Share

Capítulo 8

Author: Joe Dabay
Enquanto Alice continuava a passear pelo shopping, ela avistou duas figuras familiares à sua frente. Um homem jovem acompanhava uma mulher grávida, claramente com um semblante irritado.

Não eram outros senão Ricardo e sua esposa.

— Amor, por favor, se acalme. Hoje você pode comprar tudo o que quiser! Só me perdoe, ok? Não fique nervosa, isso pode afetar o bebê! — Ricardo implorava.

— Ricardo! Você só pode estar me enganando! A sua família nunca teve aquela casa, não é? Foi tudo uma mentira!

— Claro que é nossa casa! — Ricardo tentou justificar.

— Então como você explica aquelas pessoas na porta hoje? Os cobradores que disseram que a casa pertence a eles? Eles deixaram sua avó tão nervosa que ela teve que ser internada no hospital!

— Amor, eu também não sei o que aconteceu! Minha mãe realmente comprou aquela casa da Alice por 2 milhões! Assim que encontrarmos a Alice, podemos transferir a escritura para o nosso nome!

— Não faz sentido! Sua mãe me disse que aquela casa ainda estava no nome da Alice e que ela só tinha "emprestado" para vocês morarem. Foi por isso que ela disse que não poderia transferir para mim. Agora você diz que compraram a casa e que podem transferir?

— Amor, olha, no final das contas, essa casa será nossa! Eu sou o único herdeiro da minha família. Tudo o que é meu será seu também. Você só precisa acreditar em mim!

— Ricardo! Como vou acreditar em você? Você disse que a casa estava reformada e que podíamos nos mudar direto, mas quando chegamos, era só um imóvel vazio. Depois, você disse que a casa era sua e agora aparece uma empresa pedindo o imóvel de volta! Eu cansei! Vocês estão me enganando desde o começo. Eu não vou ter esse bebê! Vou abortar agora mesmo!

— Amor!

Alice, que estava parada em um canto perto da escada rolante, ouviu cada palavra e não conseguiu conter um sorriso.

"Isso está ficando cada vez mais interessante."

Em apenas dez dias, a situação da família de Ricardo já havia virado um caos completo, com direito à avó dele sendo hospitalizada. Mas Alice achava que ainda podia ficar mais divertido.

Ela observou enquanto Ricardo, desesperado, corria atrás da esposa, que já estava descendo pela escada rolante. Aproveitando a oportunidade, Alice assobiou na direção dele, chamando sua atenção.

Ricardo, que estava completamente atordoado, virou a cabeça em direção ao som. Ele viu Alice encostada no corrimão de vidro, olhando para ele com um sorriso provocador.

— Alice! — Gritou ele, imediatamente parando de descer.

Por um momento, Ricardo hesitou, dividido entre correr atrás da esposa ou confrontar Alice. Sua esposa já estava na escada rolante descendo para o andar inferior.

— Amor! Amor! — Ele gritou, mas não sabia o que fazer.

Com raiva e confusão, Ricardo tomou uma decisão impulsiva: decidiu perseguir Alice.

"Se eu conseguir pegar essa vagabunda e levá-la para explicar tudo para minha esposa, vai resolver o problema!" ele pensou.

Ricardo começou a correr pela escada rolante no sentido contrário, tentando alcançar Alice. Mas ela, com passos deliberadamente lentos, começou a descer pela escada rolante do lado oposto, levando Ricardo a correr em círculos pelo shopping, tentando alcançá-la.

Alice o levou até o estacionamento subterrâneo, onde finalmente parou em um canto.

— Vagabunda! Onde você acha que vai fugir agora? — Ricardo gritou, ofegante, enquanto encurralava Alice em um canto do estacionamento. — Você me arruinou! Hoje eu vou acabar com você!

— Excelente — Alice respondeu, com um sorriso calmo. Ela fechou a porta do porta-malas do carro ao lado e, de repente, tirou uma barra de beisebol de dentro. — Eu também estava com vontade de resolver as coisas com você.

Quando Ricardo viu o taco de beisebol nas mãos de Alice, ele deu um passo para trás, assustado:

— Você... você não teria coragem de me bater, teria?

Antes que ele pudesse terminar a frase, Alice avançou e acertou a primeira pancada com força.

