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Capítulo 10

Author: Primavera Aconchegante
Os olhos de Talita brilharam com um leve toque de emoção.

"Então é isso", pensou ela.

Porém, quando o dinheiro vinha direto até sua porta, ela não tinha motivos para recusá-lo. Talita sorriu com delicadeza, mas disse com tranquilidade:

— Sem problema, Sr. Chris. Só que no momento eu ainda tenho algumas coisas para resolver. Podemos conversar mais tarde.

Chris não insistiu. Ele acenou com a cabeça, satisfeito, e saiu alegremente. Antes de ir, não perdeu a oportunidade de lançar uma última frase para Enrico:

— Sr. Enrico, já que nosso contrato chegou ao fim, teremos outra oportunidade para conversar, quem sabe no futuro.

A mensagem era clara: o contrato não seria renovado.

Enrico ficou tão furioso que parecia prestes a explodir. Ele nunca imaginou que Talita fosse realmente capaz de algo assim. Não bastasse ter sido humilhado no Grupo Lifano, ele também havia perdido um parceiro comercial importante. Permanecer ali só pioraria sua situação, então ele ergueu a mão, chamando sua equipe com um gesto impaciente:

— Vamos embora.

Nesse momento, Edson, com um leve sorriso nos lábios, soltou uma risada baixa e comentou:

— Sr. Enrico, o senhor acha que este lugar é o quê? Um mercado de rua? O senhor é considerado uma figura importante, mas agiu sem o menor compromisso com a sua palavra. É assim que o Grupo Araújo costuma conduzir seus negócios?

No mundo dos negócios, nada era mais importante do que reputação e credibilidade. Enrico sabia que havia agido de forma precipitada, mas não conseguia engolir o orgulho. Ele apertou os punhos com tanta força que os dedos ficaram brancos, e as veias em sua testa estavam visíveis. Ele esperou que Talita falasse algo para aliviar a situação, mas o silêncio dela era ensurdecedor.

"Legal! Maravilhoso!"

Com os olhos vermelhos de raiva, Enrico lançou um último olhar para Talita antes de se virar para Edson e falar com frieza:

— O que acontece entre mim e ela é particular. Resolveremos isso em casa, com a porta fechada. Não cabe ao Sr. Edson se meter.

Sem esperar por uma resposta, ele deixou a sala a passos firmes. Embora mantivesse as costas eretas, os sussurros e olhares curiosos ao seu redor eram como agulhas perfurando sua dignidade.

Talita não tentou impedi-lo, nem exigiu que ele se retratasse. Em vez disso, virou-se para Edson e os outros presentes, curvando levemente a cabeça em um gesto de desculpas:

— Peço desculpas por todo o transtorno.

Edson percebeu que, apesar de sua postura firme, Talita não era tão impenetrável quanto parecia. Era evidente que as ações de Enrico haviam deixado marcas emocionais nela.

Na noite anterior, Edson havia mandado investigar o passado de Talita. Quando soube do envolvimento dela com Enrico, sentiu uma leve decepção. No entanto, isso logo foi ofuscado por sua admiração pelo talento dela. Além disso, as interações recentes reforçavam o que ele já sabia: Talita era uma mulher excepcional.

"Se Enrico não valoriza essa mulher, o problema é dele. Quem perde é ele."

Edson manteve seus pensamentos para si e limitou-se a dizer:

— Então, que fique registrado mais uma vez: Srta. Talita, é um prazer trabalhar com você.

Talita ficou momentaneamente surpresa, mas rapidamente abriu um sorriso radiante. "Não é à toa que ele é o diretor do Grupo Lifano. Elegância e profissionalismo impecáveis", pensou ela.

Enrico dirigiu como um louco até sua mansão. O ambiente dentro do carro era tão sufocante quanto sua raiva. Quando chegou, sua expressão sombria fez os empregados ficarem em silêncio absoluto, temerosos até de respirar.

Ao entrar na sala de estar, Enrico viu Flora relaxando no sofá, segurando uma xícara de café com um ar de satisfação. A visão dela só aumentou sua irritação.

— Quem deixou você entrar? — Perguntou Enrico, com a voz baixa e carregada de fúria.

O sorriso de Flora vacilou por um momento, mas ela rapidamente recuperou a compostura, levantando-se com um ar sedutor:

— Enrico, eu só estava preocupada com você. Como foram as coisas? Aquela mulher, Talita, admitiu a culpa?

Se Flora não tivesse tocado no assunto, talvez Enrico pudesse ter se controlado. Mas, ao ouvir as palavras dela, ele foi imediatamente transportado de volta à cena humilhante no Grupo Lifano. Sua frustração explodiu. Ele pegou a xícara de café que Flora havia deixado sobre a mesa e a jogou com força no chão, fazendo-a se despedaçar.

— Saia daqui! — Rugiu ele.

Flora perdeu a paciência. Afinal, as duas famílias tinham um acordo de casamento, e mesmo que a família Pinto não fosse tão poderosa quanto a família Araújo, ela ainda era a filha mais velha de uma família importante. Como Enrico podia tratá-la assim?

