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capítulo 4

Author: Pomelanja
Cortei minha imagem de todas as fotos. Queimei cada pedaço até virar cinza.

Vendi todos os presentes que Diogo me deu.

A aprovação para a expedição científica foi confirmada. Fui ao instituto assinar os documentos finais.

Antes de sair, o diretor me chamou mais uma vez:

— Francisca, nós faremos de tudo para garantir a segurança da equipe. Mas o clima na Antártida é imprevisível. Cuide-se, por favor.

Assenti.

Mas, por precaução, ainda tinha um lugar a visitar.

Fui até a mansão Sousa. Antes de falecer, minha mãe deixou comigo algo muito importante. Mas com medo de me deixar triste, pediu que eu guardasse na mansão.

Ali, tudo ainda parecia intacto — como se meus pais nunca tivessem partido.

Como se estivessem apenas em outro cômodo, esperando pra me receber.

A tristeza apertou o peito. Chorei baixinho.

Depois de enxugar o rosto, fui até o cofre antigo.

Coloquei a senha com mãos trêmulas.

Ao abrir, congelei. Estava... vazio.

Revirei a casa inteira. Nada.

Justo quando já havia perdido a esperança, uma lembrança me atravessou como um raio.

“Sim, eu vi com meus próprios olhos o Sr. Diogo colocar uma pulseira de jade caríssima no pulso da esposa.”

Foi ele.

Diogo!

Liguei desesperadamente.

Sem resposta. Assim como naquele dia no hospital na vida passada.

Mas desta vez, não esperei. Invadi o prédio do Grupo Bragança.

A recepcionista arregalou os olhos ao me ver. Tentou me impedir.

— Senhora, você não pode...

Soltei seu braço com um puxão seco.

— Eu sou acionista do Grupo Bragança. Vai me impedir de entrar na minha própria empresa?

Ela hesitou, sem saber o que dizer.

Não perdi tempo.

Peguei um taco de beisebol decorativo da entrada e entrei sem cerimônia.

O escritório de Diogo estava vazio.

Mas do quarto anexo, a porta entreaberta deixava vazar uma voz melosa.

— Diogo, você vai mesmo se casar com a Francisca? Você disse que me amava. Que ela só era um arranjo da sua mãe. E agora que ela morreu, esse acordo não vale mais, não é?

Do quarto veio o som abafado de beijos e gemidos. Respirações entrelaçadas. Desejo no ar.

A voz de Diogo, baixa e carregada de prazer:

— Antonella, só me dá mais um tempo. Você perdeu o bebê, o médico disse que talvez nunca mais consiga engravidar. A Francisca descobriu a gravidez agora. Pode ser meu único filho. Eu não posso simplesmente abandonar.

Ele falava com carinho, como se estivesse fazendo promessas doces:

— Quando a criança crescer o suficiente pra ir pra escola, eu me divorcio. Fico com você. E ele também. Aguenta só mais um pouco?

Um turbilhão de raiva subiu das pernas até o peito.

A cabeça girou. Quase desmaiei.

Nunca imaginei que desde o início, ele já tinha tudo isso planejado.

A porta do quarto se abriu de repente.

Diogo parou ao me ver. O rosto tenso, as pupilas dilatadas.

— Francisca...? O que você tá fazendo aqui?

Antonella surgiu atrás dele, com um ar de falsa inocência, puxando discretamente a blusa desarrumada.

Eu não tinha mais paciência. Apontei o taco de beisebol direto pro peito de Diogo.

— Cadê a pulseira da minha mãe? Me entrega.

Quando percebeu que eu não tinha escutado a conversa, respirou aliviado.

Mas ao entender minha exigência, franziu a testa:

— Por que essa pulseira do nada?

— Me dá. Agora. — Elevei o tom.

A voz dele ficou dura, autoritária:

— Francisca, aqui é a sede do Grupo Bragança, não um lugar pra você causar escândalo.

Antonella se inclinou por trás dele e balançou o pulso com afetação.

— Tá falando disso aqui? É só uma pulseira. Você tá fazendo drama demais. Achei bonita, só peguei emprestado. Calma.

Meu olhar cravou nela.

— Entrega. Agora.

Ela revirou os olhos, bufou, e tirou a pulseira a contragosto.

Mas ao estender a mão... soltou.

A pulseira caiu no chão e quebrou em três partes.

O silêncio tomou conta da sala. Me ajoelhei, em lágrimas, recolhendo os pedaços.

Sem dizer nada, levantei a mão e dei um tapa com toda força no rosto de Diogo.

Depois saí.

Diogo ensaiou me seguir, mas o choro histérico de Antonella o prendeu onde estava.

No dia seguinte, esvaziei todos os cômodos da mansão Bragança. Tudo que ainda lembrava “nós” foi jogado fora.

Com o vento no rosto, embarquei rumo à Antártida.

Junto com isso, deixei para ele meu laudo de aborto, o contrato de noivado rasgado e alguns outros pertences.

Esperava que ele gostasse da surpresa.
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