Capítulo 2

No dia seguinte, acordei e já era tarde da tarde. Eu tinha passado a noite inteira com febre alta. Minha cabeça latejava, e minha garganta estava tão rouca que eu não conseguia falar.

Verifiquei meu celular e vi dezenas de mensagens não lidas.

— Feliz aniversário, Calista! Comprei um iate para você, vamos dar uma volta logo!

— Callie, seu pai insistiu em voltar de avião para comemorar seu aniversário. Sinceramente, não posso fazer nada em relação a ele.

— Feliz aniversário de 25 anos, Callie! Sempre vou te amar!

A tela estava cheia de votos de aniversário dos meus pais, que estavam no exterior, de Christopher, amigos e colegas. Todos me enviaram seus cumprimentos.

Mas Emilio, que dormia ao meu lado todas as noites, não enviou uma única mensagem.

Suspirei, minha mente confusa enquanto eu vagamente me lembrava de ter pedido ao Emilio que me trouxesse um copo de água no meio da noite.

No entanto, ele estava na varanda atendendo uma ligação. Depois de desligar, saiu às pressas e não voltou desde então.

Arrastei meu corpo exausto para fora da cama. A febre tornava difícil me manter de pé.

Nesse momento, a porta se abriu. Emilio tinha voltado. Ele carregava uma pilha de presentes, todos claramente caros só pela embalagem.

Ao notar meu olhar, ele correu até mim.

— Por que só acordou agora, dorminhoca?

Virei a cabeça, desviando da mão estendida dele. Olhei para os presentes e disse baixinho:

— Meu aniversário já acabou, Emilio.

Ele congelou, sua mão pairando no ar por um longo momento antes de cair lentamente. Ele olhou depressa para o calendário na parede e rapidamente colocou os presentes de lado, parecendo culpado ao segurar minha mão.

— Amor, me desculpe. O trabalho estava uma loucura ontem. Me deixa compensar hoje, ok?

— Não precisa. Você perdeu, e isso é um fato.

Rejeitei a oferta sem hesitação.

Emilio observou enquanto eu voltava cambaleando para o quarto, a culpa em seus olhos ficando ainda mais profunda.

Sentei no quarto, sentindo minha cabeça ficar mais pesada e tonta. Meia hora depois, saí novamente e notei que Emilio tinha ido embora.

Laura percebeu minha confusão e explicou:

— O Sr. Slater saiu para comprar um presente de aniversário para você, Srta. LeBlanc. Não fique chateada com ele. Ele realmente estava ocupado com algo importante ontem.

Parei e olhei para a pilha de sacolas na mesa.

— Ele está comprando um presente para mim?

Laura seguiu meu olhar e rapidamente moveu as sacolas para um armário, como se tivesse medo que eu tocasse nelas.

— Srta. LeBlanc, essas são para clientes importantes do Sr. Slater. Ele instruiu que ninguém as tocasse.

Clientes importantes?

Entendi imediatamente quando vi os cosméticos e bolsas femininas. Para Emilio, a pessoa mais importante além dos pais era provavelmente Amber. Na verdade, ela provavelmente significava mais para ele do que eles. Afinal, ele já havia brigado com eles ao ponto de cortar laços só para se casar com ela.

Então, Emilio não esqueceu meu aniversário por engano. Ele simplesmente não pensou nisso. Ele poderia ter fingido confundir as datas e usado aquelas coisas que já havia comprado para me agradar, mas não fez isso. Qualquer coisa destinada à Amber era intocável para outros.

Amber tinha acabado de voltar ao país, e eu já estava derrotada. Eu não ousava imaginar quantas outras vezes Emilio me faria perder nos próximos dias.

…

Quando Emilio voltou com um buquê de flores, eu estava deitada na cama, rolando o celular sem expressão.

Ao notar minha tristeza, ele sentou na beira da cama e bagunçou meu cabelo.

— Amor, não fica brava. Comprei várias coisas para você. Se ainda estiver chateada, que tal me dar um tapa?

Enquanto falava, ele pegou minha mão e pressionou contra sua bochecha.

Ao vê-lo agir tão humildemente, meu coração doeu ainda mais. Ele não era alguém de bom temperamento. No passado, quando suas namoradas faziam birra, ele nunca se dava ao trabalho de acalmá-las. Apenas terminava e seguia em frente.

Mas comigo, ele era infinitamente indulgente, até se humilhando para pedir perdão assim.