Ricardo tentou reagir, mas Alice não deu chance. Em questão de segundos, ela o dominou, deslocando sua mandíbula com um movimento rápido. Sem poder falar, Ricardo só conseguia gemer de dor enquanto era arrastado para um canto mais isolado do estacionamento.

Alice, que havia passado dez anos sobrevivendo no apocalipse, era experiente em combate. Ela sabia técnicas de luta corpo a corpo e não precisava de muito esforço para neutralizar um homem adulto.

No entanto, com Ricardo, ela foi misericordiosa.

Ela o espancou por meia hora, quebrando seus braços e pernas, mas sempre escolhendo os pontos mais dolorosos sem causar ferimentos fatais.

Meia hora depois, Ricardo estava caído no chão, à beira da inconsciência.

Alice, encostada na porta do carro, deu um leve chute no corpo quase inerte de Ricardo, como se ele fosse um pedaço de carne sem valor. Em seguida, ela se abaixou, pegou o celular dele no bolso e, com um movimento casual, pressionou o pé contra sua cabeça enquanto usava o aparelho para ligar para o serviço de emergência.

— Olha só como eu sou boa. Ainda estou chamando uma ambulância para você. Pode me agradecer depois. — Alice zombou com um sorriso irônico.

Ricardo quase explodiu de raiva ao ouvi-la. Se ao menos ela tirasse o pé de cima da cabeça dele, talvez ele até fosse capaz de aceitar esse "gesto de bondade".

— Vai se ferrar, sua... — Murmurou ele, com a voz fraca.

— Que ingrato você é. — Alice suspirou teatralmente, com uma expressão de falsa decepção. — Assim como sua adorável avó, você vai ter bastante tempo para refletir sobre isso no hospital.

Com um movimento rápido, Alice aumentou a força do chute, atingindo Ricardo na lateral da cabeça. Ele apagou imediatamente, desmaiando por completo.

Depois de garantir que ele estava inconsciente, Alice começou a "limpar" o local. Primeiro, ela pegou todos os documentos de identificação de Ricardo, para que a polícia ou o hospital tivessem dificuldades para identificá-lo.

Em seguida, ela vasculhou os bolsos dele e encontrou o celular. O aparelho tinha desbloqueio por impressão digital, o que facilitou tudo. Alice usou o dedo de Ricardo para acessar o celular e transferiu todo o dinheiro da conta dele para a sua.

Terminando o trabalho, Alice arrastou Ricardo até uma rua cheia de bares e o deixou no estacionamento. Foi dali que ela fez a ligação para o serviço de emergência.

Quando a ambulância chegou, Alice ficou de longe, apenas observando como se fosse uma pedestre qualquer. Ela viu os paramédicos colocarem Ricardo na maca e o levarem embora.

Enquanto isso, encostada em um poste, Alice usava o celular de Ricardo para enviar mensagens aos pais dele, avisando que ele tinha sido agredido e estava no hospital.

Depois disso, ela entrou em uma loja de celulares próxima e vendeu o aparelho.

Mesmo que a família de Ricardo denunciasse o caso à polícia, Alice sabia que levariam pelo menos três dias para rastrear qualquer pista que levasse até ela. E, quando finalmente o fizessem, o apocalipse já teria começado.

No final, Ricardo havia rendido a Alice um saldo de 30 mil reais.

Com o dinheiro extra, ela fez mais uma compra de suprimentos. Ela entrou em uma loja de conveniência perto do shopping e esvaziou vários corredores, enchendo o carro com os itens.

Enquanto colocava as últimas sacolas no porta-malas, ela ouviu um som alto: alguém havia se chocado contra a porta do carro.

Alice virou-se imediatamente, sua expressão se tornando séria.

Um homem havia desabado contra o veículo, aparentemente desmaiado.

Antes que ela pudesse reagir, um grupo de jovens bem vestidos se aproximou, rindo alto e com expressões despreocupadas. Dois deles levantaram o homem caído.

— Foi mal aí, moça. Nosso amigo bebeu demais. — Disse um deles, um homem alto e tatuado, acenando para Alice em um gesto de desculpas.

Eles levantaram o amigo e começaram a carregá-lo. O grupo estava claramente bêbado e ria sem parar enquanto se afastavam.

— Droga, o cara só tomou duas taças e já desabou! Ele sempre diz que aguenta mil copos... — Zombou um deles.