— Enrico, o que você quer dizer com isso? Estou preocupada com você, e é assim que você me trata? — Perguntou Flora, indignada.

Enrico, no entanto, estava convencido de que toda aquela confusão era culpa dela. Flora havia plantado dúvidas em sua mente, fazendo-o acreditar que Talita havia roubado informações sigilosas da empresa.

Sem conseguir se controlar, Enrico avançou e agarrou o pescoço de Flora com força:

— Nós nem nos casamos ainda. Minhas coisas não são da sua conta. Agora, desapareça.

Flora ficou aterrorizada. Ela acabou saindo, mas sua raiva era evidente. Assim que entrou no carro, começou a bater no volante com toda a força.

— Maldita Talita! — Gritou Flora, com os olhos cheios de ódio.

Depois de mandar Flora embora, Enrico sentou-se no sofá, puxando a gravata com irritação. Ele estava exausto, mas sua mente não lhe dava descanso. Fragmentos de memória começaram a surgir em sua mente.

Ele se lembrou de que, em diversas ocasiões, foi Talita quem garantiu o sucesso de importantes parcerias da empresa. Havia momentos em que, sem a ajuda dela, o departamento técnico do Grupo Araújo nunca teria conseguido alcançar os padrões necessários para competir no mercado. Cada novo contrato fechado parecia ter a marca dela.

"Quando foi que comecei a ignorar tudo isso e a tratá-la como se não tivesse valor nenhum?"

Um sentimento de derrota tomou conta de Enrico. Ele suspirou, pegou o celular e ligou para Talita.

"Se ela voltar, eu posso perdoar tudo."

Mas sua esperança foi esmagada pela mensagem automática:

— O número que você tentou chamar está temporariamente indisponível.

Furioso, Enrico jogou o celular no sofá. Talita havia bloqueado o número dele. Ele ficou um momento em silêncio, mas logo pegou o telefone de volta, abriu o Line e, pela primeira vez, enviou uma mensagem direta para ela.

— Pare com isso e volte imediatamente. Caso contrário, nunca mais terá a chance de voltar.

Ele clicou em "enviar". A mensagem foi seguida por um pequeno ícone de exclamação vermelha. Talita também o havia bloqueado no Line.

A raiva de Enrico explodiu. Ele gritou como um leão enfurecido e, sem pensar, ordenou que um de seus empregados trouxesse outro telefone. Quando finalmente conseguiu o aparelho, ligou para Talita novamente.

— Alô, quem é? — A voz clara e bem-humorada de Talita respondeu do outro lado da linha.

— Talita, você...

Antes que pudesse terminar, a chamada foi encerrada. Quando tentou ligar novamente, percebeu que o novo número também havia sido bloqueado.

Mais uma rejeição. Era como se cada desligamento fosse um tapa direto em seu rosto. Enrico, num acesso de fúria, jogou o telefone contra um vaso de plantas, destruindo-o em pedaços.

Os empregados que estavam por perto ficaram visivelmente assustados. Era um telefone novo.

Sem saber como lidar com sua raiva e frustração, Enrico foi para um bar, onde começou a beber sem parar. Quando Jean chegou, encontrou Enrico abrindo uma garrafa de uma bebida forte, completamente fora de controle.

— Não beba mais. — Disse Jean, tentando intervir.

Enrico, no entanto, empurrou Jean com força e caiu de volta no sofá. Sua camisa preta estava com dois botões abertos, a gravata estava torta, e o blazer estava completamente amassado. Ele já não parecia o herdeiro elegante de uma grande família.

— Enrico, você ainda se importa com a Talita, não é? — Perguntou Jean, hesitante.

Antes que pudesse continuar, Enrico o interrompeu com um gesto brusco:

— Jean, eu não te chamei aqui para me dar sermão. Você é advogado e também meu amigo. Talita me fez perder a parceria com o Grupo Lifano, e ainda se recusa a admitir que roubou o plano do Grupo Araújo. Quero que você processe ela até que ela se ajoelhe e implore por perdão.

Jean permaneceu em silêncio por um momento, observando Enrico com olhos frios. Ele não era como os outros amigos ricos de Enrico. Ele vinha de uma família humilde e só havia estudado direito graças a bolsas de estudo. Conheceu Enrico no ensino médio e, anos depois, o reencontrou por acaso. Desde então, Enrico o havia contratado para cuidar de questões legais, e Jean acabou se envolvendo no círculo social da elite.

Mesmo assim, Jean sempre se sentiu desconectado daquele mundo. Ele nunca foi como eles, e sabia disso.

— Enrico, sabe qual é o seu problema? Você foi mimado pela Talita. Durante anos, ela cuidou de tudo para você, e isso te deixou acomodado. Mas você nunca soube valorizá-la.

Enrico ignorou as palavras de Jean. Ele estava prestes a explodir novamente quando o celular sobre a mesa começou a tocar.

Enrico sorriu de repente:

— Deve ser a Talita me pedindo para voltar para casa. Essa mulher não consegue viver sem mim.

Jean pegou o celular e entregou para Enrico, quebrando sua ilusão com poucas palavras:

— É seu pai.
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