Capítulo 5

Quando acordei no hospital novamente, Christopher estava ao lado da cama, o rosto escuro de raiva. Ele jogou um relatório de teste de gravidez em mim.

— Calista LeBlanc, quem é o pai?

Cerrei os lábios e apertei o lençol, sem dizer nada.

Ele continuou por um tempo, mas permaneci em silêncio. Então, Emilio entrou, e meu coração subiu à garganta.

— Por que você está aqui? — Christopher perguntou, confuso.

Emilio respondeu calmamente:

— Soube por um colega que sua irmã estava doente. Como chefe dela, é normal que eu venha ver uma funcionária, não é?

Christopher franziu a testa, mas não desconfiou. Ele disse, impaciente:

— Saia. Preciso falar com ela.

Emilio ficou surpreso. Seu olhar caiu sobre o relatório.

Tossi, e Christopher rapidamente escondeu o papel atrás das costas, gritando:

— Saia!

Emilio hesitou, mas acabou deixando o quarto. Agora éramos só eu e Christopher.

O tom dele estava sombrio quando repetiu:

— Quem é o pai?

Eu queria tanto dizer que era o homem que ele acabara de expulsar. Mas que direito eu tinha?

Emilio acabara de me chamar de funcionária, e na noite anterior, beijara outra mulher como se a vida dependesse disso. Como alguém assim mereceria ser o pai do meu filho?

Sorri amargamente, peguei o relatório das mãos de Christopher e o rasguei em pedaços.

— Não pergunte, Christopher. Isso é problema meu.

Ele soltou uma risada incrédula e deu alguns passos para trás.

— Ótimo. Ótimo! Agora você cresceu e acha que não preciso mais cuidar de você! Você pensou no que vai acontecer quando mamãe e papai souberem disso, Calista? Você está carregando o filho de um homem que se recusa a nomear!

A culpa me invadiu ao ver o rosto dele ficar manchado de raiva. Finalmente, ergui os olhos para ele com seriedade.

— Me dê um pouco de tempo, tudo bem? Eu vou te contar tudo.

Christopher olhou nos meus olhos por um instante antes de sair, batendo a porta atrás de si.

Emilio se assustou com o estrondo. Ele entrou devagar no quarto e perguntou:

— Sobre o que vocês estavam falando? Por que ele ficou tão bravo?

Como não respondi, seu rosto ficou tenso de repente.

— Você não contou sobre nós, contou? Calista, eu te disse—

— Não contei. — Interrompi, irritada.

Até naquele momento, ele morria de medo de eu revelar nossa relação a Christopher. Claro que tinha medo, ele tinha me traído bem na frente dele. Não teria coragem de assumir nada.

— Desculpa. — Disse ele.

— Me precipitei.

Emilio sentou ao lado da cama e tocou levemente minha mão, que estava presa ao soro.

— Por que você saiu do hospital tão rápido? Sua febre ainda não passou.

Não respondi. Em vez disso, fixei os olhos em seu pescoço, onde havia uma marca que não fui eu quem deixei.

Ele percebeu meu olhar e rapidamente ajeitou a gola.

— É picada de mosquito. O tempo está quente.

Desviei o olhar e murmurei:

— Devem ter muitos mosquitos.

Porque só assim haveria tantos chupões naquela pequena área.

Emilio pareceu aliviado com minha resposta. Ele me serviu um copo de água e conversou trivialidades. De repente, olhou o relógio.

— Tenho assuntos da empresa para resolver. Vou indo e mando a Laura ficar com você.

Era outra mentira.

Antes, quando eu só tinha torcido o tornozelo, ele preferiu ficar ao meu lado, mesmo perdendo negócios multimilionários. Na época, ele dizia que eu era mais importante que tudo no mundo.

Mas agora eu sabia: mesmo que eu superasse o mundo inteiro, eu sempre perderia para Amber.

E claro, uma hora depois, Amber postou em suas redes sociais. A foto não mostrava rostos, apenas duas mãos entrelaçadas sob um pôr do sol.

A legenda dizia:

"Quanto tempo vai levar para deixar ir desta vez?"

Tive de admitir que ela sabia manipular homens. Em vez de dizer que amava Emilio, insinuou que terminaria de novo se ele não se esforçasse mais.

Quando voltei a mim, vi um comentário de Emilio abaixo. Simples e curto:

"Nunca."

Sorri, curti a postagem e tirei uma captura de tela. Depois, cambaleei para fora da cama e fui até a clínica que eu havia visitado recentemente.

Desta vez, afirmei:

— Doutor, eu não quero o bebê.

O médico ficou espantado.

— Srta. LeBlanc, tem certeza?

Assenti com um sorriso.

— Tenho. Afinal, o pai da criança não a quer mais.

Após marcar o procedimento, deixei o hospital. Amber enviou outra mensagem. Desta vez, era uma foto de duas passagens de avião. Ela e Emilio iam viajar.

Ao mesmo tempo, Emilio me mandou uma mensagem:

[Amor, vou fazer uma viagem de negócios. Volto logo.]

Sorri. Depois de anos mentindo para Christopher, Emilio conseguia inventar histórias sem piscar. Não respondi a ele, mas respondi a Amber:

[Boa viagem.]

Eles estavam começando a jornada deles juntos, e eu estava pronta para começar a minha.

Voltei para a mansão e comecei a arrumar minhas coisas. Peguei apenas o que era meu e joguei fora tudo que estava ligado ao Emilio, como a escultura de madeira que ele me deu e a primeira medalha de corrida que ele ganhou.

Quando terminei, olhei para a casa vazia, os olhos ardendo. Este lugar havia visto nossas risadas, nossa intimidade, e os incontáveis "eu te amo" que trocamos.

Eu não voltaria mais ali.