— Eu lembro que ele costumava beber bem mais antes. — Disse outro, rindo.

— Deve ser porque casou e agora vive na cama com a esposa. Não sobra energia pra mais nada!

— Hahahaha!

As risadas ecoavam enquanto o grupo se afastava, carregando o amigo no meio deles como um boneco de pano.

Alice, ainda apoiada na janela do carro, observava o grupo com atenção. Seu olhar se fixou no homem que estava sendo carregado.

Ele estava com a cabeça pendurada, o corpo rígido e os braços balançando ao lado do corpo de forma anormal. Sua pele parecia pálida demais, quase cadavérica.

Porém, enquanto caminham, o homem começou a se mexer. Ele levantou a cabeça abruptamente, como se tivesse acordado de um pesadelo.

— O que aconteceu comigo agora há pouco? — Perguntou ele, confuso.

— O que aconteceu? Você desmaiou de tão bêbado! — Respondeu um dos amigos, rindo.

— Você tá fraco, hein? Nem foi tanta bebida assim.

— Deve ser o estresse do trabalho. Preciso ir para casa descansar.

— Descansar nada! Vamos continuar bebendo! Hoje ninguém vai embora antes de ficar completamente bêbado!

O grupo continuou rindo e brincando enquanto desaparecia na esquina.

Alice permaneceu parada, observando atentamente cada detalhe. Seus olhos estavam frios, analisando a situação.

Ela abaixou a cabeça e pegou o celular para verificar as horas. A data no visor marcava o dia 9.

Em sua vida passada, o vírus zumbi havia começado a se espalhar no dia 11 de agosto.
Continue to read this book for free
Scan code to download App

Latest chapter

  • Renascimento no Apocalipse: A Rainha do Estoque   Capítulo 30

    Essa recompensa era realmente impressionante!Depois de testar os limites de sua força e velocidade, Alice entrou no Espaço. Dentro dele, estava guardado um manual de técnicas avançadas de combate.Sem perder tempo, Alice pegou o livro e o abriu. Após folhear algumas páginas, seus olhos brilharam de entusiasmo.As técnicas descritas eram extremamente precisas e brutais, projetadas para atingir pontos vitais tanto em humanos quanto em zumbis. Eram movimentos letais, acompanhados de estratégias surpreendentes e eficientes.Não era à toa que o livro era descrito como algo muito além do que a época atual poderia oferecer. Cada técnica era fruto de décadas de experiência acumulada pelos mestres do combate.Alice sentiu como se tivesse encontrado um verdadeiro tesouro e começou a estudá-lo imediatamente.Cinco dias se passaram.Durante esse período, Alice permaneceu reclusa em sua Base, dedicando-se exclusivamente ao treinamento. Todas as manhãs, ela começava o dia com uma corrida ao redor d

  • Renascimento no Apocalipse: A Rainha do Estoque   Capítulo 29

    Na manhã seguinte, Alice estava no chão, apoiada nos cotovelos, com as pernas unidas e as pontas dos pés firmes no tapete. Seu abdômen estava contraído, cada músculo do corpo tensionado, enquanto gotas grossas de suor escorriam de sua testa e caíam no chão com um som ritmado.Ela já estava mantendo aquela posição de prancha por quase uma hora. Seu corpo inteiro estava encharcado, como se tivesse acabado de sair de uma piscina, coberto por suor intenso.Durante esses dez dias de treino rigoroso, comendo cinco refeições por dia, Alice havia emagrecido consideravelmente. Mas não era uma perda de peso comum; tratava-se de uma transformação completa em sua composição física.Seu corpo, de cima a baixo, havia se tornado mais enxuto. Cada músculo agora estava bem definido, com uma tensão visível sob a pele. A gordura corporal havia despencado, revelando um abdômen marcado por músculos firmes. Não havia mais espaço para a suavidade da carne; tudo nela exalava força pronta para ser usada a qual

