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Capítulo 417

Author: Mel Soares
Ao ouvir o que Teresa disse, Margarida parou por um instante, mas logo teve de afastar uns pensamentos um tanto inapropriados que surgiram do nada. Ela ficou corada e apressou o passo, tentando se distanciar de Teresa.

Só que não adiantou muito resistir. Após andar um pouco, Margarida sentiu o cansaço tomar conta de novo e reduziu a velocidade, deixando escapar mais um bocejo sem conseguir segurar. Naquele dia, o sono parecia maior que o normal. No fundo, ela só pensava em uma coisa. Se conseguisse terminar o trabalho mais cedo, queria muito ir para casa e dormir um pouco, já que no dia seguinte pretendia ir até o presídio para procurar Luísa. Com esses pensamentos, seguiu tentando manter o ritmo.

...

Do outro lado, Vicente logo recebeu uma ligação dos seguranças encarregados de proteger Margarida. Eles deram um relatório detalhado sobre toda a rotina dela naquele dia.

— Senhor Vicente, de manhã a Sra. Margarida atendeu uma ligação do Sr. Guilherme, pegou um presente e foi até a casa
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    Teresa não sabia dizer como havia atravessado aquela noite. Apenas tinha a vaga noção de que havia passado por algo impossível de descrever, como se tivesse sido virada do avesso e submetida a uma tortura estranha, conduzida por um homem que, ao que tudo indicava, estava experimentando cada sensação pela primeira vez.O que mais lhe ficava gravado não foi sequer a dor física, mas a voz rouca e insistente de Lorenzo, pronunciando cada gesto como quem precisava registrar um marco, quase proclamando um feito.— Teresa, este é o meu primeiro beijo. Teresa, este é o meu primeiro abraço de verdade. Teresa, esta é a minha primeira vez!Ele dizia aquilo com os dentes cerrados, como se quisesse provar a todo custo que era puro, repetindo a cada etapa e prolongando o constrangimento. Teresa, tomada de um misto de raiva e vergonha, tentava se desvencilhar várias vezes, mas Lorenzo segurava com firmeza sua mão e a forçava de volta contra o sofá, quase como se não suportasse soltá-la. Lágrimas gro

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    Como ele podia, ao mesmo tempo, mostrar tanta preocupação por ela, ficar ali na porta para impedir que saísse no meio da noite assustada por pesadelos, e logo depois, do outro lado da mesma porta, atender ao telefone com outra mulher, como se nada estivesse acontecendo?Será que todos os homens eram assim?Igual ao Augusto, que não queria deixá-la ir, mas, ainda assim, se distraía flertando com a Leonor, trocando olhares e gestos de afeto.Agora, o Vicente... Será que iria repetir a mesma história? Dividir-se entre ela e outras, exatamente como Augusto fez?Um arrepio gelado subiu pela espinha de Margarida.Tremendo, ela voltou para a cama. Se enfiou debaixo das cobertas, mas não conseguiu se aquecer. As mãos e os pés continuavam frios, e o aperto no peito não cedia.Não queria deixar a mente seguir por aquele caminho, mas, de repente, a porta entreaberta foi empurrada de vez. Vicente entrou, com o telefone desligado, e o silêncio da voz sedutora de Eduarda desapareceu junto.Com a int

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    Teresa ficou tonta, sem acreditar que Lorenzo havia vindo com uma fala tão abrupta naquele momento.Mas em poucos instantes tudo fez sentido para ela.Lorenzo ainda lembrava daquela cena na casa de Margarida, quando Teresa havia acreditado que ele e Nanda tinham um caso ou, como ela pensava na época, algo sujo demais. Por isso, mesmo no meio de um beijo, ele precisava provar sua inocência.Só que agora aquilo nem era o ponto mais importante.— Lorenzo, me larga agora, o acordo de divórcio... — Teresa tentou dizer, mas foi silenciada por outro beijo.E esse beijo foi o estopim para tudo sair do controle. Os olhos de Lorenzo estavam vermelhos. Ele se perdia no perfume doce de Teresa, enquanto, ao mesmo tempo, era dilacerado pela crueldade e frieza dela. As emoções se superaram, transbordaram, e ele já não conseguia segurar a verdade do corpo, e puxou com força o vestido dela, as mãos tremendo.Ele rasgou o vestido de Teresa....A lua naquela noite já estava encoberta por nuvens.Na nov

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    Lorenzo permaneceu em silêncio.Ele não era do tipo que inventava desculpas, tampouco teria remexido nas coisas de Teresa de propósito. Mesmo que Teresa não confiasse nele, mesmo depois de ter sido repreendido diante de todos, Lorenzo jamais faria algo tão baixo quanto chegar em casa e mexer nos pertences de uma mulher.Ao voltar para a casa, tomado por uma irritação que não cedia, passou um bom tempo andando pelo quarto, tentando se acalmar. Foi então que, sem perceber, esbarrou na bolsa dela, largada sobre o sofá. Ela caiu, o conteúdo se espalhou pelo chão e, entre os objetos, algo chamou sua atenção de forma abrupta.No início, ele não conseguia acreditar no que estava vendo. Ainda assim, o impacto não recuou com o tempo; pelo contrário, durante toda a tarde, mais de cinco horas, não fez outra coisa além de reler aquele acordo de divórcio. Seu olhar permanecia preso ao final do documento, onde o nome de Teresa, já assinado, destacava-se como uma sentença. Por mais que tentasse recu

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    — Isso não vai acontecer. — Teresa respondeu, categórica.Por um momento, as palavras de Margarida a desestabilizaram. Mas foi só um momento. Rapidamente se recompôs, voltando àquela postura segurava de quem não admitia questionamentos.— É verdade que fui dura com o Lorenzo na frente de todo mundo, mas não passou de um tapa leve. — Ela disse, sustentando o olhar. — Em momento algum declarei que queria me divorciar de verdade. Conheço bem os meus limites e, com as capacidades dele, não acredito que vá simplesmente se deixar abalar a esse ponto.Margarida não respondeu de imediato. Limitou-se a pressionar os lábios, como se estivesse guardando algo para si. O olhar dela, porém, se desviou para a janela e se deteve no céu que já caía na penumbra. Naquele instante, um arrepio lhe subiu pela espinha. Havia uma sensação incômoda, quase um presságio de que as coisas talvez não se desenrolassem de forma tão tranquila quanto Teresa parecia acreditar.Mas o temperamento de Lorenzo não era sua p

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    Talvez por observar de fora, Margarida sentia, cada vez mais, que havia muitas incoerências na história daquele suposto filho de Lorenzo. A postura de Nanda, além disso, destoava completamente do que seria esperado numa situação assim.Agora grávida, Margarida sentia o instinto materno despertar com força inédita. Como alguém podia trazer uma criança inocente para um lugar onde se sabia que haveria confronto?Ela jamais exporia seu filho a um ambiente assim. Jamais ficaria de lado vendo uma criança chorar sem intervir. E muito menos correria atrás de um homem, esquecendo o próprio filho no meio da confusão, como Nanda havia acabado de fazer.Tudo apontava para uma conclusão perturbadora. Lorenzo provavelmente não era o pai, e Nanda talvez nem fosse a mãe.Mas como dizer isso a Teresa, que estava tão ferida e resistente a ouvir qualquer coisa naquele momento? Aquela sensação de não saber o que fazer a deixou perdida. Instintivamente, buscou apoio no olhar de Vicente.Mal ela se virou e

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