bem.

Isabela foi transferida para o quarto, em observação.

Eu estava prestes a ir com ela quando o médico me chamou, com um semblante sério.

— Senhora Lorena, um momento, por favor.

Ele parecia hesitante.

— Quem costuma preparar o leite da criança?

— Eu e meu marido, os dois. — Respondi, sem entender.

— E hoje à noite, quem preparou?

— Foi o meu marido. Doutor... por quê? Tem algo de errado?

Ele suspirou e deu um tapinha leve no meu ombro.

— Se vocês tiverem câmeras em casa, seria bom dar uma olhada.

Não entendi bem o que ele quis dizer, mas não podia perder mais tempo. Corri para cuidar da Isabela.

...

Quando vi que a febre dela estava finalmente baixando, senti o alívio me invadir.

Olhei no celular. Já eram onze e meia da noite.

Estava exausta depois de toda a correria. Decidi ir até a lanchonete do hospital comprar um pãozinho qualquer.

Não esperava que, ao descer as escadas, acabasse encontrando Renato Costa, que supostamente deveria estar fazendo hora extra!

E mais do que isso, ele estava com Camila Rocha nos braços, a nova assistente dele.

— Sr. Renato, foi culpa minha... justo na hora de descer do carro, torci o pé. Não vamos poder passar o Natal como planejamos...

— Camila, nem fala isso. Torcer o pé é sério, eu fico preocupado. Olha, a gente pode comemorar aqui mesmo no hospital! A propósito, o colar de diamantes que você queria... eu já comprei faz tempo.

— Bobo...

Renato sussurrava com carinho, completamente alheio à minha presença ali no canto.

Com o peso da tristeza e da indignação, as lágrimas escorreram pelo meu rosto no mesmo instante.

Nossa filha estava internada, recém-saída da cirurgia, e ele... estava ali, flertando com a assistente.

A vida da filha não significava nada para ele.

E enquanto ele gastava fortunas com Camila, sua esposa, nunca ganhou sequer um colar de trezentos reais.

Conheci Renato na faculdade. Fomos namorados, e quando ele decidiu empreender, fui eu quem deu os vinte mil reais iniciais, tirados da poupança da minha família.

Durante os primeiros anos, vivi contando moedas, economizando cada centavo pra ajudar ele.

Mesmo depois que a empresa começou a dar certo, continuei levando uma vida simples.

Porque construir uma família é fácil. Difícil é mantê-la.

Nos últimos tempos, a empresa de Renato enfrentava dificuldades financeiras, e eu me tornei ainda mais econômica.

Na feira, brigava centavo por centavo pra conseguir os melhores preços.

Mas, no fim, ele nem se importava com meus esforços. Estava ocupado demais rindo e brincando com outra mulher.

Enxuguei as lágrimas de qualquer jeito e apertei com força o bilhete premiado de dez milhões no bolso.

Sim. Eu ganhei na loteria. Queria contar pra ele hoje, no jantar de Natal.

Ia contar também que pedi demissão, e que estava pronta pra cuidar da Isabela em tempo integral.

Mas agora...

Agora não vejo mais por que dizer nada disso.

Esse casamento de sete anos... chegou na hora de terminar.