O pai de Pillar estava cada vez mais presente na vida dela e na de Tatá.
Procurando se inteirar mais sobre o meio equino e o ambiente que fazia parte da vida da filha e também de sua futura namorada, no dia seguinte ele fez um convite totalmente inesperado para a loira.
- Ei! Um dos peões acabou de me avisar que nasceu um potrinho. Que tal se for comigo conhecê-lo? Adoraria dar as boas vindas.
- É sério isso?
Taele perguntou , seus olhos brilharam. O rosto afogueado.
- Sério.
- Sim. Podemos ver ele sim. Deixa eu só reabastecer as rações, encher os cochos de feno , Tosar a Dolly ... o que mais? Ah preparar o Tigrão para receber ferraduras novas. Aí a gente vai.
- Você tem mesmo que fazer tudo isso?
- É pouquinha coisa. Já terminei metade.
- Posso te ajudar?
- Se quiser mesmo vou agradecer.
- Eu quero.
- Então, prepare-se para a aventura. Me siga.
E Patrick executou com maestria algumas das funções de Tatá e por vezes , sentiu na pele o quanto era duro para duas mulheres cumprirem certos tipos de tarefas debaixo de sol quente e em um curto espaço de tempo , como a dona daquele haras exigia. Ele por exemplo , levou um banho ao ferrar o cavalo. Temeu a todo momento levar um coice. Tinha que se valorizar demais quem tinha que lidar com aqueles animais. Quando a noite chegava terminaram os trabalhos no haras. O local começava a ficar vazio, silencioso e escuro. Então , Taele acendeu as luzes e foram conhecer o Potrinho.
Encantada, ela encostou-se na cerca admirando-o , quando de repentes sentiu duas mãos enormes enlaçarem sua cintura. Claro que era Patrick , ela procurou não se abalar.
- Meu Deus! Como ele é lindo.
- Ele é de qual raça?
- Andaluz.
Patrick com carinho e cuidado a virou para si.
- E se a gente o batizasse? Que nome acha que mais se parece com ele?
Não foi Tatá que respondeu. Bela acabara de chegar e respondeu.
- Bartô. O potrinho tem cara de Bartô.
Sorriu á vontade em seguida . Taele se afastou sentindo-se travada e intimidada perto daquela mulher. Na verdade , sentia-se invadindo o seu espaço.
Patrick gelado, já mudara toda a sua fisionomia e o suor começara a brotar.
- Será que posso saber o que faz aqui?
Ele tentou perguntar com uma voz natural.
- Bem , querido! Para começar a minha mãe mora aqui. Esse é o nosso estabelecimento. É onde a minha filha também está morando no momento , mas hoje estou aqui para falar com você.
- Não temos nada que conversar.
- Temos. Temos sim. E muita coisa. Moça , por favor, será que poderia me deixar sozinha com meu marido?
Bela pediu a Taele em tom exageradamente doce. A outra concordou.
- Claro que sim.
Patrick interviu furioso.
- Marido? Eu não sou marido de ninguém ! Minha esposa morreu fazem mais de vinte anos.
Bela sentiu-se esfriar.
- Vem cá Patrick! Será que dá para parar com esses joguinhos e se entenderem de uma vez por todas você e Bela?
- Não tenho nada pendente com ela Tatá!
- Tem sim. E você vai resolver agora. Pelo bem de Pillar.
Dizendo isso , Tatá saiu correndo , deixando os dois sozinhos.
- Pois é! Mais sensata que você!
Bela sentenciou sendo fuzilada com o olhar. Era a primeira vez depois de vinte e poucos anos que Patrick estava frente a frente com a mulher que durante muito tempo foi o amor de sua vida. A mulher pela qual ele considerou se seria possível respirar sem tê-la do lado. A mulher que preenchia seus braços e que de um segundo para o outro escapuliu do mesmo , deixando-o cego de dor. A sua esposa Bela, sua amada. A mulher que o condenou ao luto eterno estava de volta. Viva. Encontrava-se linda e irônica bem na sua frente. Envelhecera uns anos mas mesmo assim continuava incrivelmente linda. Preservava alguns daqueles traços misteriosos que ele tanto amara no passado e o principal, o que mais o estava torturando no momento , era o perfume. Ela usava o mesmo.
Ela sorriu quando Patrick procurou tomar distância. Ele andava de um lado para o outro, sua principal característica quando estava nervoso entao, voltando-se e colocando-se na frente dela , ele cruzou os braços sobre o peito e perguntou:
- Por que?
- Calma Patrick!
- Odeio quando me pedem calma. Você sabe que eu não posso me acalmar. Está parecendo a sua mãe.
- Preciso que se acalme para podermos conversar e eu explicar tudo para você. Por que está gritando? Nunca falou assim comigo!
- Você fez por merecer.
- Ah é? E por que?
- Isso quem tem que te perguntar sou eu. O que deu na sua cabeça para abrir mão do amor que dizia ter por mim? O que deu na sua cabeça para querer se livrar de uma criança que acabara de nascer? Por que condenou sua filha a viver órfã? Órfã de uma mãe viva! Por sua culpa ela cresceu revoltada , arrumando briga com todo mundo , enfiou a cara na bebida , foi presa , tudo provocado pelo abandono da mãe e minha incompetência como pai. Acabamos com a nossa filha. Vamos ! Estou esperando uma explicação sobre tudo isso. Você não disse que queria conversar? Por que não fala nada? Fala alguma coisa.
