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A Filha Que Eles Gostariam Que Nunca Tivesse Nascido

A Filha Que Eles Gostariam Que Nunca Tivesse Nascido

By:  BagelCompleted
Language: Portuguese
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Antes de completar dezoito anos, eu era a adorada princesa da família Moretti. Tudo mudou no meu décimo oitavo aniversário, quando meu pai trouxe para casa uma garota órfã chamada Carina. — Ela precisa de um lar. — Disse meu pai. — Você cuidará dela, como uma irmã. A partir daquele momento, nada foi igual. Meu irmão, que antes me adorava, tornou-se frio e distante. E meu noivo... o amor dele por mim parecia se reduzir pela metade da noite para o dia. A família elogiava Carina por ser dócil e obediente, chamando-a de uma filha muito melhor do que eu, sua própria carne e sangue. Depois de muito ser deixada de lado por Carina, finalmente desabei e segurei a manga do meu pai. — O sangue não significa nada? — Perguntei. A fúria do meu pai se acendeu. Ele abrigou Carina em lágrimas atrás dele, e diante de toda a família, deu-me um tapa no rosto. — Seu desperdício egoísta. Eu devia nunca ter tido você. — Você traz vergonha a esta família. — A voz do meu irmão Marco soou fria como uma lâmina. — Saia. E meu noivo, Vincent, olhou para mim com desapontamento: — Se ao menos eu estivesse noivo da Carina desde o início. Eles achavam que eu me curvaria aos pés deles, como sempre fizera. Mas não disse uma palavra; apenas fui até o cofre da família, retirei os documentos oficiais e risquei meu nome com um único traço. Tirei o anel de noivado do dedo e o coloquei sobre a mesa. Dei a Carina tudo aquilo que eles achavam que eu não merecia. Afinal, eu tinha apenas mais vinte e quatro horas de vida. Mas eles não faziam ideia, naquele momento, de que — em meio às ruínas da família Moretti — um dia se ajoelhariam na chuva implorando pelo meu retorno.

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Chapter 1

Capítulo 1

— Senhorita Moretti, sua condição é crítica. É altamente recomendável que você informe sua família e seja internada imediatamente para tratamento.

— Francamente, pode não durar vinte e quatro horas.

Sentei-me na poltrona de couro da clínica, os dedos apertando o relatório do diagnóstico. Os termos médicos embaralhavam diante dos meus olhos, mas o significado específico já não importava.

Vinte e quatro horas. Esse era todo o tempo que me restava.

Não disse nada, apenas forcei um sorriso fraco.

Do lado de fora da clínica, o ar noturno de Nova York era cortante.

Entrei no carro e, com as mãos trêmulas, disquei um número que não chamava havia oito anos.

— Mãe?

Ouvi uma inspiração aguda do outro lado da linha, seguida de dez segundos de silêncio.

— Alessia? — A voz de Sofia tremia. — Meu Deus... é você? É mesmo você?

— Sou eu, mãe.

— Oito anos... — Sua voz estava carregada de lágrimas. — Como pôde... Por quê... Eu achei que nunca mais ouviria sua voz.

— Eu... — Não sabia o que dizer. Não falava com ela desde que partira, oito anos atrás, quando escolhi meu pai em vez dela.

Lembrei-me de Marco me abraçando, o corpo sacudido pelo choro, implorando que eu não o deixasse.

Meu pai estava ali também, com os olhos vermelhos, olhando para mim como se o mundo acabasse caso eu fosse embora.

Fizeram-me acreditar que não poderiam viver sem mim.

Mas agora, eu sentia falta da minha mãe. Só precisava falar com ela.

Acho que é isso que a morte iminente faz com a gente.

— Você está bem? — Sofia percebeu de imediato. — Sua voz não está normal... parece doente.

Ao ouvi-la, quase desabei.

— Eu só... precisava ouvir a sua voz.

— Querida, me diga o que está acontecendo.

Mordi o lábio. Não podia contar. Se ela soubesse que eu estava morrendo, largaria tudo e voltaria correndo. Isso só traria problemas para ela e para o novo marido.

— Estou bem. Só senti sua falta.

Não tive coragem de sobrecarregá-la com a feiura em que minha vida havia se transformado. Só ouvir sua voz já bastava para mim.

Logo, não poderia ouvi-la nunca mais.

Após desligar, dirigi de volta para a Mansão Moretti.

Vinte e quatro horas. Era tempo suficiente para acertar algumas coisas.

A luz forte escapava das janelas daquele lugar que chamavam de "lar", mas que se tornara cada vez mais estranho para mim.

O mordomo me recebeu na porta.

— Senhorita Alessia. Don Moretti está no escritório. O senhor Marco e a senhorita Carina estão no estande de tiro.

— No estande? — Franzi a testa. Marco costumava estar cuidando dos negócios a essa hora.

— Sim. Ele está ensinando a senhorita Carina a atirar.

Ele nunca me ensinara.

Lembrei-me de quando pedi, aos dezoito anos, para aprender a atirar.

Ele dispensou com um gesto e disse:

— Deixe isso para os homens. Não é coisa para uma princesa.

Eu obedeci e nunca mais pedi.

Mas agora, fiquei curiosa para ver como ele a ensinava.

Ao me aproximar do estande, ouvi o som dos disparos e a risada clara de Carina.

Empurrei a porta e vi meu irmão atrás dela, guiando suas mãos no revólver.

— Isso, assim mesmo. — A voz de Marco estava incomumente gentil. — Relaxe os ombros, mire e atire.

Bang!

Carina acertou o centro do alvo e girou-se para abraçá-lo.

— Consegui!

— Você nasceu para isso. — Marco sorriu indulgente.

Fiquei parada na entrada, sentindo-me uma intrusa. Limpei a garganta, e só então me notaram.

— Alessia. — O tom de Marco não foi nada acolhedor.

— O que está fazendo aqui?

— Preciso falar com você. Sobre a remessa de armas.

Uma semana atrás, eu havia escutado Marco gritando ao telefone.

O fornecedor de armas da família havia desistido no último minuto, e ele estava desesperado para conseguir outra fonte.

Usando minhas próprias conexões, passei os últimos sete dias organizando tudo: as armas, a rota, um preço melhor, até o transporte.

Antes de ir embora, queria resolver pelo menos mais uma coisa pela família.

Mas o rosto de Marco escureceu.

— Eu não te disse para ficar fora disso?

— Mas já contatei um fornecedor na Alemanha. O preço é trezentos mil a menos do que o que você recebeu...

— Chega! — Marco rugiu.

— O que você sabe sobre isso? Não é o seu lugar se meter!

Carina, sempre a pacificadora, pousou uma mão suave no braço dele.

— Marco, não seja tão duro. Alessia só estava tentando ajudar.

Depois, voltou-se para mim com os olhos cheios de piedade.

— Alessia, você parece exausta. Deve descansar. Deixe Marco cuidar dos negócios da família.

— Estou bem. — Murmurei, lutando contra uma onda súbita de tontura intensa. — Marco, só quero fazer algo pela família.

— Fazer o quê? — A voz dele estava carregada de impaciência. — Para que você serve além de causar problemas?

— Ora, irmão — Carina se intrometeu, com um sorriso radiante

— Papai não dizia sempre que a cripta da família estava em mau estado e precisava de cuidados? Mas, como envolve segredos da família, ele nunca confiou essa tarefa a um estranho. Se a irmã está procurando algo para fazer...

— Já que você tem tanto tempo livre, vá limpar a cripta da família.

Disse Marco, satisfeito com a sugestão. E acrescentou:

— É um lugar de honra. Uma chance de se conectar com nossos ancestrais.
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