Ao ter seu objetivo revelado, um brilho passou pelos olhos de Eduarda, mas ela apontou para Margarida de forma ainda mais patética e lastimosa.— Eu realmente não sei o que você quer dizer. Os fatos de há pouco estão claramente expostos diante de todos. Meu pai não fez nada contra você, pelo contrário, foi você quem ficou batendo nele com uma vassoura. Eu, como filha, posso suportar ser injustiçada, mas agora meu pai está sofrendo e ferido por minha causa... Será que não posso ao menos pedir justiça?Eduarda fez sua acusação em lágrimas, seus olhos vagando discretamente sempre em direção a Vicente.Margarida ficou tão furiosa que seu peito subia e descia rapidamente. Por um momento não notou aquele gesto de Eduarda, apenas sentindo que aquela persistência irritante lembrava muito a primeira vez que encontrou Leonor.Naquela época, Leonor também havia, na frente de muitas pessoas, acusado falsamente Margarida de roubo, exigindo que ela pagasse o preço.E Augusto, Luísa, Carlos... Todos
Lorenzo viu Teresa agachada junto ao corrimão, encolhida de dor sem conseguir se endireitar direito. Seu coração disparou e ele quis correr até ela.Mas alguém foi mais rápido.Antes que qualquer um pudesse processar o que acontecia, Vicente já estava ao lado de Margarida, envolvendo-a em seus braços.Foi só ao sentir aquele calor familiar que Margarida conseguiu relaxar, abandonando a postura defensiva e tensa. A guerreira que segundos antes brandia uma vassoura contra os agressores agora tinha os olhos avermelhados de raiva e preocupação, segurando firme a mão de Vicente.— Vicente, que bom que você chegou! — Ela apontou, desesperada. — A Teresa se machucou por causa desses dois, leva ela para o médico, rápido!Teresa era sua maior preocupação naquele momento, e Vicente era a pessoa em quem mais confiava no mundo. Com ele ali, Margarida sabia que tudo ficaria bem.Vicente sentiu o coração apertar ao ver os olhos vermelhos dela. Acariciou seus cabelos com ternura enquanto a acalmava.
Teresa observava a cena, completamente incrédula.— Vocês nos conhecem? De onde tiraram essa intimidade toda? — Ela cruzou os braços, irritada. — Olha só, hoje foi a filhinha querida de vocês que resolveu criar problemas, saindo com a cadeira de rodas para o meio da rua e bloqueando o trânsito. Se não fosse pela rapidez da Margarida, a Eduarda com certeza teria sido atropelada!Teresa deu um passo à frente, com o rosto vermelho de indignação.— Então, se querem descontar a raiva em alguém, descontem na filha de vocês. A gente não vai levar a culpa por isso! — Ela bufava de raiva enquanto continuava. — O que fizemos hoje foi uma boa ação, mas vocês aparecem aqui sem nem um obrigado e já começam com acusações. Mas que tipo de gente é essa?Aquela família conseguia ser mais problemática que Nanda e Leonor juntas.Margarida franziu a testa, compartilhando dos mesmos pensamentos de Teresa. O jeito como aquele casal a encarava, como se fosse uma velha conhecida, deixava uma sensação estranha
— Teresa, o que você está aprontando agora? — Margarida percebeu o tom travesso na voz de Teresa e, após hesitar um momento, sussurrou preocupada. — Você não vai fazer nenhuma besteira, vai? Se causar confusão, as coisas vão ficar ainda mais complicadas para gente.— Fica tranquila, você acha que eu sou irresponsável? — Teresa ergueu uma sobrancelha com ar maroto. — Não fiz nada de mais. Só dei uma gorjeta bem generosa para fisioterapeuta e expliquei que essa paciente, a Eduarda, precisa se recuperar com urgência. Então pedi para ela caprichar e aplicar todos os métodos de reabilitação em dose dupla!Afinal, uma fisioterapeuta competente dominava todas as técnicas possíveis e imagináveis.Em circunstâncias normais, alguém que passou anos em coma e desejava recuperar plenamente as funções corporais precisaria de um longo período de treinamento, com reabilitação gradual e cuidadosa.Mas Teresa ignorava para isso!Ela queria que Eduarda se "recuperasse" completamente em poucos dias, e que
Mas quem nunca sentiu na pele a dor dos outros não deve sair por aí pregando bondade. Ninguém viveu os treze anos de amor não correspondido de Vicente, como então poderiam entender que, naquele casamento que o mundo todo jurava ser apenas uma chance agarrada por Margarida, foi Vicente quem, na verdade, sempre se humilhou, caindo de joelhos e implorando, às vezes quase sem esperança, por um pouco de carinho dela.Marcos respirou fundo, procurando forças para acalmar o chefe de um jeito diferente: — Sr. Vicente, é verdade que o senhor errou ao esconder da Sra. Margarida que Eduarda existe. Mas sua relação com ela sempre foi limpa. Não houve nada além de respeito, uma distância clara entre vocês dois. Acredito mesmo que, quando ela descobrir que aquela história do "amigo em coma" era mentira, não vai jogar tudo fora por causa disso. Fique tranquilo. Se desta vez ela se irritar de verdade, faço questão de testemunhar a seu favor. A Sra. Margarida não é irracional.Vicente não respondeu,
Lorenzo, completamente atordoado, arregalou os olhos ao encarar Vicente daquele jeito. Sem entender nada, apenas assentiu com a cabeça, obedecendo de imediato.Se fosse qualquer outra pessoa gritando ordens assim, Lorenzo teria dado meia-volta na hora. Especialmente considerando o clima entre ele e Teresa, que já vinha sendo ruim pelas brigas e agora estava pior do que nunca, tanto que nem mesmo uma tempestade sobre outra parecia suficiente para explicar.Só que era Vicente quem estava ali.Sem nem questionar o que tinha acontecido, Lorenzo pegou o celular e se afastou para ligar para Teresa, torcendo para que ela não desligasse na cara dele.Enquanto isso, Vicente ficou parado. Apoiado na mesa, tentava disfarçar o tremor que ainda tomava conta de todo o seu corpo.Marcos entrou alguns minutos depois, atrasado por ter que segurar Augusto naquela confusão.Vendo a cena, percebeu que não adiantava tentar ajudar Lorenzo, então se concentrou em acalmar Vicente:— Sr. Vicente, com tudo o q