Patrick disparava sem controle. Bela tentava argumentar , mas sua voz não a obedecia. O nervosismo era tanto que ela só tremia. Seu corpo inteiro parecia uma gelatina. Mas decidiu se concentrar para pôr um fim em tudo aquilo , foi àquele haras disposta a encerrar um ciclo importante para ela e para Pillar. Não poderia se acovardar. Suspirando fundo pela terceira vez, ela se preparou para falar:
A expectativa dominava a todos. Bela , Vasco e Pillar fizeram o exame e tudo se confirmou . O menino era sim filho dela . Era irmão legitimo de Pillar. O fato foi muito Comemorado. O rapazinho passou pelo processo sem traumas , não tinha idade para entender nada. E como prometido , o nome de Bela nunca foi mencionado a ele.Os dias seguintes começaram a fluir luz. Enfim Castanha apresentou significativa melhora. Dentro de mais 3 dias, receberia alta. Doutor Oliver era excelente veterinário, mas era também, médico do coração, pois cuidava de Pillar como ninguém.O tempo passou. Patrick e Tatá trocaram alianças e já esperavam um bebê. Era uma menina, e se agitava bastante na barriga da mãe. A mesma se encontrava agora na arquibancada de um haras internacional , onde Pillar competia saltos , montada em Castanha. A torcida era imensa.O pai não c
Ela aceitou de bom grado. Estava tão exausta que não pôde evitar cochilar até chegar no rancho. E como naqueles livros ela despertou com um beijo , mas não na boca. Na testa. Abriu os olhos devagar , ainda sem acreditar , tentando entender o que tinha acontecido. Mas nada que a surpreendesse tanto, quanto o quê ouviria a seguir. - Chegamos? - Sim Bela adormecida! - Não acredito que dormi . - Dormiu. Você está exausta. - Exausta mas muito satisfeita em ter conseguido ajudar meu cavalo. Estou tão feliz! - Vocês são dois guerreiros. - Ele está se curando. Nada disso seria possível sem sua ajuda. Obrigada. Todas as palavras que eu possa buscar não são suficientes para expressar a minha gratidão. - Gratidão tenho eu por ter conhecido alguém tão especial quanto você. - Especial? Eu ? - Sim. Você! - E será que posso saber por que? - Mas é claro! &nbs
Alegria para o coração da mocinha rebelde que chegou na clinica e encontrou castanha de Pé! Seu coração dava pulos de alegria.- Ele está curado? Já pode ir pra a casa? Ela perguntou ansiosa ao doutor Oliver.- Não. Ainda não. Hoje começamos com a fisioterapia. Preparada para ajudar?- E o que eu posso estar fazendo?- Vou te explicar. E com muita paciência doutor Oliver explicou que Castanha poderia ter lesões secundarias , mais graves que as primeiras se ele ficasse parado na cocheira. Por isso eles o colocariam em movimento. Um movimento de constância e direcionado.- O castanha pode se lembrar que sentiu essa dor? Que sofreu esse acidente?- Sim. O cavalo &e
Patrick resolveu se afastar do haras. Não cogitava a possiblidade de conviver perto de Bela e ela estava presente demais. Portanto, ele optou por voltar ao rancho só aos sábados como no começo . O dia em que ela se ausentava. Pela primeira vez na vida ele e Pillar sentaram-se na varanda da casa de Tatá , descontraídos batiam um papo cabeça e tomavam cerveja. Algo que ele nunca imaginou vivenciar. Constrangido , ele balançou a cabeça , lamentando o tempo perdido. Por outro lado , estava completamente encantado com a filha. Ela era uma garota espetacular. Bela versão dois. Elas tinham tudo e ao mesmo tempo nada a ver e isso o deixava impressionado. Ele roubou dela o ultimo pedacinho de tira-gosto: queijo assado com jiló e pedaços de fígado. A rebelde bateu o pé , pirraçando. Ele gargalhava alto. - Assim não vale não ! - Perdeu perdeu ! Sua comilona! Achou o quê? Que eu ia deixar tudo isso para você? Comeu muito mais do que eu! Direitos tem que ser iguais.
Dois dias depois estavam eles de volta ao rancho que virou um caos sem os serviços da moça. Pillar, focada na recuperação do seu animal praticamente passara a morar na clinica e as tarefas foram deixadas de lado , mesmo porque já havia sido absorvida. No haras , corria boatos de que dona Iolanda pretendia demiti-la e assim , matar dois coelhos com uma cajadada só , como diria o ditado.Afastando Taele de seus serviços , a afastaria do rancho e também de Patrick. Assim , o caminho estaria novamente aberto para Bela tentar reconquistar os sentimentos adormecidos, restaurar o casamento falido e unir a família e viverem felizes para sempre. Algo que ocorreria em um conto de fadas , mas não na vida real. Tatá se sentia de pés e mãos atadas. Não sabia o que fazer , não sabia se o que ouvira se tratava apenas de conversas, ou se havia um fundo de verdade. Fato é
Patrick tirou umas cartas da manga e fez do filminho com Tatá uma autêntica sessão de cinema com direito a pipoca , brigadeiro. Até dividiam o mesmo cobertor. Que romântico. Eles faziam maratona de filmes de amor , daqueles bem açucarados, tanto que a caixa de lenços da moça já estava pela metade. A intenção do pai de Pillar era deixar a crush no clima e dessa vez ele apostava tudo para conseguir. Até massagem no pé o cara fazia. Apesar de que precisaria muito mais para conquistar o coração dela. Encantado e curioso ao mesmo tempo ele observava cada detalhe ďela. Como gostaria que aquela fosse a verdadeira mãe de seus filhos. Se tivesse tido na vida uma esposa como Taele , com certeza Pillar não teria crescido rebelde e vasco nunca teria sido jogado no orfanato. A loira nao teria essa coragem. Os dois filhos cativaram o amor dela , ele rogava conseguir também.