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Capítulo 2

Author: Grande Cabeça Atum
Ruben havia ido embora e não tinha dado nenhuma notícia. Eu o esperei do dia até a noite, mas ele não voltou.

A fome tornou-se insuportável, e, mesmo me sentindo fraca, fui até a cozinha para preparar algo para comer.

No fogão havia uma panela, que abri instintivamente para dar uma olhada. Claro, era apenas canja. Restavam alguns pedaços de carne de segunda, como pescoço e pés de galinha. As melhores partes do frango haviam sido levadas por Ruben, nem um pedaço tinha sobrado.

Parei por dois segundos, depois ri sozinha, sem saber exatamente o que ainda estava esperando.

Com um pouco de água, cozinhei um pouco de macarrão e adicionei molho de tomate.

Foi nesse momento que Ruben voltou. Ele me viu saindo da cozinha, cambaleando, com uma tigela de macarrão nas mãos, e franziu levemente as sobrancelhas.

— Você está grávida e come só isso? Como isso pode ser nutritivo? — Disse ele, aproximando-se e me ajudando a sentar na mesa de jantar, puxando gentilmente a cadeira para mim.

Olhei para ele, surpresa, mas acabei sentando. Comi dois bocados e larguei o garfo.

— Não tenho o privilégio de alguém cozinhar para mim. Só me resta improvisar um macarrão qualquer. — Falei.

Ruben pareceu constrangido por um instante. Ele tossiu de leve, desviando o olhar.

— Se você não tivesse me irritado tanto hoje com suas palavras, eu não teria esquecido disso. E, além do mais, deixei um pouco de carne de frango para você. Está grávida, não seja exigente. Qualquer carne já serve! — Comentou ele, num tom que misturava justificativa e reclamação.

Ele continuou falando sem parar, como se quisesse se defender. Minha cabeça começou a latejar, e meu rosto ficou ainda mais pálido.

— Você pode calar a boca? Esqueceu que só o cheiro de canja me faz querer vomitar? Como eu poderia comer isso? — Respondi, irritada.

Ruben ia começar a gritar, mas parou de repente. Sua expressão ficou um tanto cômica, como se tivesse acabado de se lembrar do detalhe que eu mencionei.

— Eu... eu... É que hoje estive tão ocupado cuidando da Yona que acabei esquecendo disso. Ela disse que queria tomar canja, então, claro, tive que priorizar a necessidade de quem está doente. — Ele começou a falar com mais confiança, mudando o tom para um sarcasmo evidente. — Além disso, você tem mãos e pés, não está doente. Só tirou um pouco de sangue, não precisa fingir que está à beira da morte.

As palavras dele me atingiram como uma pedra. Meu peito ficou apertado.

Yona... Sempre Yona. Para Ruben, mesmo eu carregando o filho da família Chico, parecia que nenhum de nós dois era tão importante quanto Yona.

Lembrei-me de quando me casei com Ruben. Todos diziam que eu não era boa o suficiente para ele e que Yona era a escolha perfeita. Até Yona, pelas minhas costas, usou meu nome para convidar Ruben a sair.

No começo, Ruben sempre me contava sobre esses convites. Mas, com o tempo, ele mudou. Nunca mais mencionou quando Yona o chamava para sair.

Agora eu entendia. Talvez, no dia em que ele parou de me contar, seu coração já tivesse começado a vacilar entre mim e Yona.

Ruben me observava em silêncio, aparentemente confuso com minha expressão distante. Ele não conseguiu se conter e falou:

— Tudo bem, meu amor. Eu sei que você está cansada, grávida e ainda assim doou sangue. Deixa que eu te ajudo a comer. — Disse ele, pegando o garfo com um pouco de macarrão e aproximando-o da minha boca, como se quisesse me agradar.

Foi nesse instante que um aroma suave invadiu meu nariz, vindo da manga da camisa dele. Era o perfume da Yona.

Um enjoo tomou conta de mim imediatamente. Não consegui mais me segurar e corri para o banheiro, onde vomitei tudo o que havia comido.

Quando finalmente me recuperei, levantei a cabeça e encarei o espelho. Meu reflexo mostrava um rosto pálido e cansado, enquanto Ruben, parado atrás de mim, parecia perdido, sem saber o que fazer.

Ele segurou meu braço gentilmente e perguntou com preocupação:

— Querida, o que aconteceu? Quer que eu te leve ao hospital para fazer um exame?

Afastei sua mão com força e respondi friamente:

— Não precisa. Só fique longe de mim!

O rosto de Ruben, que antes parecia conciliador, ficou sombrio. Ele esperou eu voltar para o quarto antes de murmurar:

— Você é mesmo ingrata. Só queria te ajudar, mas tem que agir como se estivesse morrendo!
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