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Capítulo 6

Autor: Linda primavera
Ela originalmente não queria se envolver com Mayra, mas como estava sentada atrás delas há pouco, ouviu Mayra contando com ar de superioridade para as amigas que, no dia em que Ibsen e Inês foram experimentar vestidos de noiva, ele a levou junto. Não só permitiu que ela também experimentasse vestidos, como ainda teria empurrado Inês por Mayra.

Ao se lembrar do silêncio de Inês naquele dia e do inchaço avermelhado no tornozelo dela, Benícia entendeu tudo imediatamente.

Ela não tinha a mesma paciência que Inês, dar apenas dois tapas em Mayra era até pouco.

O rosto de Ibsen ficou sombrio:

— Isso é um assunto entre mim e Inês, não é da sua conta.

Enquanto falava, seu olhar frio se fixou em Inês, que acabara de se aproximar de Benícia, e o desprezo em seus olhos era evidente.

— Achei que, se te desse alguns dias, você se acalmaria, mas não esperava que você incentivasse Benícia a arrumar confusão com Mayra.

O rosto de Inês empalideceu:

— Você acha mesmo que fui eu que contei para Benícia o que aconteceu na loja de vestidos naquele dia?

— E o que mais poderia ser? Como Benícia saberia, se não fosse você? Uma mulher venenosa como você, não é de se admirar que tenha sido expulsa da Família Alves. O que mais me arrependo na vida é de ter me apaixonado por você!

O corpo de Inês vacilou, ela deu dois passos para trás, quase caindo, como se pudesse desabar a qualquer momento.

Oito anos atrás, quando ele lhe declarou seu amor, disse que o maior golpe de sorte da vida era tê-la conhecido.

Oito anos depois, por causa de outra mulher, ele dizia que o maior arrependimento era ter se apaixonado por ela.

Esse era o homem que ela amou por oito anos, com quem pretendia passar a vida inteira.

O rosto de Benícia mudou, ela rapidamente avançou e deu um tapa em Ibsen.

— Ibsen, você perdeu completamente a noção? Como tem coragem de dizer uma coisa dessas?!

Se não fosse por estar com ele, Inês jamais teria sido expulsa da Família Alves.

E agora, por causa de uma amante sem vergonha, ele dizia aquilo para Inês? Qual a diferença disso para enfiar uma faca em seu coração?

Após dizer aquilo por impulso, Ibsen também se arrependeu um pouco, sentindo certo remorso.

Instintivamente olhou para Inês, que estava atrás de Benícia, de cabeça baixa, o rosto oculto.

Mayra, ao lado, percebeu a mudança no humor dele, seus olhos brilharam, e de repente avançou para esbofetear Benícia.

Benícia treinava sanda. Mayra não era páreo para ela e foi derrotada novamente.

Ibsen tentou separar as duas, mas não conseguiu, pelo contrário, acabou com vários arranhões no rosto, em uma cena vergonhosa.

O ambiente ficou caótico até que os funcionários intervieram e conseguiram separá-las.

Benícia saiu praticamente ilesa, mas Mayra ficou com o cabelo todo desgrenhado, as bochechas visivelmente inchadas, parecendo muito infeliz.

Ela olhou para Ibsen, esperando consolo.

— Sr. Serpa...

Mas Ibsen a ignorou, seu olhar pousou em Inês, que permanecia imóvel, com o rosto sombrio.

Inês não olhou para ele, forçou um sorriso para Benícia:

— Benícia, vamos embora, não quero mais ficar aqui.

Ao ver o rosto dela tão pálido, Benícia sentiu o coração apertado.

— Está bem.

Foi até Inês, segurou sua mão gelada e a levou para fora.

No caminho de volta, Inês ficou olhando pela janela, sem expressão, absorta em seus pensamentos.

Benícia quis falar várias vezes, mas acabou se contendo.

Só quando o carro parou em frente ao prédio de Inês, ela finalmente falou:

— Inês... desculpa por hoje, se eu não tivesse sido impulsiva, nada disso teria acontecido...

Inês virou-se para ela:

— Não tem nada a ver com você. Hoje estou um pouco cansada, não vou te convidar para subir, cuide-se no caminho.

— Inês... não me assuste, eu fico preocupada vendo você assim.

Ao ver a preocupação nos olhos de Benícia, Inês tentou sorrir, mas não conseguiu, limitando-se a balançar a cabeça.

— Estou bem, só preciso dormir um pouco. Vai para casa, não precisa se preocupar comigo.

Dizendo isso, abriu a porta do carro e desceu.

Só depois de ver Benícia partir, Inês se virou e entrou no prédio.

Ao chegar em casa, ficou sentada no sofá por um longo tempo.

Só quando ouviu a porta se abrir, ergueu os olhos, rígida.

