No dia seguinte Patrick deixou Pillar na clínica e logo em seguida retornou com urgência para o rancho pois precisava acertar as contas com Dona Iolanda.
só ficaria tranquilo depois disso.
O local onde o animal estava era amplo, iluminado e arejado. Chorando, Pillar se ajoelhou ao lado dele, mal conseguindo acreditar que aquele era o árabe selvagem que assustava a todos com seu porte e coração indomáveis.
Abaixando-se ela beijava e acariciava o pêlo dele .
Bela então se aproximou.
- Oi meu anjo.
- Oi.
Pillar não conseguia enxergar aquela mulher como sua mãe.
- Que tal está esse nosso campeão?
- Ele parece bem.
- Ficou feliz com a sua presença. Amanhã se ele continuar como está hoje , vamos começar com a dieta dele. Ontem , eu Conversei com o meu colega e combinei com ele de liberar sua visita, para ver se assim esse rapaz reage mais depressa.
- Tomara.
- Porque ele te ama. Acredite em mim. Eu já passei por isso.
- Como era o Bonito?
- Ah que bom que perguntou minha querida! Eu gosto de falar sobre as coisas boas do meu passado e quase nao tenho palavras para descrever o quão fantástico era o meu cavalo. Só tinha olhos para ele. Me dedicava exclusivamente. Deve ser por isso que seu pai o odiava. Patrick era possessivo! Não gostava de me dividir com nada nem ninguém. Mas toda a oportunidade que eu tinha, estava lá , cuidando do meu bonitão. Nunca me importei com chuva ou se fazia muito frio. Eu amava meu menino. Brisa teve 3 filhotes. Acho que você não conheceu os irmãos do castanha.
- Não não.
- Queria tanto que alguém me falasse deles , mas acho que Patrick jamais aceitaria falar comigo sobre isso.
- Não não! Jamais ! Esquece.
- Pois é.
- E a Brisa?
- Linda! Branca ! Muito peluda ! A crina branca mesclada com preto! Sociavel ! Tinha un charme inesquecivel , mas virava uma fera indomavel quando se aproximavam do seu amado.
- Que incrivel!
Pillar ouvia o relato fascinada quando deu um pulo , assustada. Castanha acabara de encontar na sua mão o focinho gelado.
- Pillar! Olha só isso! Ele estava com saudades.
O animal então tentou se erguer olhou fundo nos olhos dela e como o esforço parecia ser muito no momento , parecendo dizer que agradecia a presença dela , ele deitou a cabeça e a inclinou sobre seu colo. Derramando lágrimas quentes. A dona beijou o focinho do animal. Bela também fazia carinho.
Enquanto isso revoltado, o pai da moça invade a casa da sogra e entra sem ser convidado. Furioso ele vai direto para o escritório já sabendo que ela estaria lá .
- Bela não morreu . E a senhora já sabia.
- Sim. Eu sabia.
- Esse tempo todo?
- Esse tempo todo!
A velha confirmou com tranquilidade .
- Mas me diz como a senhora foi capaz? Será possivel que não viu como Pillar cresceu infeliz por não ter tido uma mãe?
- Patrick espere! Me ouça!
- Não! Quem vai me ouvir aqui é a senhora! A senhora que me fez acreditar que eu velei a mulher que eu mais amava ! Sendo que ela está viva! Viva!
- Mas meu filho! Foi o que ela queria ! O que eu pude fazer?
- Filho? Que filho? Não me chame de filho! Por que Bela iria querer isso? Se afastar de mim? Ela também me amava!
- Calma Patrick !
- Calma? Como é possivel que me peça calma? Eu fui um trouxa! Eu fui enganado ! Eu fui usado!
- Tenta esquecer tudo isso! Agora seu amor está de volta. Em breve terão a oportunidade de acertar todas as contas do passado. Passar uma borracha em cima do assunto e viver, como se nunca tivessem se separado.
- Como é que é ? O que a senhora está me dizendo?
- Isso mesmo que você ouviu. Um amor como o seu e o de Bela , não pode ser negado. Unam-se Patrick. Esqueça aquela caipira! Pensem na sua filha.
- Nunca! Para minha história com Bela não existe volta. Se ela quiser , que volte para o mundo dos mortos.
E assim ele saiu batendo a porta.
