Gabriel ficou em silêncio por um longo tempo. Filippo, com paciência, voltou a aconselhá-lo: — Leonidas é um homem de negócios, alguém que sempre levou uma vida limpa, longe dessas disputas violentas. Mesmo que você coloque seguranças ao lado deles, não pode protegê-los o tempo todo. Você já viu com seus próprios olhos, Gabriel: nessa disputa entre você e Zuriel, quem mais sofre é a família Almeida. Os olhos negros de Gabriel, profundos como um abismo, pareciam vazios. Sua garganta se apertou, e o vermelho em torno de suas pálpebras denunciava o turbilhão de emoções que ele tentava conter. — Vovô, você acha mesmo que, se eu terminar com a Helena, o Zuriel vai acreditar? — Por isso você precisa terminar de verdade. Não pode ser uma encenação. Helena é ingênua, não sabe mentir nem fingir. Se você disser a ela que é um rompimento falso, ela vai acabar se entregando. Gabriel, precisa fazer de forma definitiva. Corte todos os laços. Havia dor nos olhos de Gabriel. — Eu prometi
Na Mansão Costa. A televisão na sala de estar do primeiro andar exibia o noticiário ao vivo. — Esta tarde, um grave acidente de trânsito aconteceu no Bairro Belvedere. Agora vamos ao vivo com o repórter no local para mais informações. — Boa tarde, telespectadores. São exatamente quatro e quinze da tarde. Estou aqui na rodovia estadual no Bairro Belvedere, onde às três e quarenta da tarde um cidadão ligou para relatar um grave acidente de trânsito. Como vocês podem ver, um carro colidiu contra a mureta de proteção à direita da estrada, ficando completamente destruído. O motorista está gravemente ferido e inconsciente, e já foi levado ao hospital. Além disso, mais atrás, no lado esquerdo da estrada, outra mureta também foi danificada. Pelas marcas no local, parece que um veículo ultrapassou a proteção e caiu no barranco. Equipes de resgate estão atuando neste momento... Filippo estava sentado no sofá, com as sobrancelhas franzidas, fixando o olhar na tela da televisão sem piscar.
Helena se encolheu no banco do carro, tremendo de medo. O corpo inteiro estava frágil, e sua respiração era rápida e superficial. Ela acabara de escapar da morte mais uma vez. Naquele instante, ela sentiu com clareza a intenção assassina de Zuriel. Zuriel ousava usar armas em pleno País H, sem qualquer receio. Ele era, de fato, um lunático completo! Gabriel, diante da situação emergencial, manteve-se incrivelmente calmo e focado. — Eles estavam preparados. — A voz dele era grave, as palavras saíam rápidas. — Helena, fique abaixada e não se mexa. Ele sabia que havia subestimado a ameaça. Achou que tinha conseguido despistar os perseguidores, mas eles acabaram alcançando o carro. Ao lembrar que Helena quase foi atingida por uma bala, Gabriel franziu a testa. Seus olhos ficaram sombrios e carregados com uma fúria contida. Ele aumentou ainda mais a velocidade do Bugatti, movendo o volante com precisão. O carro serpenteava pela estrada, mudando de faixa com agilidade, desviand
O silêncio dentro do carro se estendeu, pesado e desconfortável. A calefação fazia o ar parecer abafado. Gabriel puxou a gravata, afrouxando-a, e abaixou parcialmente o vidro da janela. O vento frio entrou no veículo, trazendo um alívio imediato. Helena, hesitante, finalmente quebrou o silêncio: — Você ouviu o que meu pai disse agora há pouco, e eu... Antes que pudesse terminar a frase, Gabriel pisou fundo no acelerador. O movimento brusco fez o corpo de Helena ser jogado para frente inesperadamente. As palavras que estavam na ponta da língua ficaram presas em sua garganta. Ela respirou fundo, mordeu os lábios e silenciosamente colocou o cinto de segurança. Gabriel dirigia rápido, deixando claro que estava com os ânimos exaltados. Helena, sentada no banco do carona, estava apreensiva, com o coração acelerado. ... Os seguranças que seguiam o carro em outro veículo levaram um susto quando perceberam que o Bugatti desaparecera de vista. — Que droga! Cadê o carro do sen
Helena estreitou os olhos, seu olhar ficou sombrio. — Zuriel é esperto. Ele nunca seria tão idiota a ponto de se envolver diretamente. Gabriel voltou o olhar para Leonidas, deitado na cama hospitalar, e disse com um tom levemente pesaroso: — Me desculpe, tio Leonidas. Isso tudo começou por minha causa e acabou envolvendo o senhor. Leonidas estava pálido, com um semblante frágil e doentio. — Ah, Gabriel... — Ele suspirou profundamente. — Helena já me explicou tudo. A família Costa tem tanto poder assim e mesmo assim não consegue lidar com esse tal de Zuriel? Vocês vão só assistir ele machucar pessoas inocentes? — Me desculpe. Por enquanto, tudo o que temos são suspeitas de que ele está por trás disso, mas não há provas concretas. Sem elas, a polícia não pode nos ajudar. Leonidas franziu o cenho e soltou outra pergunta: — Gabriel, às vezes não dá para jogar limpo. Se o outro lado usa golpes baixos e truques sujos, você precisa ser ainda mais astuto para derrotá-lo. Você n
No corredor do hospital, do lado de fora da sala de emergência, Fernanda enxugava as lágrimas sem parar, os olhos estavam completamente vermelhos de tanto chorar. — Tia Fernanda, o que aconteceu com meu pai? — Helena perguntou, com o rosto cheio de preocupação. Fernanda, enquanto chorava, tentou explicar: — Seu pai disse que ia até a escada fumar um cigarro. Eu vi que ele estava demorando e fui até lá para ver o que tinha acontecido. Quando abri a porta de emergência, vi ele caído no chão, inconsciente, com uma poça de sangue sob a cabeça... Fernanda começou a soluçar mais alto. — Como isso foi acontecer... — Helena murmurou, o olhar perdido, quase vazio. — Helena, seu pai só foi fumar um cigarro! Como ele pôde cair assim? Ele não está velho a ponto de tropeçar ou enxergar mal... — Fernanda disse, com o tom carregado de incredulidade. As palavras de Fernanda atingiram Helena como um balde de água fria. Era Zuriel! Só podia ser Zuriel! Aquele lunático não conseguia atin