Ibsen entrou, a luz sobre sua cabeça delineando seu belo rosto, ainda tão atraente, mas para Inês, agora, tudo parecia estranho.

Ela baixou o olhar, apertando levemente as mãos ao lado do corpo.

Ibsen sentou-se à sua frente. Por um momento, ninguém disse nada, o silêncio era tal que se podia ouvir uma agulha cair ao chão.

Não se sabe quanto tempo passou até que Ibsen finalmente falou:

— Inês, o que eu disse no restaurante hoje não foi de coração, não leve a sério.

Inês arqueou os lábios num sorriso irônico. Não foi de coração, ou finalmente disse o que realmente sentia?

Talvez, só ele mesmo soubesse.

A essa altura, ela já não sabia mais o que era verdade ou mentira.

Vendo que Inês não respondia, Ibsen franziu a testa, prestes a falar, quando o celular tocou abruptamente, era Mayra.

Hesitou por um instante, mas atendeu.

Do outro lado, não se sabia o que foi dito, e Ibsen respondeu com uma expressão séria:

— Estou indo agora.

Após desligar, viu que Inês o observava. Ibsen pressionou os lábios:

— Mayra sofreu um acidente de carro, preciso ir até lá.

O canto da boca de Inês se curvou num sorriso de escárnio:

— Sofreu um acidente e ainda teve forças para te ligar? Deve ter sido difícil para ela.

Ibsen franziu o cenho, mas ao se lembrar do que dissera no restaurante, conteve a raiva e falou com paciência:

— Inês, não faz sentido discutir detalhes assim.

Inês achou graça. Seu noivo a deixava por causa das mentiras grosseiras de outra mulher e ainda lhe pedia para não se apegar a detalhes.

Quando ele se levantou para sair, a voz de Inês soou atrás dele.

— Ibsen, se você ficar, eu te perdoo.

Ibsen parou, o rosto ficou rígido.

Virou-se para Inês e disse em tom grave:

— Sei que você está magoada pelo que aconteceu hoje, mas acidente de carro é coisa séria, pode ser grave, será que você não pode...

Antes que terminasse, Inês o interrompeu calmamente.

— Entendi, pode ir, estava só brincando.

Ibsen achou estranho o comportamento dela naquela noite, sentiu uma inquietação desconhecida.

— Quando eu voltar, conversamos novamente sobre a data do casamento.

Estas palavras eram um consolo, uma tentativa de ceder, mas Inês, pela primeira vez, não respondeu.

— Pode ir, cuide dos seus assuntos.

Lembrando dos gritos de dor de Mayra ao telefone, Ibsen não insistiu mais e saiu rapidamente.

A porta abriu e fechou, e o silêncio voltou à sala.

Inês se levantou e caminhou lentamente até o quarto, parando diante da penteadeira. Abriu a caixa de joias e, sem expressão, pegou um colar de diamantes e o jogou fora.

Esse era o presente mais caro que Ibsen já lhe dera, mas o motivo pelo qual ela tanto estimava aquele colar não era o preço, e sim porque ele salvara a vida de Ibsen.

Na época, Ibsen, voltando de uma viagem de negócios, viu o colar por acaso e quis comprá-lo para ela.

Mas ele não tinha dinheiro suficiente na hora, a transferência internacional demorou, e ele perdeu o voo de volta ao país.

Aquele avião acabou sofrendo um acidente, todos os passageiros e tripulantes morreram.

Inês sempre foi grata por ele ter visto aquele colar, se não fosse por isso, teria perdido Ibsen para sempre.

Mas, desde que Mayra apareceu, todo o amor de Inês tornou-se uma piada.

Agora, a caixa de joias continha apenas um anel de diamante de aparência rústica.

Esse anel foi feito por Ibsen à mão no primeiro ano de namoro. Quando ele lhe entregou, o que chamou a atenção de Inês não foi a pedra, mas as mãos dele, cheias de feridas de tanto polir o anel.

Ao colocar o anel em seu dedo, Ibsen prometeu que um dia trocaria por outro maior e mais bonito. Ela respondeu que não trocaria por nada, só queria aquele.

Depois, soube que ele passou dois meses entregando comida para comprar o pequeno diamante e que ele mesmo fez a armação do anel...

Ao ouvir tudo, Inês disse que ele era tolo, chorou e riu ao mesmo tempo, cheia de um sentimento agridoce.

Mas agora, pensando bem, a tola era ela.

Ela pegou o anel e o colocou lentamente no dedo anelar.

O anel, que antes era do tamanho perfeito, agora estava grande demais para seu dedo.

Inês tirou o anel, ficou olhando para ele por muito tempo, até sentir os olhos arderem, e então o colocou de volta na caixa.

Dar-lhe mais uma chance... Desta vez, seria realmente a última.
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