- que
-
Transtornado , o homem saiu sem rumo e quando deu por si , já estava em sua casa na cidade.Uma hora. Foi o tempo máximo que ele gastou em todo o percurso. A viagem durava três. Constrangido , Patrick percebeu que toda aquela agitação estava prejudicando o filho . O pequeno estava nervoso , inquieto e até passara a responder, coisa que nunca fizera. O que o levou a começar a tomar providências, pois encarar uma segunda versão de Pillar, nem pensar. Ele não teria equilibrio emocional para tal.Enquanto isso, Taele procurava por ele em cada canto daquele rancho, em vão. Não o encontrava. Depois de hesitar por uns minutos , resolveu ligar para Pillar.- Oi meu anjo.- Oi mamãe!- Pillar querida, seu pai está aí?- Não! Hoje ele não ficou. Só me deixou aqui. Isso já deve ter umas três ho
Era 9 da noite. Pillar estava no rancho , mas sua mente estava na clinica. Saiu de lá deixando seus pensamentos e o coração todo com Castanha. Só queria seu árabe de pé! Com todo aquele glamour e espirito selvagem. Ansiava voltar a praticar saltos com ele . O animal transformou sua vida. Ela se via de repente , frente a um ser que lhe inspirou entregar um sentimento puro, uma parceria de verdade. O cavalo lhe despertara também , senso de responsabilidade. E Pillar jamais imaginou se ver mudada como estava agora. Talvez , se não fosse aquele acidente, ela até o momento ainda seria aquela jovem revoltada , rebelde , que apenas queria viver a sua vida loucamente. Sem pensar duas vezes , ela pulou da cama , pegou seu cobertor e foi procurar uma das responsáveis por muitas de suas mudanças.Sorrindo, bateu na porta do quarto de Tata.- Pode entrar filha! A porta está aberta.&nb
Bem cedo , dona Iolanda informou para a neta, carrancuda. - Você tem visitas. Melhor se arrumar. E a olhou de cima a baixo. - Bela? Ela veio me ver? - Não. Não é sua mãe. Aquela ingrata que até hoje não veio me ver. - Não a julgo. Disparou corajosa. - O que disse sua menina insolente? - Não vó! Não disse nada! A senhora que deve ter ouvido algo a mais. Bem , com licença. Vou ver quem me chama. - Vê se não demora. Está te esperando lá na quadra. Curiosa , a jovem correu até lá e com o coração na mão , viu que era o doutor Oliver amigo de Bela , profissional tão atencioso que ajudava a cuidar de Castanha. Com a s
Pillar chegou no rancho e se jogou no sofa.- Ih menina! Você está com cara de quem viu passarinho verde.- Eu saí com o Doutor Oliver . Ninguém mais ninguem menos. Ele me convidou para tomar café. Veio aqui.- E quem é esse doutor Oliver?- Médico veterinario . Faz parte da equipe da mulher que me deu a luz.- Querida, você coloca as coisas de uma maneira tão peculiar.- Mas é verdade.- E esse Doutor Oliver, te deu boas noticias? Quando nosso campeão vai voltar para a casa?- Ele não disse mas de toda a maneira Castanha vai começar a fazer fisioterapia na semana que vem e ele me sugeriu ajudar.- Que legal filha.- Tenho medo de não conseguir. Nunca cuidei nem de mim mesma.-Mas pode ter certeza que o amor te guia. Pillar querida.- Sim?- Eu ...- Fala mamãe . O que aconteceu?- Estou a alguns dias com uma coisa na cabeça.- E o que é?- Não sei como te dizer.- Fala! Está começa
Pillar se calou gelada , concordava , mas simplesmente não conseguiria imaginar como seria a sua vida sem Castanha. Decidiu então a partir daquele dia , que faria simplesmente de tudo pelo bem do seu cavalo e não o perderia. Lutaria por ele como Bela lutou por Bonito , mas a diferença era que jamais permitiria que Castanha fosse assassinado. Sabia que a avó era a responsável por toda a infelicidade que ela passava no momento. Por algum motivo dona Iolanda odiava o animal e a própria neta e queria tirar ambos de seu caminho. Com qual finalidade? Ela pensava enxugando as lágrimas. As vezes desconfiava que não estava em seu caminho ser feliz. Cresceu a vida inteira sem mãe , uma mãe que fez todos pensarem que estava morta. Cresceu ao lado de um pai que pouco a compreendeu ou apoiou. Se meteu em vários problemas , tentava inconscientemente suprir aquele vazio com bebidas eaquele relacionamento pra lá de frustrado. Quando finalmente tudo mudou , ela teve que apr
Patrick saiu do seu mundinho para dar a Pillar o apoio que sempre negou. Disposto a recuperar o tempo perdido, ele e o Doutor Oliver a acompanhavam. - Pillar, fiz novos exames no seu cavalo. Aqui está. A jovem , ao receber uma pasta com aquele monte de papéis , apenas folheou confusa. - Mas eu não entendo nada! O que significa tudo isso? - Ele continua na mesma. Eu sinto muito. - Não! Pillar , saiu do consultório do Doutor em disparada. Patrick fez questão de detê-la. - Espere. Deixa ela. É o momento dela! Ela precisa! Vai por mim. Não vamos atrás. Tenho certeza de que ela não vai fazer nenhuma besteira. O Doutor conseguiu que Patrick não a impedisse e assim
O pai de Pillar estava cada vez mais presente na vida dela e na de Tatá. Procurando se inteirar mais sobre o meio equino e o ambiente que fazia parte da vida da filha e também de sua futura namorada, no dia seguinte ele fez um convite totalmente inesperado para a loira. - Ei! Um dos peões acabou de me avisar que nasceu um potrinho. Que tal se for comigo conhecê-lo? Adoraria dar as boas vindas. - É sério isso? Taele perguntou , seus olhos brilharam. O rosto afogueado. - Sério. - Sim. Podemos ver ele sim. Deixa eu só reabastecer as rações, encher os cochos de feno , Tosar a Dolly ... o que mais? Ah preparar o Tigrão para receber ferraduras novas. Aí a gente vai. - Você tem mesmo que fazer tudo isso? - É pouquinha coisa. Já terminei metade. - Posso te ajudar? - Se quiser mesmo vou agradecer.
- Patrick , eu estava me sentindo pressionada.- Pressionada?- Sim! Não aguentava mais você me prendendo! Me vigiou a gravidez inteira!- Cuidei! Pelo bem da nossa filha.- Sabe que nunca gostei de me sentir podada. Meu trabalho era a minha vida. Eu amava meus cavalos. Era cuidando deles que eu me realizava e você quis tirar isso.- Eu só pensei em nós.- Patrick a culpa toda foi sua.- Espera aí! Minha?- Você não quis enxergar que eu tinha direito a minha individualidade. O fato de você me amar não te dava o direito de me querer só para você. Querido , não duvide nunca do amor que senti por você. Mas não me deixou outra alternativa.- O que foi que você disse? Espera! Será que não consegue ver que o que esta me dizendo não faz o menor sentido? Me amava e se fingiu de morta para se livrar