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Capítulo 4

Penulis: Isabelly Cardoso
Jaqueline também não estava com disposição para sorrisos.

Ela puxou a manga e deixou à mostra o braço enfaixado, dizendo num tom indiferente:

— Eu me machuquei, não posso cozinhar.

As palavras duras que Edson preparava engasgaram em sua garganta.

— Se estava machucada, por que não falou antes?

Jaqueline soltou uma risada sem graça.

Adiantaria falar? Como se ele se importasse.

Nos últimos três anos, toda vez que ela ficava doente ou se machucava, ele nunca dava importância.

Ela se lembrava bem da última crise de apendicite, quando Vera e o motorista não estavam, então ela ligou pedindo que ele a levasse ao hospital.

Mas Edson estava prestes a embarcar para a Inglaterra e mandou ela dar um jeito sozinha.

Ela acabou chamando uma ambulância.

Depois da cirurgia, ela ainda contratou uma cuidadora do hospital para tomar conta dela, mas ele não apareceu nem uma vez para ver como ela estava.

De tanto se decepcionar, ela já não esperava mais nada dele.

Felizmente, tudo aquilo estava com os dias contados.

O toque do celular de Edson quebrou o silêncio entre eles.

Ele olhou a tela e foi até a varanda.

Jaqueline encarou as costas dele e ainda conseguiu o ouvir falando com uma voz suave que nunca usou com ela.

— Vivi...

O vento da varanda entrou pela sala.

Ela sentiu um frio e pegou um casaco antes de descer.

De madrugada, Vera tinha mandado mensagem pedindo folga, porque o neto dela não estava bem.

Jaqueline respondeu para ela não se preocupar, que daria conta de tudo sozinha.

Ela pegou aveia no armário e colocou uma colher de aveia numa vasilha. Depois, ela tirou dois ovos da geladeira, quebrou por cima da aveia, bateu tudo, colocou um pouco de leite e colocou na frigideira.

Cinco minutos depois, o café da manhã estava pronto.

Ela saiu da cozinha com uma tigela, colocou um pouco de requeijão por cima e salpicou algumas castanhas.

Quando estava prestes a comer, Edson desceu.

Viu que ela tinha preparado só uma porção e fez uma cara de leve desaprovação.

Mas, ao lembrar que ela estava machucada, ele preferiu não dizer nada.

Chegou mais perto para ver o que ela estava comendo e, ao perceber que era só um omelete, Edson franziu a testa:

— Você vai comer só isso?

Jaqueline nem olhou para ele, respondeu num tom neutro:

— Se vira com as suas refeições essa semana. Tenho certeza de que sua assistente super competente vai dar conta de te agradar.

Edson ia perguntar a receita das rosquinhas para mandar a assistente preparar para Violeta. Mas, vendo o jeito frio dela, desistiu de abrir a boca.

Ele virou as costas, pronto para sair de casa e ir para o hospital.

— Vou ficar esses dias no hospital com a Vivi. Se precisar de alguma coisa, ligue para minha assistente.

Jaqueline mastigou as castanhas devagar e respondeu:

— Tá bom.

Dois anos atrás, depois que ele se reergueu e voltou a trabalhar, ela ligava e mandava mensagens todos os dias, perguntava como ele estava se sentindo e a que horas ele chegaria em casa para jantar.

Mas ele se irritava com tanta preocupação e colocou o número dela na lista de bloqueio.

Ela nunca mais conseguiu ligar direto para ele, só mandava mensagem no WhatsApp.

Desde então, ela quase não o procurava mais. Já ele, quando tinha alguma emergência, acabava ligando para ela usando o celular da assistente.

...

Edson chegou ao hospital, e a assistente já tinha trazido o café da manhã.

— Sr. Edson, trouxe o café da manhã daquele restaurante cinco estrelas. Tem as rosquinhas, o bolo de trufa negra e uns petiscos, como você pediu.

Edson assentiu com a cabeça e mandou que ela levasse tudo para o quarto de Violeta.

Violeta tinha acabado de passar uma maquiagem bem natural. Ao ouvir a batida na porta, escondeu rapidamente os produtos na gaveta. Depois se deitou na cama de novo e disse com voz sonolenta:

— Pode entrar.

Assim que Edson e a assistente entraram, ela se sentou devagar, se espreguiçou e bocejou.

— Te acordei, Vivi? — Edson se aproximou, pegando a mão dela.

Violeta sorriu para ele:

— Claro que não! Você ficou comigo a noite toda, sua esposa não vai ficar chateada?

Edson ficou sem reação por um instante.

Era verdade.

O comentário de Violeta fez ele perceber que a forma como Jaqueline tinha se comportado naquela manhã tinha algo de estranho.

Mesmo sabendo que nada aconteceu entre ele e Violeta, Jaqueline não deveria estar tão indiferente.

Ela deveria...

Mas ele mesmo não sabia dizer como ela deveria reagir.