  • Renascimento no Apocalipse: A Rainha do Estoque   Capítulo 28

    Após assistir a transmissão ao vivo, Alice ouviu um "bip" e viu a tela do computador se apagar. O sinal havia sido cortado. Mas isso não tinha nada a ver com censura por conteúdo violento. A verdade era que o servidor do site havia caído.Embora a eletricidade e a internet ainda estivessem funcionais na cidade, os servidores espalhados pelo país não eram centralizados.Muitos sites menores, cujos servidores ficavam em casas ou escritórios particulares dos administradores, já haviam parado de funcionar nos primeiros dias do apocalipse.As empresas maiores, com infraestrutura mais robusta, conseguiam manter seus serviços por mais tempo. Contudo, até mesmo essas estavam começando a sucumbir. O colapso daquele grande site de vídeos era um sinal claro de que a "festa online" estava chegando ao fim.Em breve, ninguém mais usaria a internet para expressar suas emoções ou buscar ajuda. Todos seriam forçados a encarar de frente a dura realidade do apocalipse.Alice fechou o navegador e abriu su

  • Renascimento no Apocalipse: A Rainha do Estoque   Capítulo 27

    Os zumbis, que não comiam os homens há dias, avançavam com ferocidade, suas garras estendidas para agarrar o blogueiro. A cena era aterrorizante. Qualquer um que assistisse sentiria as pernas tremerem.Desesperado, o blogueiro correu para a pequena porta de seu quarto, fechando-a enquanto saltava para a sacada.— Eu preciso de ajuda! — Ele gritou, segurando a corda que o instrutor de academia havia jogado do andar de cima.Assim que agarrou a corda, ele percebeu que havia cometido um erro: ele estava carregando peso demais.— Você está muito pesado! — O instrutor exclamou, quase sendo puxado para baixo pelo peso do blogueiro. — Ainda dá tempo! Jogue a comida primeiro! Vamos puxá-la antes de você!— Não! Eu vou junto com as coisas! — Respondeu o blogueiro, recusando a ideia imediatamente.Naquele momento de perigo, ele sabia que, se entregasse toda a comida, não teria garantia de ser salvo. O instrutor poderia simplesmente deixá-lo para trás.— Então jogue pelo menos um pouco fora! — Gr

  • Renascimento no Apocalipse: A Rainha do Estoque   Capítulo 26

    Agora era o décimo dia desde o início do apocalipse. Este momento já não tinha nada a ver com os primeiros dias de caos.Os anúncios de resgate nas rádios haviam cessado completamente, e nenhuma nova mensagem oficial do governo era transmitida. A falta de comida nas casas estava levando o desespero das pessoas ao limite.Nos últimos dias, moradores começaram a sair de suas casas em busca de alimentos. Mas o resultado era sempre o mesmo: ou morriam de fome ou eram mortos pelos zumbis.Quando alguém era levado ao extremo, o medo dos zumbis diminui. Porém, com essa nova onda de pessoas saindo para procurar suprimentos, a quantidade de zumbis na cidade começou a crescer rapidamente.Poucos conseguiam sair e voltar vivos. De cada dez pessoas que saíam, nove morriam.Isso não era exagero.No início do apocalipse, o medo e a inexperiência em enfrentar zumbis faziam com que a maioria das pessoas evitasse confrontos diretos. Mas os zumbis estavam por toda parte, prontos para atacar de repente.

  • Renascimento no Apocalipse: A Rainha do Estoque   Capítulo 25

    Depois que Alice enviou sua última mensagem, ela não recebeu mais nenhuma resposta.Ela ficou segurando o pedaço de frango assado enquanto olhava para a tela do computador por longos quinze minutos. Quando ela percebeu que o frango já estava frio e ainda não havia recebido nenhuma mensagem, sua expressão ficou sombria.O tempo de transformação de um zumbi variava entre 1 e 10 minutos. Pessoas com baixa resistência e imunidade geralmente se transformavam em cerca de um minuto. Já aqueles com corpos mais fortes e maior força de vontade podiam resistir por até dez minutos.Mas acreditar que cortar um membro mordido poderia salvar alguém era uma piada absurda.O vírus zumbi entrava na corrente sanguínea no mesmo instante, contaminando o corpo inteiro de maneira irreversível. Não havia tempo para reagir ou tentar salvar a vítima.Alice quase podia prever o destino daquela garota.Seu irmão provavelmente começaria a apresentar dificuldade para respirar, seguido de um escurecimento da pele, u

More Chapters
Explore and read good novels for free
Free access to a vast number of good novels on GoodNovel app. Download the books you like and read anywhere & anytime.
Read books for free on the app
SCAN CODE TO READ ON APP
DMCA.com Protection Status