Perguntei-me se ele era tão bom comigo porque me amava, ou porque eu me parecia mais com Amber do que todas as outras.

Com esse pensamento, virei-me para ele e levantei minha mão, deixando o tapa cair.

Emilio congelou, claramente não esperando que eu realmente o atingisse. No entanto, ele não se importou, presumindo que eu estivesse apenas brava. Com uma marca clara em sua bochecha, ele rapidamente pegou uma caixa de presente.

Dentro havia um colar, uma peça nova do meu designer favorito, lançada duas semanas atrás. Eu tinha tentado consegui-lo, mas não tinha conseguido.

Eu não esperava que Emilio o conseguisse em apenas meia hora. Deve ter custado uma fortuna.

De repente, eu não conseguia entender o que ele estava pensando. Ele ainda era tão bom comigo, tão bom que seria suficiente para fazer qualquer um me invejar.

A única falha era que eu sempre ficaria em segundo lugar depois de Amber.

Emilio sorriu levemente ao ver minha expressão surpresa. Ele afastou meu cabelo, querendo colocar o colar em mim. Mas quando sua mão tocou meu pescoço, sua expressão ficou séria.

— Por que você está tão quente?

Ele finalmente percebeu minha febre e me pegou nos braços sem dizer uma palavra, correndo para me levar ao hospital.

Antes de sair, gritou com as empregadas:

— Nenhuma de vocês percebeu que a Calista está com febre? Todas vocês serão demitidas amanhã!

Então, ele me levou às pressas para o hospital, passando por uma dúzia de sinais vermelhos no caminho.

No hospital, o médico perguntou sobre nossa relação.

— Ele é meu irmão.

— Eu sou o namorado dela.

Falamos ao mesmo tempo.

O médico nos observou confuso, e Emilio repetiu firmemente:

— Eu sou o namorado dela.

Olhei para ele, perplexa. No passado, ele nunca admitia nosso relacionamento em público. Mesmo quando ninguém conhecido estava por perto, ele dizia que eu era sua irmã. Com o tempo, eu também me acostumei a me apresentar assim.

Pensar que agora ele admitiria abertamente nosso relacionamento por culpa.

Sorri de forma autodepreciativa enquanto assistia o soro pingar lentamente.

Uma enfermeira ao lado não conseguiu evitar comentar:

— Ainda bem que você a trouxe a tempo, ou o be—

Tossi violentamente, interrompendo-a. Emilio virou-se para pegar água, e nesse momento, balancei a cabeça para a enfermeira, sinalizando para que parasse. Eu já havia decidido terminar com Emilio, então não queria que ele soubesse da criança.

Felizmente, ele não desconfiou. Ele me ajudou a sentar e me deu água.

Nesse momento, Christopher entrou pela porta e correu para minha cabeceira.

— Calista, por que não me contou que você—

Ele parou ao ver Emilio. Emilio se recompôs primeiro e colocou calmamente a água de volta na mesa.

— O que você está fazendo aqui? — Christopher perguntou.

— Calista desmaiou de exaustão na empresa. Eu a vi e a trouxe ao hospital. — A mentira de Emilio saiu suavemente, mas sua expressão mudou instantaneamente quando ele viu Amber do lado de fora do quarto.

Ela entrou com uma cesta de frutas. Sorriu e ergueu o queixo.

— Eu estava conversando com Christopher em um café quando ele soube que a irmã estava doente. Ele ficou tão preocupado que quase esqueceu de pagar a conta. Eu vim junto para ver como você estava. Você não parece muito feliz em me ver, Emilio.

A expressão de Emilio escureceu. Ao encontrar o olhar de Amber, seus olhos carregavam uma emoção que eu não conseguia decifrar.

Então percebi. A emoção era raiva, algo que eu nunca tinha visto nele antes, provocada pela indiferença de Amber.

Enquanto a tensão aumentava, saí da cama e estendi a mão a ela.

— Oi, sou Calista LeBlanc.

Ela me avaliou. Então seus olhos se arregalaram como se tivesse percebido algo. Ela sorriu levemente e apertou minha mão.

— Oi, sou Amber Granger, amiga do Christopher.

Emilio enrijeceu ao ouvir a apresentação dela e involuntariamente cerrou os punhos. Forcei um sorriso amargo ao ver a reação dele.

De repente, Amber levou a mão à boca e exclamou delicadamente:

— Que coincidência, Calista. Você tem covinhas também! Você fica tão bonita quando sorri, e até parece um pouco comigo.