— Ela é muito compreensiva, não vai se incomodar. Vamos comer. — Disse ele, mudando de assunto.

— Então vamos comer junto, tá? — Violeta assentiu e sugeriu.

— Tá bom.

Edson pegou uma rosquinha e colocou na frente dela. Ele mesmo provou uma também, mas achou o gosto estranho.

Já estava tão acostumado com o café da manhã que Jaqueline fazia, que tudo de fora parecia faltar alguma coisa.

Violeta percebeu a carranca no rosto dele e perguntou:

— Que foi, Edi? Não está gostoso? Não é a rosquinha do Doux Rêve? A gente vivia indo lá quando era pequeno, o gosto é o mesmo de antes.

Edson não disse o que estava pensando. Ele sorriu de leve e respondeu com cuidado:

— Está tudo bem, coma você. Eu não estou com muita fome.

Ele largou o garfo e não tocou mais naquele café da manhã.

Saindo do quarto, ele foi até a sacada, tirou um cigarro da caixa, acendeu e deu uma tragada.

Só assim aquela inquietação no peito diminuiu um pouco.

A assistente se aproximou e perguntou:

— Sr. Edson, tem uma reunião marcada para as nove e meia da manhã. Quer adiar?

— Não precisa. — Respondeu Edson, com a voz firme e fria. Na cabeça dele, apareceu o rosto calmo e delicado da Jaqueline.

Ele falou para a assistente:

— Malena, deixe a Kayra cuidar da reunião. Vá buscar a Jaqueline para ela fazer um exame do braço no hospital.

Malena ficou surpresa.

Ela costumava ajudar o Sr. Edson com assuntos pessoais, mas ele nunca tinha pedido para ela cuidar da esposa dele.

Mas, já que era uma ordem do Sr. Edson, ela teve que obedecer.

— Tá bom, vou lá agora mesmo.

Edson entrou no quarto, se despediu de Violeta e saiu do hospital.

Malena terminou de arrumar a marmita de Violeta e estava prestes a sair, quando ouviu Violeta dizer:

— Malena, estou com uma dor de cabeça horrível... Você pode me acompanhar no exame?

Malena ouviu o que Violeta disse e ficou ponderando na cabeça.

Para o Sr. Edson, a Srta. Violeta era claramente mais importante que aquela esposa dele.

Se a Srta. Violeta estava mal, ela precisava cuidar dela primeiro.

E quanto à Sra. Jaqueline, mesmo que Malena não fosse buscar ela por causa da Srta. Violeta, o Sr. Edson provavelmente não ficaria bravo.

Depois que ela pensou naquilo, sorriu educadamente e disse:

— Claro, Srta. Violeta, vou chamar o médico para agendar o exame para você agora mesmo.

Violeta, ao perceber a atitude da assistente, sorriu satisfeita.

...

Como não tinha nada para fazer em casa, Jaqueline ligou para Rebeca e a convidou para um almoço.

Ela queria aproveitar para conversar com ela sobre os planos para o futuro trabalho.

As duas marcaram de se encontrar em uma cafeteria.

Quando Rebeca a viu, imediatamente deu um abraço apertado nela.

— Jaque, quanto tempo!

Elas conversaram bastante sobre os tempos de faculdade e acabaram ficando um pouco nostálgicas.

— Pensando bem, Jaque... Se você tivesse topado entrar comigo na carreira naquela época, teria sido incrível. Você ganhou vários campeonatos nacionais! Até o professor Wellington queria te orientar no mestrado...

Jaqueline lembrou do passado e sentiu aquele aperto no peito. Tudo parecia tão distante naquele momento.

Na época, seu pai tinha falecido e a mãe estava doente, precisando de dinheiro para o tratamento. Casar com Edson não tinha sido bem uma escolha, mas sim a única saída que tinha na época.

Ainda bem que ela finalmente iria se libertar em breve.

Rebeca então voltou a falar de trabalho.

Ela contou que o centro artístico onde estava se chamava Harmonia Musical. A dona era uma herdeira de família rica que praticamente não se envolvia nos assuntos do dia a dia, então eram os sócios que tocavam tudo.

A Harmonia Musical tinha dinheiro, recursos e contatos, por isso apenas atendia clientes da alta sociedade e pagava salários bem generosos para os professores.

— Se você trabalhar com a gente, não vai mais precisar se preocupar com o tratamento da sua mãe. O salário de lá sempre é um dos mais altos do setor e, no fim do ano, os bônus para os professores costumam ser bem generosos. Mas, olha, nossos alunos vêm de famílias bem ricas e muitos têm o gênio bem difícil, tanto eles quanto os pais. No começo, pode ser puxado para você.

Jaqueline assentiu:

— Entendo. Mas vou me esforçar para me adaptar.

Ela tinha passado três anos ao lado de Edson, aguentando o mau humor dele. Já se considerava bem resistente àquele tipo de coisa.

Rebeca tomou um gole de café e perguntou:

— E aí, Jaque? Quando você pretende começar com a gente?
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